Por José Mendes Pereira
“[…] Não vivo a vida do cangaço por maldade minha. É pela maldade dos outros. Dos homens que não têm a coragem de lutar corpo a corpo como eu, e vão matando a gente na sombra, nas tocaias covardes. Tenho que vingar a morte dos meus pais. Era menino quando os mataram. Bebi o sangue que jorrava da pele de minha mãe, e beijando-lhe a boca fria e morta, jurei vingá-la. É por isso, que de rifle às costas, cruzando as estradas do sertão, deixo um rastro sangrento à procura dos assassinos de meus pais. É por isso que eu sou cangaceiro. Não sei quando hei de deixar os horrores desta vida, onde o maior encanto, a maior beleza seria extinguir a maldade daqueles que roubaram a vida de minha mãe e de meu pai e de minhas irmãs. […]”
(Lampião).
Virgolino Ferreira da Silva o Lampião disse que era menino quando mataram os seus pais, mas quando eles faleceram, ele já estava com 22 anos.
Quando se fala "menino", já aparece uma porção de pessoas para o proteger, e creio que ele disse que na época da morte dos seus pais ainda era menino, justamente para que todos tivessem piedade dele e ficassem do seu lado. Mas na verdade, só o seu pai José Ferreira da Silva (Santos) foi assassinado.
Sua Mãe Maria Sulena da Purificação (Lopes) faleceu (de infarto) devido o problema da família com seu vizinho Zé Saturnino, ou o problema de Zé Saturnino com a família, e também, devido a falta de consideração do fazendeiro com o seu esposo. Ela não resistindo as brigas, ficou decepcionada e veio a óbito.
Em ele dizer que mataram os seus pais, que somente o Zé Ferreira foi assassinado, acho que ele acusou também a morte da mãe para ganhar proteção por todos os nordestinos.
Lampião estava mais do que certo. Querer vingar a morte dos pais, mesmo que tenha sido apenas assassinado o Zé Ferreira, suas lamentações, qualquer um de nós faria a mesma coisa.
Quando ele fala que roubaram também a vida das suas irmãs, acho que ele se refere à falta de tranquilidade que antes elas tinham, permanência em um só lugar, do que a família viver com os cacarecos na cabeça, hoje aqui, amanhã ali, e assim, vivia a família de Lampião.
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