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domingo, 20 de março de 2011

Lampião sem opções

O facínora Lampião

              Quando Lampião tentou invadir Mossoró no ano de 1927, e não sendo bem sucedido, saindo daqui às carreiras para o Estado do Ceará, terra do seu Padim Pade Ciço, como chamava ele, sofreu violenta perseguição nesse Estado, que ele achava ser muito bem apoiado. Mas se enganara. Sim senhor!  Ao seu encalço estavam as tropas do major Moisés, que eram: Laurentino, Abdon Nunes e Agripino do Rio Grande do Norte e Quelé da Paraíba.

Clementino José Furtado, o Clementino Quelé.
Foto extraída do blog BOOM 

             Em 1928, se sentindo pressionado por essas foças volantes, que não o deixavam em paz, e que para o Rio Grande Norte não poderia mais voltar, por ter sido escorraçado de Mossoró; para Alagoas também não arriscaria, já que no início do ano 1927 havia humilhado e bagunçado o Estado, na intenção de denegrir a imagem de José Lucena,  por ter morto 

Tenente Zé Lucena
Foto do blog: Cariri Cangaço

o seu pai, José Ferreira da Silva; para a sua terra natal, Pernambuco, não iria, pois tinha as suas intrigas com o Zé Saturnino, Lampião  com o   seu respeitado bando resolveram o seguinte:

José Saturnino, primeiro inimigo de Virgulino
Foto do blog: Cariri Cangaço

               Já que em nenhum desses Estados eles não poderiam armar o coito nas caatingas,  rumaram para o Estado da Bahia, entrando por Ribeira do Pombal, no dia 21 de agosto de 1928, sendo a primeira vez que Lampião colocou os seus encardidos pés nas terras baianas, aonde chegaram apenas oito companheiros famintos e esfarrapados.

Foto extraída do blog: "Lampião Aceso"
 Sobre esta imagem acima, Ivanildo Régis afirma que Ivanildo Silveira, pesquisador e colecionador do cangaço, faz a seguinte observação: “Embora a identificação dos cangaceiros da foto acima seja um tanto polêmica, consultando especialistas, é quase unânime que a legenda mais que mais se aproxima da realidade, é a seguinte: Lampião; Ezequiel, Virgínio, Luiz Pedro, Mariano, Corisco, Mergulhão e Alvoredo.

Os cangaceiros que em 1928 cruzaram o Rio São Francisco

Observe a foto da esquerda para à direita:
        
             1 - Virgulino Ferreira da Silva - “Lampião”, nasceu no dia 04 de junho de 1898, no Sítio Passagem das Pedras, na Serra Vermelha, atual Serra Talhada, no Estado de Pernambuco.  Era filho de José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação, ele sendo o terceiro filho do casal.

Os irmãos de Lampião:

                  1895 - Antonio Ferreira – Morto em combate.
              1896 - Livino Ferreira da Silva – Morto em combate em 1925.
              ???? - Virtuosa Ferreira - Não consegui a data de nascimento.
              1902 - João Ferreira da Silva – Morava em Osasco - São Paulo.
              ???? - Angélica Ferreira - Não consegui a data de nascimento.
              1908 - Ezequiel Ferreira – Morto em combate.
              1910 - Maria Ferreira (Mocinha).
              1912 - Anália Ferreira – Não tenho informação sobre ela.

                  Foto de Maria Ferreira, irmã de Lampião, e o escritor João de Sousa Lima.    
                Observação: O  João de Sousa Lima afirma que Maria Ferreira ainda está viva e reside em São Paulo.                 

             Depois de mais de vinte anos como cangaceiro, foi abatido juntamente com a sua rainha Maria Bonita e mais nove facínoras, na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, no Estado de Sergipe.

              2 - Ezequiel Ferreira da Silva - “Ponto Fino” - (irmão de Lampião). Nasceu no ano de 1908, e  foi abatido no dia 23 de abril de 1931, no tiroteio da Fazenda Touro, povoado Baixa do Boi, no Estado da Bahia, ponto conhecido como Lagoa do Mel.

             3 - Virgínio Fortunato da Silva, o “Moderno”, ex-cunhado de Lampião. Nasceu em 1903 e faleceu em 1936, aos 33 anos de idade. Sua companheira no cangaço era Durvalina, que com a sua morte ela se amasiou com Moreno. 
              Segundo o escritor Franklin Jorge, há suspeita, não comprovada, que Virgínio era da cidade de Alexandria, no Estado do Rio Grande do Norte.                                                                

Moreno e Durvalina
Foto de Lenadro Lara

            4 -Luiz Pedro Cordeiro era seu nome de batismo. Também conhecido como Luiz Pedro da Canabrava e ainda Luiz Pedro do Retiro.  
              Nasceu em 1910, na cidade de Triunfo, Pernambuco, e faleceu na Grota de Angico, no Estado de Sergipe, na madrugada do dia 28 de julho de 1938, juntamente com Lampião, Maria Bonita e mais oito cangaceiros.
                 Era um dos maiores astros da Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia.  Aos 14 anos resolveu juntar-se ao bando de Lampião, deixando a sua família em choque. 
             Luiz Pedro ficou no bando dos Ferreira até morrer. Veio com Lampião à invasão de Mossoró, e foi dos raros que conseguiu chegar à Serra da Baixa Verde, em Triunfo. 
              Mais ou menos com vinte e três anos de vida, passou em Princesa, e lá, que juntamente com os seus companheiros, exterminaram a vida de: Antonio Valdivino, Joaquim Alves (velho de 96 anos de idade). Manoel Rodrigues de Melo, Ananias Alves, Antonio Zuza, Belizário Zuza e o menino Pedro Valdivino, de doze anos de idade.
             Luiz Pedro foi merecedor, fazendo parte do comando maior de Lampião. Um dos mais  confiado do rei Lampião. Nenhum cangaceiro foi tão fiel a Lampião quanto Luiz Pedro. Compadre e irmão (simbolicamente) do rei do cangaço e da rainha. Apesar de ter assassinado por acidente o Antonio Ferreira, irmão de Lampião, e muito prosar com Maria Bonita, tinha um respeito pessoal e consideração ao casal. A amizade de Luiz Pedro com o casal era mútua. Fora   apelidado pelos comparsas  de Príncipe do cangaço.
            Teve como grande companheira, a baiana Neném do Ouro, que morreu muito jovem em combate, no ano de 1936, em Mocambo, perto do Rio São Francisco. Com a sua morte, Luiz Pedro caiu em profunda tristeza, pois muito a amava.   
Riqueza:

             Era um cangaceiro bastante rico. Era tão rico, que quando o policial Mané Véio o assassinou, segundo ele, lá na Grota de Angico, na madrugada de 28 de julho de 1938, saqueou toda sua riqueza, levando consigo: jóias, prata, ouro, dinheiro etc. E com o saque do cangaceiro, Mané Véio tornou-se o policial mais rico de Santa Brígida, lá no Estado na Bahia. (Terra de Maria Bonita). 
            Assim que ele assassinou o grande astro da Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia., temendo que os companheiros chegassem ao local e invadissem as riquezas do assecla, uma vez que naquele momento, o verdadeiro dono daquela fortuna era ele, por tê-lo assassinado, e como era mais difícil tirar os ricos anéis dos dedos, fez a separação das munhecas e as colocou no seu bornal. 
            Ao terminar, apanhou os lenços, jabiracas e os enfiou em uma sacola. Em seguida, foi aos bolsos e bornais do bandido, e lá estava as maiores riquezas do cangaceiro Luiz Pedro. Uma enorme quantidade de dinheiro.  E ao seu lado, uma lata vomitando ouro e prata. 
            Como as munhecas de Luis Pedro foram cortadas por Mané Véio, as levou em sua companhia para retirar os anéis em casa. E assim que chegou cuidadosamente os retirou. As munhecas foram enterradas no oitão da igreja de Piranhas.

O cangaceiro Mariano
Foto do blog: Lampião Aceso

            5 - Mariano Laurindo Granja, companheiro de Rosinha.  Entrou para o cangaço em 1924. Cruzou o Rio São Francisco com Lampião em 1928 em direção à Bahia. Foi morto no dia 10 de outubro de 1936. O ataque foi entre os municípios de Porto da Folha e Garuru, região conhecida como o Cangaleixo. 
           A pesquisadora do cangaço Juliana Pereira Ischiara, diz que Rosinha foi morta a mando de Lampião.

           O escritor/pesquisador e colecionador do cangaço, Ivanildo Alves Silveira, conta em seu texto: A terrível morte do cangaceiro "Mariano", no blog "Lampião Aceso", publicado no dia 12 de fevereiro de 2010.
           Palavras do escritor: "Bem-Te-Vi", como um louco, saca do punhal escanchase no quase cadáver de Mariano e sua mão sobe e desce em golpes. brutais. Apunhala com tanta fúria o corpo do bandoleiro, que se ouve aquele ranger estridente e áspero da ponta da arma branca atravessando as carnes e os nervos da vítima, furando e mordendo a terra seca ". Jamais um homem matou com tanta alegria, com tanta volúpia, com tanto sadismo.


Soldado Bem-Te-Vi e o coronel Zé Rufino
Foto do Blog: Lampião Aceso

            Era a vingança do filho estraçalhando o corpo daquele que abatera, friamente, o autor da sua vida. Era a lei, a terrível e inflexível lei das caatingas." Voltemos à conversa com o soldado, "Bem-te-vi", cujo nome real é Severiano:
            — Nóis peguemos as armas dos cangacero, us anéis, u dinheiro, us borná, punha, cartuchera, u qui tinha ali se pegô. Já tinham cortado a cabeça de Pae Véio i do otro cangacero i nóis vortemos prá dondi tinha ficado Mariano ...
           Recorremos novamente à pena vibrante do escritor Joaquim Góis. "O que vê estarrece e assombra.
           O cangaceiro a quem o punhal vingativo de ' Bem-te-vi ' e balas de José Rufino haviam prostrado como morto, vivia ainda e num esforço que se poderia chamar de o milagre do desespero, ensaiava levantar-se.
          Os dedos enorme e crispados tentavam afastar dos olhos enevoados a pasta dos cabelos empapados de sangue, a cabeleira escorrendo uma espécie de mingau feito de suor e sangue. Ele todo era uma sangria, um corpo todo aberto em talhos profundos de punhal, de pedaços de aço incandescentes que as descargas da polícia despejaram sobre ele.
           Uma visão para não se esquecer.
           "Bem-te-vi" ao ver Mariano vivo contra todas as probabilidades do possível, face ao número absurdo de punhaladas que ele sofreu das suas próprias mãos e dos balaços recebidos, desembainha a Colt e encostando-a no peito do assassino de seu pai, prepara-se para o tiro de misericórdia.
           Corta o ar a advertência de José Rufino:
           — Tenha cuidado com a cabeça que eu preciso dela.
          Detonações ensurdecedoras, à queima-roupa, perfuram o corpo já todo esburacado de Mariano e a resistência física do bandido pára na imobilidade da morte". Bem, esse foi o fim desse chefe de grupo, do qual todos os companheiros, com quem tenho conversado, gostavam. Aliás, até mesmo alguns paisanos falam favoravelmente a Mariano".

 
O cangaceiro Corisco
Foto do Blog: Lampião Aceso.blogspot.com

          6 - Cristino Gomes da Silva Cleto, “Corisco”, companheiro da cangaceira Dadá. Ele foi abatido no dia 25 de maio de 1940, pelo tenente Zé Rufino, na fazenda Cavaco, em Brotas de Macaúbas, no Estado da Bahia. Com a sua morte, finalmente o cangaço foi enterrado com ele.

           7 – Mergulhão – O escritor Sabino Bassetti, São Paulo, que faz parte da família Cariri Cangaço, disse o seguinte: “-O primeiro Mergulhão, aquele que atravessou o rio São Francisco junto com Lampião em agosto de 1928, morreu logo depois, sendo o primeiro cabra a morrer na Bahia”. 
         Com essa afirmação do Sabino Bassetti, este não é o cangaceiro irmão de Sila que morreu na Grota de Angicos, em Sergipe, em 28 de julho de 1938.

O cangaceiro Alvoredo
Foto do blog: Lampião Aceso.blogspot.com

          8 - Hortêncio Gomes da Silva - o ”Arvoredo” – Foi abatido por dois meninos, quando se desligara do bando no momento do ataque a Jaguarari, na Bahia.


Fontes de Pesquisas:
             Valiosas informações dos escritores:
           Alcindo Alves da Costa, Franklin Jorge, Ivanildo Alves Silveira, Ivanildo Régis, Juliana Ischiara, João de Sousa Lima,  e Sabino Bassetti.

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