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segunda-feira, 20 de março de 2023

AINDA ME LEMBRO DE COMO ERAM FEITOS OS FOGOS DE ARTIFÍCIOS

 Por José Cícero da Silva

De vez em quando eu aqui acolá ainda lembro, de como eram feitas as coisas e de como se davam aqueles acontecimentos festivos no lugarejo do meu tempo.

E de como as novidades daquele pequeno mundo sertanejo mexiam tanto comigo. Embalando os sentimentos e a imaginação matuta da minha cabeça de vento e de menino.

E eu confesso que aprendia muito... observando tudo aquilo do meu jeito. Sentindo as coisas diretamente no meu íntimo.

Eu passava horas e horas abstraído só admirando o fenômeno da vida se processando o tempo todo diante dos meus olhos...

Vendo, ouvindo e pensando tudo.

Os sons dos besouros e do sino. A música da banda cabaçal sob o campanário e a performance bonita dos pifeiros, a tarde toda dando voltas em torno da capela de Santo Antonio, o padroeiro. A brincadeiras dos meninos, o padre, o sacristão, o entusiasmo povo, a festa do povoado uma vez por ano.

E agora mesmo, me veio ao cérebro a imagem mental de como de fato era feito, por exemplo, os antigos fogos de artifício confeccionados pelas mãos ágeis e calejadas de tantos janeiros do velho artesão fogueteiro. Um homem admirável pelo fato de conseguir chegar com seus inventos perto de Deus. Fazendo assim a lá ligação do mundo com os céus.

Era uma invenção sem par. Um rolete fino de taboca ou de bambu. Uma talisca de palmeira, palha de coqueiro ou de milho, alguns talos secos do pendão da flor dos pés de melão de São Francisco tirado no monturo do oitão de caso ou no tabuleiro.

Tudo era devidamente amarrado com capricho, fazendo uso de cordão de caruá ou de algodão fiado no fuso de pau. Pólvora no canudo, tapado com sabão fresco ou mesmo com lama fina de argila ou barro molhado da levada.

E era uma alegria sem tamanho, nas noite de novenas e na festa do danto padroeiro... a meninada correndo no amplo terreiro da capelinha daquele lugarejo perdido no oco do mundo... A gurizada indo e voltando buscando recolher os restos dos fogos usados pelo fogueteiro. Cheiro gostoso de pólvora e cordão queimado, além da explosão a ribombear no céu do mundo chamando a matutagem da ribeira e os anjos de Deus para os festejos.

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