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domingo, 4 de setembro de 2011

Lampião deixa Pernambuco

Por: Leonardo Ferraz Gominho

Foi no quadriênio 1922-1926 que se verificou a recrudescência assustadora do banditismo no Sertão pernambucano. O governador Sérgio Loreto, já em 1924, cancelou uma viagem que faria ao Sertão “por não poder garanti-lo a Força Pública”, diz


Frederico Pernambucano de Mello (A Tragédia dos Blindados, p. 69). O grupo de Lampião se multiplicou notadamente nesse período de Loreto: subiu dos habituais 30 homens para cerca de 120, “em clara indicação de ter estado à vontade o banditismo no período”. E é nesse clima que Estácio Coimbra, eleito em 1926, assume no ano seguinte o governo do Estado. Convida o Dr. Eurico de Souza Leão para a chefia da Polícia e este assume “com carta branca, fidelidade apenas ao compromisso de resultados”.
No Comando Geral das Forças Volantes, o major Theóphanes Ferraz Torres. “No Sertão, o esforço por vezes arbitrário se volta sabiamente contra os protetores dos bandidos, contra os coiteiros do cangaço”, esclarece Pernambucano de Mello (obra citada, p. 75). A perseguição aos cangaceiros começava a se tornar mais efetiva.
Em 1927, um dos redutos de difícil acesso dos bandidos - a serra Umã - foi invadida por Manuel de Souza Neto, já no posto de sargento. Antes dele, somente Theóphanes, em 1917, ousara incursionar na região. A partir de então os bandidos reforçaram a vigilância, evitando novos ataques da polícia. Conhecedor da situação, Manuel Neto, à noite, deixou uma parte dos companheiros na base de elevação e, acompanhado de nove homens, penetrou nas casas suspeitas, aprisionando e amarrando alguns facínoras. Prendeu, nessa ocasião, Bispo dos Anjos, filho de Miguel dos Anjos, este célebre bandido e que era o seu principal alvo, mas que não foi encontrado.


Diz Marilourdes Ferraz que, mais tarde, “Manuel Neto, aproveitando a escuridão, efetuou outro ataque ao reduto, acompanhado por seu irmão Afonso e os soldados João Pedro, Benedito Severo e João Roque, conseguindo repelir a resistência e ocasionando várias mortes na facção dos bandidos”. Esclarece João Gomes de Lira (obra cit., p. 397) que aí foram eliminados os cangaceiros Barra Nova e João Marreca.
A perseguição a Lampião continuava. Vendo o bando se reduzir a cada dia, o cangaceiro viu-se obrigado a evitar qualquer confronto com as volantes. E no dia 21 de agosto de 1928 deixou Pernambuco, atravessando o rio São Francisco. Ao seu lado, apenas o irmão Ezequiel, o cunhado Virgínio (Moderno), Luís Pedro, Mariano e Mergulhão.



Billy Chandler (obra cit., p. 127) diz que “a polícia de Pernambuco não tencionava deixar Lampião descansar, e Manuel Neto e seus nazarenos descobriram sua pista logo depois que atravessou o São Francisco e o seguiram...”
Chegando à fazenda do “coronel” Petronilo Reis, Manuel Neto exigiu do vaqueiro que lhe mostrasse onde estava Lampião. O vaqueiro se recusou e foi surrado. “Depois da surra, entretanto, concordou em levá-los até Bonfim, onde chegaram no dia 26 de agosto”. Houve pequeno tiroteio e os cangaceiros fugiram.
Chegando à Bahia, Lampião mudou sua tática. Passou a distribuir dinheiro, era bondoso e pacato, procurando mostrar-se um indivíduo injustiçado. Dizia que fora à Bahia apenas para descansar e não tinha intenção de fazer mal a ninguém. Essa sua inatividade, aliada a incidentes como a surra dada no vaqueiro de Petronilo, levaram as autoridades baianas a pedirem ao governo pernambucano a retirada de suas volantes. E Manuel Neto teve de voltar a sua terra, continuando ali sua carreira militar.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2010/08/coronel-manoel-de-souza-neto.html

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