Por José Mendes Pereira
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sábado, 23 de novembro de 2024
A FALTA DE POSTAGENS...
A FALTA DE POSTAGENS...
Por José Mendes Pereira
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
ENGANARAM O CANGACEIRO LAMPIÃO POR PURA COVARDIA.
Por José Mendes Pereira
Eu que estudo cangaço e principalmente a era "lampiônica" não acredito que Lampião seria tão fácil para se mudar os seus ideais, porque, ele mesmo patenteado, jamais abriria mão da sua vida cangaceira, que há alguns anos vivia dela.
Mas quem sabe! Se tivessem tentado reformar o Lampião e o tratado como um cidadão, e ainda o respeitado a partir dali como capitão, e como um novo homem da sociedade, seria possível que nascesse um ser humano honesto, e até mesmo mais compreensivo, e quantas vidas teriam sido salvas, já que a raposa do sertão tinha deixado a vida de crimes?
Mas o que fizeram? Prepararam uma patente sem filiação a nada. Novamente traíram o jovem rapaz que tinha apenas 28 anos de idade, na época.
Para que o leitor entenda que esta foi uma grande invenção e humilhante contra Lampião, é que, para ser capitão do exército brasileiro, o sujeito primeiro tem que passar por estas "11" graduações:
GRADUAÇÕES:
1 - soldado de
2ª. classe.
2
- soldado de 1ª. classe.
3 - Cabo.
4 - 3º.
sargento,
5
- 2º. Sargento.
6 - 1º.
Sargento.
7
- Suboficial.
8
- Cadete.
9
- Aspirante a oficial.
10 - 2°.
Tenente
11 - 1°.
Tenente.
12 - Capitão.
Todas estas 11 primeiras graduações no exército brasileiro, são para poder o militar chegar a ser Capitão do Exército. Lampião foi direto para capitão.
Quando o capitão Lampião chegou em sua terra natal, Pernambuco, as autoridades policiais não aceitaram a sua patente de capitão. E o que fizeram? começaram a persegui-lo, como um simples marginal.
Se ele tivesse se revoltado pela tamanha covardia, sobre a patente sem nenhuma filiação com o exército brasileiro, e tivesse se revoltado, e em seguida, voltado ao Ceará, para cobrar daqueles que em Juazeiro do Norte (a cidade não tinha nada a ver com isso), no meio da covardia das pessoas importantes de lá, mesmo sabendo que a patente de capitão do exército dada a Lampião não tinha nenhum valor, a surra e o seu punhal teriam trabalhados bastantes, obrigando "falsos nêgos" dançarem na peia, mesmo sem saberem dançar.
Eu não entendo porque o amigo Lampião não percebeu que a esmola ofertada era tão grande
para ele. Nunca foi nem soldado, e pulou do nada para 11 patentes, passando logo para
capitão do exército! Bastante incrível!
"O que escrevi,
não tem nenhum valor para a literatura lampiônica.
São apenas as minhas inquietações, assim dizia o saudoso escritor Alcino Alves Costa".
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O DIA DA PATENTE DE LAMPIÃO A CAPITÃO EM JUAZEIRO CE.
Por Na Rota do Cangaço
A PATENTE DE CAPITÃO
Por Aderbal Nogueira
LAMPIÃO E SUA FALSA PATENTE DE CAPITÃO
EXPEDITO SELEIRO
É beleza que
tá no DNA, viu?! A riqueza de detalhes guarda nossa identidade nordestina e
conta muita história costurada em couro colorido.
Elas são o
xodó de vocês e a transformação de toda uma história. Quem diria que uma sandália
de couro mudaria toda uma caminhada?
Das selas
paras as sandálias, das sandálias para o mundo inteiro.
#espeditoseleiro
#sandaliadecouro
#arteemcouro
#mestredacultura
#cariri
#novaolinda
https://draft.blogger.com/blog/post/edit/1718124674750994237/4781694383441552472
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SERRA TALHADA DE LAMPIÃO.
Por Anildomá Willans
Sítio Passagem das Pedras - Serra Talhada - PE.
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quinta-feira, 21 de novembro de 2024
LEYDE E LAURA
Sertanejo Raiz.
O CANGACEIRO PATURI
O autor deste trabalho, nomeado apenas por vigário de Tacaratu de 1942 a 1945, percorrendo aquela região toda, de Itacuruba ao vale do Ipanema, das caatingas do Navio e Moxotó às ribeirinhas cidades de Piranhas, Pão de Açúcar, Traipu e Própria, dos vastos sertões baianos, a começar de Juazeiro, passando por Curaçá, Chorrochó, Jeremoabo e Glória, ao pequeno sertão sergipano — não encontrou outra opinião senão esta: — "Lampião morreu envenenado!"
Um testemunho de máxima importância no ato supremo da Tragédia de Angico.
Suficiente por
si só, caso não bastasse os outros, que urdiram o texto deste capítulo, o mais
intrincado e difícil de escrever, e os vinte e um argumentos anteriores em prol
do envenenamento (Adendo II).
Os cangaceiros do coito sobreviventes, distantes do local onde tombaram as
vítimas, na surpresa e confusão do momento, quase nada sabem dizer.
Conseguiu o autor anotar o depoimento, abaixo fielmente trasladado, mediante
compromisso de não comprometer o declarante. Agora, trinta anos depois, com a
prescrição legal, quase tudo pode ser revelado.
Do padre Magalhães, vigário de Geremoabo, esta declaração pessoal ao autor: —
"Posso afirmar ex-fide que Lampião morreu envenenado".
Ex-fide, expressão jurídico-canônica ajuramentaria, como se dissesse:
"Juro diante de Deus", diferente do sentido jurídico-civil, que é
apenas atestatório.
O mesmo pode dizer o autor a respeito do presente depoimento. As circunstâncias
de ordem psicológica e sacramentai conferem ao depoimento valor incontestável,
dir-se-ia absoluto, e invalidam o princípio jurídico do testis unius. Tão
impressionante depoimento tornou-se o ponto de partida determinante do
interesse das pesquisas do autor sobre Lampião.
O sono de Lampião
Lampião nunca dormia com o grupo. Desconfiado por natureza, ficava separado, sozinho. Um dos cabras de sua inteira confiança, muitas vezes escolhido na hora, chamado por ele de "sentinela-do-sono", lhe montava guarda. Perigos de fora e, pior ainda, de dentro havia, se se oferecesse fácil ocasião. Espreitavam-lhe a ambição de lhe tomar a chefia geral do cangaço, a glória de ser seu matador, o prêmio de... contos de réis oferecido por sua cabeça... Numa comunidade humana tudo pode acontecer. A vigilância teria de ser "eterna".
Aliás, o bando não dormia todo junto, não. Por ordem tática de Lampião, formavam-se grupos de dois ou três, espalhados, não longe uns dos outros. Assim, difícil o aniquilamento sob um ataque de surpresa. Em desde Maria Bonita, quando o cangaço foi aberto às mulheres, essas normas se tornaram mais severas, principalmente quanto aos casais. Nenhuma promiscuidade. A moral era rigorosíssima.
O começo
Quando ele se apresentou era moço ainda, mas de cenho fechado no a pardavasco da pele e com ar de espanto. No antes, porém, era "menino saído". De família humilde, mas honrada, vivendo dos roçados e de umas poucas de criações, além da vaquinha amojada com bezerrinho, e do cavalo de fazer feira. Os irmãos, antes e depois dele, não vingaram sequer um mês. Apenas lhe fazia par a irmãzinha, mais nova do que ele, então na adolescência. Um dia, desses que surgem repetindo a mesma história, um triste acontecido virou o juízo e a pacatez do moço. Na ocasião em que a menina se achava sozinha em casa, veio, sorrateiro, um tarado soldado da polícia e bilou com ela, à força. Acobertado pela farda e pela justiça, nem um padre-nosso teve de penitência, continuando nas suas funções e maldades. Pouco depois, o irmão vingava a honra da família, esfaqueando o miserável cujo nos braços de u'a mulher separada. Agora sim, a justiça enxergou e descobriu o criminoso — ele! E dos piores, porque matara uma "autoridade"! Caçado pela polícia, foi recebido por Lampião, que lhe trocou o nome por um de guerra — "PATURI", a fim de evitar perseguições à sua família e forjou-o cangaceiro de sua confiança.
O relato
Eis o seu depoimento, aliás, muito cru, tomado naqueles idos de 1942, quatro anos da morte de Lampião fazendo. Foram eliminadas repetições inúteis e difressões supérfluas. O linguajar, fonético e sintático, corrigido, deixa, entretanto, transparecer, raramente entre aspas, palavras e expressões comuns no sertão.
Pausadamente e, por vezes, angustiado assim falou:
"Naquela
derradeira noite do Capitão, eu fui escolhido para
sentinela-do-sono. Tarde da noite, o Capitão e Maria Bonita, que estavam
nas melodias, assopraram o candeeiro para dormir. Noite fria, serenando,
estiando, serenando, assim...
Quando foi de madrugada, ainda escuro, Maria Bonita saiu da barraca, acendeu o fogo para ferver água na panela de barro. Botou dentro pó de café e pequenos tacos de rapadura. Logo o Capitão apareceu, de manga de camisa, escovando os dentes, de junto de uma pedra grande defronte da barraca. Alguns cangaceiros foram se achegando, sem armas, caneco na mão, para o café ali fumaçando. Devia começar primeiro pelo Capitão, era o chefe. Ele encheu o caneco e bebeu ligeiro, sem carne assada e farinha, sem nada, puro. Adespois os outros foram fazendo o mesmo. A gente tinha de viajar logo.
A hora do
café...
De repente, o Capitão soltou o caneco no chão. Parece que sentiu gastura, porque passou a mão rodando pela barriga. Deu uns passos largos, sem prumo e caiu na rede ainda armada na barraca. Deitou só o corpo, as pernas caídas do lado de fora. Eu ajutorando Maria Bonita a juntar os troços, que a gente ia sair cedo, vi tudo. Ela se queixava de dor de cabeça e os beiços queimando. Dizia que foi adepois que 'exprementou' o café para ver se estava bom de doce, um tiquinho de nada molhado e 'ponido' na palma da mão para lamber. Aí, eu avisei a Maria Bonita. Ela, deixando a bacia, correu para ver. Eu corri também. Chegou logo Luís Pedro e Vila Nova.
Num instante, o Capitão virou a bola do olho para riba, ficando só o branco, e
abriu a boca. Uma gosma suja, com escuma, saía escorrendo do canto da boca.
Luís Pedro olhou o pulso e o coração e disse: — 'Tá morto!' Chorando, ele tapou
com as mãos os olhos do Capitão e apanhou o chapéu dele. Aí eu disse: — 'É
veneno!' Maria Bonita, aperriada, sacudiu a cabeça dele e os ombros. E ele sem
ação, morto de mesmo. Tive, na hora, o maior desgosto de minha vida, os olhos
chorando. Maria Bonita, coitadinha!, toda agitada e desesperada, gritou: —
'Virgulino morreu!' Eu gritei repetido: — 'O Capitão morreu! O Capitão morreu!'
"É aí que a história bate com Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico, do escritor
Alcino Alves da Costa, que insiste em dizer que lá na Grota de Angico, o ataque aos bandidos foi totalmente diferente"
Mergulhão, que estava deitado no pé da caraibeira, levantou-se todo espantado e
perguntou alto: — 'O Capitão morreu?' Aí eu vi logo cangaceiros cair ali, de
todo jeito, para frente, para trás, para os lados, de dejunto da panela de
café. Maginei comigo mesmo: — 'O veneno era forte que era
danado!'
Eu acho que algum macaco da volante emboscada, com os gritos e os mexidos no
coito, passou fogo em Amoroso. Ele tinha ido ver água talvez para o Capitão
banhar o rosto. E quaje igual, outro tiro, que pegou Mergulhão. Atrás veio logo
uma trovoada de bala! Aquele despotismo que nem deu tempo mais de pensar! Aí
era o causo de se salve quem puder, como diz o outro. Assim de surpresa, bala
para todo lado e naquele cafus, como era que a gente podia tomar posição e
brigar? Aí me soquei dentro de um buraco comprido e baixo, que eu sabia.
"Angico, escrito pelo escritor:
Paulo Medeiros Gastão, também tem a sua opinião, não concordando com que contara alguns depoentes".
Ficava no pé
do morro, 'próximo' da gruta e atrás da barraca do Capitão. O buraco só dava
para caber o corpo apragatado, a barriga no chão, sem poder se virar mais, muito
apertado. Na frente tinha moita de mato tapando. Fiquei aí, os braços incomodados,
não tinha posição para botar eles. Mesmo querendo, eu não podia sair dali. Do
lado de fora era bala por todo canto zinindo. Adespois, as pernas ficaram
'drumentes', moles, bambas só mulambo. Fiquei sem mexer. Mexia só os olhos e o
baticum do coração. O resto estava morto. Vi a hora das balas me pegarem.
Deixa que chegaram a açoitar a moita. Foi Deus e a Santíssima Virgem que me
livraram. Dali de bem de riba, eu fiquei pombeando tudo pela brecha que fiz na
moita. O horror era grande! As balas vinha de magote. Foi torada de bala a
rede do Capitão, que caiu com todo o peso no chão. O pano da coberta da barraca
avoou, ficando só as varas.
Vi Mergulhão
cair. Adespois foi Maria Bonita caindo, as mãos cheias de sangue apertando a
barriga. Luís Pedro deu uns tiros, mais arriou logo. Vila Nova correu. Não deu
tempo de ninguém brigar. Não teve 'loita', não. Possa ser que mais algum cabra
de lá de riba do riacho desse besteira de tiro, sem palpite, à-toa. A gente e o
riacho todinho se acabando na bala. Não posso dizer nem o que foi. Era a
confusão do inferno! Mas, não demorou muito tempo, não. Foi ligeiro,
ligeiro... coisa de meia hora.
Os macacos, qui nem urubus, deram em riba dos cangaceiros caídos, atrás do
saqueio de dinheiro, ouros, jóias, outras coisas mais. Não tinham paciência de
tirar os anéis dos dedos, cortavam logo os dedos.
Sentado numa pedra, o comandante deu a ordem: — 'Cortem as cabeças dos
cangaceiros!' Aí foi um alvoroço, todo o mundo gritando: — 'Cortar as
cabeças!... Cortar as cabeças!...' Não sei como não morri vendo aquele horror!
Parecia um bando de bicho do mato, de feras selvagens, dando gargalhadas e
chamando toda nação de nome feio. Levantavam as cabeças dos mortos, segurando
pelos cabelos, botavam o pescoço escanchado numa pedra — ficava uma coisa feia:
a boca escancarada, os olhos arregalados! — e metiam o facão. Um macaco
furando, furando, de pedacinho, com a ponta da faca no redor do pescoço de um
cabra até separar do corpo. Outro rolou o facão no pescoço e, quando puxou a
cabeça, saiu a guela de dentro do corpo. Foi u'a mangação danada! Nenhuma
cabeça era cortada de uma só vez. Davam mais de um golpe.
Vi uma coisa horrível, que nunca um cangaceiro fez e só bicho faz: os macacos
lamberem o sangue da folha do facão melado! A cabeça cortada era levantada pelo
cabelo e mostrada, todos dando risada de gosto, mangando e dizendo nomes
feios. Tinha cangaceiro meio vivo, mexendo os olhos e falando. Cortaram assim
mesmo a cabeça deles com vida! A sangreira era medonha! Tudo melado: macaco, facão,
pedra, chão, água, roupa, 'tudim'. Eu vi tudo, já era dia claro, de dia.
Naquele meio, veio a ordem do comandante para acabar depressa. Ele estava
sentado numa pedra, o pé amarrado, e muito zangado, acho que era de dor.
Eu tive dó quando um macaco levantou a cabeça de Maria Bonita, dependurada
pelos cabelos compridos. O outro macaco, que tinha o facão na mão, perguntou
meio espantado: — 'Inda tá viva, bandida? Cadê o dinheiro?' Ela respondeu bem
fraquinho: — 'Não tenho, não'. — 'Então, lá vai...' E cortou o pescoço dela com
duas 'facãozadas'. O corpo ficou batendo no chão como de galinha sangrada, e as
pernas se descobrindo. Aí eles arregaçaram a saia dela para espiar o resto e
começaram a bolir com as mãos, dizendo lérias. Tive tanta raiva que veio
vontade de sair e avançar naqueles dois sujeitos safados, desculpe a má palavra.
Abaixo: Lampião. a direita, Luiz Pedro e a esquerda, Maria Binita
Chegou a vez do Capitão. Um macaco conheceu e disse: — 'É o peste do cego!'
Danou uma coronhada de fuzil na cabeça e foi avisar o comandante. O outro ficou
cortando o pescoço do Capitão em riba de uma pedra. Quando acabou, a cabeça
escorregou e rolou pela ladeira da pedra até o chão. Ele pegou ela e levou
para mostrar ao comandante, que ficou cercado de macaco examinando e falando.
Tudo acabado, botaram as cabeças em três sacos, as bocas amarradas num pau.
Sim, botaram, também, um corpo com cabeça dentro de uma rede dependurada
noutro pau. Tudo mode ser carregado, nos ombros de dois. Adespois os macacos
foram se lavar nas poças mais de riba, de água limpa. Começaram a ir
embora. O comandante numa cadeirinha feita dos braços de dois macacos. Levaram
todo o saque. Foram subindo, um atrás do outro, feito formiga, pelo caminho do
alto das Perdidas.
Fiquei ali deitado o dia todo. A cabeça zoava todinha, o corpo doía, quinem
tinha apanhado uma pisa de cacete. Faltei coragem para sair dali. Eu via
macaco pulando até pelos galhos mais altos dos pés-de-pau. Não tinha fome, não.
Mas a sede era de matar, aperriando.
Senti uma agonia doida. Mas, esperei, esperei... O silêncio muito grande. Os
passarinhos assustados não voltaram mais. Fechava os olhos e enterrava a cara
no chão com medo de ver as almas daqueles defuntos aparecerem sem cabeça.
Fiquei tão assombrado que sentia algumas vezes o gume do facão passar no meu
pescoço. Rezei tanto a Nossa Senhora do Desterro que cheguei a suar de pingar.
Tardinha, fui saindo com medo de assombração e de tudo. Caminhava de quatro
pés, não podia ficar de pé causo das pernas feito molambo e tremendo. Eu
queria ficar fora da vista daquele açougue de carne de cristão. Subindo o
riacho cheguei no dependo do alto, os joelhos esfolados. Me aprumei, fui andando,
assim cambaleando, areado, até poder sair correndo, ligeiro ou devagar, a noite
inteirinha, até chegar na casa de meus pais. Tava mais morto do que vivo.
Passei aquele dia deitado tomando tudo o que era de meizinha que minha mãe preparava
e me dava. Comida de panela comi bem pouquinho. De noite, já no outro dia, meu
pai me levou para casa de um tio meu, viúvo, que morava sozinho, lugar mais
seguro, um esquisito. Estou lá este tempo todim, fazendo planta, dando limpa,
xaxando terra nos pés, colhendo legume e capucho de algodão. Também no cuido
das criações. Sem sair pra nenhum lugar. Somente agora saí praqui causo minha
mãe mandou pedir perdão a Deus. Adespois desta conversa eu quero que seu
vigário escute meus pecados na confissão e me comungue na missa".
O fim
Satisfazendo a curiosidade do leitor: Esse moço, que escapara da morte para contar a história, logo depois, feito embarcadiço de um vapor do rio São Francisco, rumou para o Sul, sem documentos, de nome novamente trocado, para começar nova vida.
Nerton Macedo
PATURI - O CANGACEIRO QUE NUNCA EXISTIU
Por Aderbal Nogueira
Padre Frederico Bezerra Maciel e o nó que ele deu na história com a criação do suposto cangaceiro Paturi no evento de Angico. Além disso outras criações sobre o fato que são uma verdadeira obra de ficção. Vale ressaltar que a obra do padre como um todo é muito boa, e se não fossem essas invencionices seria sem dúvidas uma das melhores sobre Lampião.
• Paturi - O cangaceiro que nunca existiu.
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quarta-feira, 20 de novembro de 2024
CANGAÇO: CANGACEIRO CANETA - BIOGRAFIA RESUMIDA
Por Fatos na História
ADÍLIA - INÉDITO
Por Aderbal Nogueira
CANGAÇO - SOBRE A MORTE DE UM VALENTE.
Por Fatos na História
DIA NACIONAL DE ZUMBI E DA CONSCIÊNCIA NEGRA - https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Nacional_de_Zumbi_e_da_Consci%C3%AAncia_Negra
Por Wikipédia
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é celebrado, no Brasil, em 20 de novembro. Concebido em 1971, foi formalizado nacionalmente em 2003,[1] como uma efeméride no calendário escolar, até ser instituído como data comemorativa em 2011.[2] Foi oficializado feriado nacional em 21 de dezembro de 2023.[3]
A ocasião é dedicada à reflexão sobre o valor e a contribuição da comunidade negra para o Brasil.[4] Em contraposição ao 13 de maio, data de assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, o dia 20 de novembro foi proposto na década de 1970 pelo Grupo Palmares,[5] em referência ao dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695 – um dos maiores líderes negros do Brasil que lutou pela libertação do povo contra o sistema escravista – com o propósito de ressaltar o protagonismo das pessoas negras.[6] A data, dentre outros temas, suscita questões sobre racismo, discriminação, igualdade social, inclusão de negros na sociedade e a cultura afro-brasileira,[7] assim como a promoção de fóruns, debates e outras atividades que valorizam a cultura africana.[8]
Criação
A ideia de celebrar o dia 20 de novembro surgiu na década de 1970, no âmbito das lutas dos movimentos sociais contra o racismo.[7] Em 1971,[9][10] na cidade de Porto Alegre, o Dia Nacional da Consciência Negra foi proposto pelo poeta, professor e pesquisador gaúcho Oliveira Silveira, em reunião do Grupo Palmares, associação que reunia militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira.[8] Em analogia à construção da figura heroica de Tiradentes, ele propôs uma data que comemorasse o valor da comunidade negra e sua fundamental contribuição ao país. Em uma publicação da editora Abril constava que a data de 20 de novembro como dia da morte de Zumbi dos Palmares, o que inspirou Oliveira Silveira e a proposta foi aprovada pelos demais integrantes: Vilmar Nunes, Ilmo da Silva e Antônio Carlos Côrtes, todos universitários.[10]
Dois anos depois da primeira celebração, o questionamento do grupo gaúcho virou notícia nacional. "Esse foi o momento mais glorioso da história do povo negro no Brasil e, infelizmente, nossa historiografia o diminui no tempo e até na apresentação dos fatos principais", dizia Oliveira Silveira ao Jornal do Brasil.[10] A partir dali, atos relembrando figuras negras históricas e esquecidas passaram a ser replicados em outros cantos do país, todo mês de novembro.
Em 1978, o Dia Nacional da Consciência Negra foi divulgado em um manifesto do Movimento Negro Unificado, marcando assim o sucesso da proposta e o encerramento das atividades do Grupo Palmares.[7][8]
Censura
A proposta foi elaborada durante a ditadura militar, três anos após o AI-5 endurecer o regime de restrição de direitos. Ao ser noticiada em um jornal, sob o título "Zumbi – A homenagem dos negros do teatro", anunciando a conclamação à celebração no dia 20 de novembro de 1971, chamou atenção o nome do Grupo Palmares – talvez confundido com a organização armada VAR-Palmares –[10] e eles foram intimados pela Polícia Federal. Para serem liberados pela censura, tiveram que descrever todo o roteiro do encontro e convencer os agentes de que não eram "subversivos". O documento, com o carimbo de "aprovado", ressalta que qualquer mudança teria de ser submetida à autorização.[10]
Significado
O dia simboliza a resistência e a reflexão sobre a importância da ancestralidade dos povos africanos no Brasil, por meio da homenagem do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, morto em uma emboscada pelas tropas coloniais brasileiras, no ano de 1695, após sucessivos ataques. Zumbi, que teve sua cabeça exibida em praça pública,[10] faz parte do Livro dos Heróis da Pátria, no Panteão da Pátria e da Liberdade, desde 1997.
A representação dessa data, em contraposição ao dia 13 de maio, ganhou força a partir de 1978, quando o Movimento Negro Unificado defendeu a data como celebração nacional.
Segundo a historiadora da Fundação Cultural Palmares, Martha Rosa Queiroz, a data é uma forma encontrada pela população negra para celebrar o líder e fortalecer mitos e referências históricas da cultura e trajetória negra no Brasil, também reforçando as lideranças atuais. "É o dia de lembrar o triste assassinato de Zumbi, que é considerado herói nacional por lei, e de combate ao racismo", afirma. Diversas atividades são realizadas na semana da data como cursos, seminários, oficinas, audiências públicas e as tradicionais passeatas.[9]
Todos os anos a Coordenação Nacional de Entidades Negras organiza no dia a tradicional Marcha Zumbi dos Palmares, que a cada edição enfoca temas diferentes relacionados às lutas e interesses da comunidade negra.[12][13]
Além do líder do quilombo de Palmares, são lembrados os nomes de Dandara, Maria Quitéria, Carlos Marighella, Luiz Gama e de tantas outras pessoas negras que lutaram por respeito, dignidade e igualdade, promovendo-se um momento político e histórico de debate amplo sobre qual sociedade se quer no Brasil, e quais os caminhos para sua construção.[14]
Comemorações oficiais e feriado
Uma proposta semelhante (PL nº 1442/2003) já havia sido feita por Luiz Alberto Santos em 2003, porém ela foi arquivada em 2009.[15]
Primeiro, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Dia Nacional da Consciência Negra foi previsto como efeméride nos calendários escolares pela Lei nº 10.639, de 9 janeiro de 2003,[1] que incluiu ainda, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o ensino obrigatório da "História e Cultura Afro-Brasileira" como parte do currículo oficial de toda a rede de ensino, pública e privada, abarcando a história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade. Cinco anos depois, em 2008, O Ministério da Educação avaliou que a norma não havia surtido o efeito esperado, por falta de capacitação não apenas de professores, mas de diretores e coordenadores de ensino.[16]
A lei nº 12 519, de 10 de novembro de 2011,[2] já sob o governo de Dilma Roussef, instituiu o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como data a ser comemorada no dia 20 de novembro de cada ano. Um projeto de lei proposto em 2017, para prever a data como feriado nacional, foi aprovado no Senado em setembro de 2021, após isso, foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 2023,[17] e depois disso a data foi instituída pelo presidente Lula no dia 21 de dezembro do mesmo ano.
Até novembro de 2022, quando ainda não havia uma lei federal, cinco estados e mais de mil cidades brasileiras haviam instituído feriado por meio de normas locais.[7][18]
Alagoas decretou feriado estadual do Dia da Consciência Negra em 1995.[19][20] Foi no território alagoano, à época pertencente a Pernambuco, que Zumbi nasceu.[5][7][8] O Quilombo dos Palmares, o mais famoso pela resistência e organização em diferentes aldeias interligadas e considerado o maior quilombo territorial e temporal do Brasil, ficava na Serra da Barriga, no atual município de União dos Palmares.[7] A comunidade quilombola durou cerca de cem anos.[5] Em seu auge, chegou a abrigar de 25 mil a 30 mil negros.[9]
Em 2002, pioneiramente, a data foi instituída como feriado pelos estados do Rio de Janeiro, com a Lei Estadual nº 4 007, de 11 de novembro, e do Mato Grosso, com a Lei nº 7 879, de 27 de dezembro.[21] Depois, em 2007, no Amapá, a Lei Estadual nº 1 169, de 2007, previu como feriado o "Dia Estadual da Consciência Negra". E em 2010, no Amazonas, foi aprovada a Lei Estadual n° 84, de 08 de Julho de 2010.[22]
No Rio Grande do Sul, onde atuou o Grupo Palmares, a Lei Estadual 8 352, de 11 de setembro de 1987,[23] incluiu o dia no calendário oficial, mas não como feriado.[10] No mesmo ano, o estado de São Paulo instituiu novembro como o "Mês da Consciência Negra", por meio da Lei Estadual nº 5 680, de 21 de maio.[24]
Em âmbito municipal, conforme levantamento realizado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial em 2014, 1 044 cidades brasileiras regulamentaram o feriado na data.[19][25] No estado paulista, por exemplo, é feriado na capital de São Paulo e em mais 106 cidades do interior.[25] Nenhum município previu feriado no Distrito Federal e nos estados do Acre, Ceará, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Sergipe.
Ver também
- Movimento negro no Brasil
- Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo
- Mês da História Negra
- Dia de Martin Luther King
- Dia do Mestiço
- Museu Afro Brasil
Referências
- ↑Ir para:a b Brasil (9 de janeiro de 2003). «LEI Nº 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.». Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Consultado em 17 de novembro de 2022
- ↑Ir para:a b Brasil (10 de novembro de 2011). «LEI Nº 12.519, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2011.». www.planalto.gov.br. Consultado em 17 de novembro de 2022
- ↑ «LEI Nº 14.759, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2023». Planalto. gov.br. 21 de dezembro de 2023. Consultado em 11 de novembro de 2024
- ↑ Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) (20 de novembro de 2012). «No Dia da Consciência Negra, Unesco promove diversidade BR». Consultado em 17 de novembro de 2022
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