Elizângela Moura
Raul Pereira
Publicado no Dia 27/04/2011
O barbeiro prolifera principalmente em casas de condições precárias, como as de taipa
O Centro de Zoonoses do município de Mossoró está realizando um trabalho intensivo tanto na zona rural quanto na urbana, para localizar besouros do tipo Trypanosoma cruzi, mais conhecido popularmente como barbeiro, que é um parasita, e que pode transmitir ao ser humano a doença de Chagas.
Segundo informações de Edinaide Menezes, médica veterinária do centro de zoonoses, a equipe de campo, que é composta por cinco pessoas, estão diariamente fazendo um trabalho de fiscalização nas próprias residências, como também verificando denúncias que são feitas pela própria população.
"Nós precisamos de estar sempre mantendo esse contato direto com a população para que nosso trabalho possa evoluir, porque o barbeiro, que transmite a doença de chagas, pode estar em qualquer lugar, mas principalmente em casas de taipa, ou residências que ficam próximas a mata, e é por isso que costumamos dizer que quem reside na zona rural geralmente tem essa facilidade de ser contaminado pelo barbeiro", explicou Edinaide Medeiros.
Quem encontrar o besouro, que é preto com bolinhas amarelas, deverá capturá-lo, colocando em algum recipiente como uma latinha ou uma outra vasilha que possa ser tampada para evitar a fuga do besouro, e ligar para o fone 3315.1628, para que a equipe de campo possa realizar o trabalho de captura e consequentemente de avaliação.
"Quando nós capturamos o besouro, imediatamente fazemos uma análise para saber se está infectado ou não, e se der positivo, retornamos a residência onde o besouro foi encontrado para poder fazer uma borrifação no local", destacou o veterinário Felipe Caetano Filho, acrescentando que além de buracos em paredes, o barbeiro também é facilmente encontrado por trás de roupeiros e armários que ficam próximos as paredes.
São vários os casos de pessoas infectadas por doença de Chagas em Mossoró, "mas nós não temos como divulgar um número oficial, porque não temos esse controle", disse Edinaide Meneses. A forma mais comum de contágio é através do contato com as fezes de insetos conhecidos popularmente como barbeiro, que se alimentam sugando sangue humano e de animais. A doença de chagas também pode ser transmitida forma congênita, ou seja, transmissão da mãe para bebê ou através de transfusão de sangue.
Os sintomas da doença são: Febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos (sinal de Romanã), aumento do fígado e do baço são os principais sintomas. Com frequência, a febre desaparece depois de alguns dias e a pessoa não se dá conta do que lhe aconteceu, embora o parasita já esteja alojado em alguns órgãos. Como nem sempre os sintomas são perceptíveis, o indivíduo pode saber que tem a doença, 20, 30 anos depois de ter sido infectado, ao fazer um exame de sangue de rotina.
Tratamento - A medicação é dada sob acompanhamento médico nos hospitais devido aos efeitos colaterais que provoca, e deve ser mantida, no mínimo, por um mês. O efeito do medicamento costuma ser satisfatório na fase aguda da doença, enquanto o parasita está circulando no sangue. Na fase crônica, não compensa utilizá-lo mais e o tratamento é direcionado às manifestações da doença a fim de controlar os sintomas e evitar as complicações.
Como não existe vacina para a doença de Chagas, os cuidados devem ser redobrados nas regiões onde o barbeiro existe. A pessoa que esteve numa região de transmissão natural do parasita deve procurar assistência médica se apresentar febre ou qualquer outro sintoma característico da doença de Chagas. Portadores do parasita, mesmo que sejam assintomáticos, não podem doar sangue.
E atenção: Para quem gosta da popular "Garapa", a cana-de-açúcar deve ser cuidadosamente lavada antes da moagem e a mesma precaução deve ser tomada antes de o açaí ser preparado para consumo. Eliminar o inseto transmissor da doença ou mantê-lo afastado do convívio humano é a única forma de erradicar a doença de Chaga.
Meningite e encefalite são complicações graves da doença de Chagas na fase aguda, mas são raros os casos de morte.
Fonte: www.correiodatarde.com.br/.../correio_mossoro
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