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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

CANGAÇO EM CASTELO DO PIAUÍ: O CANGACEIRO QUE SE ESCONDIA NA FURNA DAS BROTAS

 Por Augusto Júnior Vasconcelos

https://blog-carlossoares.tumblr.com/post/155524409453/desenhos-cangaceiro-e-cavalo-de-pau-nankin

Os cangaceiros foram homens do Sertão que cansados da vida dura, da opressão dos coronéis e do governo, viveram à margem das leis, fazendo as suas próprias, a chamada lei do cangaço.

Originalmente eram, sertanejos, vaqueiros e jagunços de coronéis, mas por alguma insatisfação se debandaram para o cangaço.

O cangaço teve sua origem no final do século XVIII com José Gomes, vulgo Cabeleira e o mais famoso deles foi Virgulino Ferreira da Silva “O Lampião” que para muitos era um bandido e para outros, herói.

O término do cangaço ocorreu na época da Era Vargas e pouco se sabe sobre histórias de cangaceiros no estado do Piauí. Por ser uma região limítrofe com outro estado, em Castelo do Piauí os cangaceiros passavam porque a região era corredor migratório entre o Ceará e o Maranhão e também por ser lugar de vegetação semiárida, onde esses bravos e destemidos homens costumavam se esconder.

Uma das primeiras descrições abrangentes sobre a Vila de Marvão (atual Castelo do Piauí) em relação ao banditismo foi escrita em documento pelo ouvidor da Capitania do Piauí, Antônio de Moraes Durão, que disse:

“Esta Vila de Marvão é a pior de toda a Capitania porque se acha no sítio mais seco e fúnebre da mesma. Tem únicas três casas ou moradores, para melhor dizer, pois ainda que aquelas sejam mais, não tem inquilino algum. O vigário, o juiz, o escrivão e o pior é que nem esperança deixa desses aumentos por lhe faltarem todos os princípios condizentes para os mesmos”.

No texto Durão comenta principalmente o problema do incontrolável banditismo nas regiões limítrofes com o Ceará, o que pode caracterizar o começo do Cangaço.

Mais recentemente na década de 1930 a localidade Brotas que dista 12 km da sede do município de Castelo do Piauí, uma furna como dizem os populares se referindo a cavernas, serviu de abrigo e moradia para um cangaceiro de nome Joaquim Francisco.

O cangaceiro Joaquim Francisco

Sua origem é desconhecida, sabe-se apenas que ele desertou de um grupo que passou por aqui e teria ficado na região das Brotas. Contam alguns moradores mais antigos do lugar que o cangaceiro usava uma das furnas da localidade para se esconder da polícia e que no local existia um tesouro.

Seria parte dos roubos que o cangaceiro guardava?

Certo dia, tudo transcorria como de costume, Joaquim fez seu café usando rapadura para adoçar a bebida. O silêncio era total, quebrado de vez em quando pelo vento e canto das aves que ecoava ao longe.

A hora do almoço se aproximava e sentado tranquilo no interior da furna, Joaquim assava um pedaço de carne seca em uma trempe montada próximo dele que parecia está supimpa, quando de repente foi surpreendido por uma guarnição da polícia.

O ataque surpresa foi oriundo de dias de observação dos passos do cangaceiro, que alvejado pelas costas, caiu morto ali mesmo.

O cangaceiro morreu sem sequer ter tempo para alguma reação e segundo se ouvia falar em outrora, ele teria sido traído por um companheiro de bando que viu todo o quiprocó escondido no mato e voltou para procurá-lo e ir atrás de parte do roubo que fizeram no Ceará e que Joaquim teria escondido na Vila de Marvão, na região das Brotas quando por aqui passaram fugindo de uma volante.

Vale mencionar também aqui que a Furna das Brotas é um sítio arqueológico que apresenta muitos indícios da presença do homem primitivo em suas paredes rochosas.

Texto: Augusto Júnior Vasconcelos.

Fotos: Juscelino Reis

Foto do cangaceiro meramente ilustrativa retirada da internet.

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