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domingo, 11 de dezembro de 2011

Reminiscências de Tibau - 31 de Julho de 2011

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Nos terraços de Tibau, olhando o sol dourar o horizonte sobre o mar, o pensamento voa relembrando o passado, quando Tibau era apenas uma bucólica vila de pescadores com suas areias coloridas, que despertava a curiosidade de todos que por lá apareciam. Em uma dessas ocasiões eu estava conversando com o meu amigo Raimundo Fernandes Júnior, cardiologista dos bons, que freqüenta Tibau desde criança. Foi quando ele relatou as reminiscências que descrevo aqui, do jeito que me foram contadas. Disse-me ele: 
“Tibau sempre se revelou um paraíso. Quando aqui começamos a veranear, existiam poucas casas, umas bem distantes das outras. Papai adquiriu uma casa sobre um morro sustentado por uma cerca de arrimo. Logo percebeu que deveria fazer um paredão, mas transportar pedras naquela época a partir das pedreiras de Mossoró era praticamente impossível. Atravessar a estrada arenosa era uma coisa não muito fácil. Os caminhões quebravam com freqüência eixo e transmissão. Mas havia uma pedreira na praia das \\\"Emanoelas\\\". Era de lá que se retiravam as pedras para construção dos muros de Tibau. Pedras essas quebradas a picaretadas e transportadas em lombos de jumentos.”

Aqui abrimos um parêntese para uma explicação necessária: segundo nos informou Júnior, o termo correto para designar aquelas praias é “Manoelas” e não “Emanoelas”. Justificou dizendo que entre a pedreira e o mar morava um pescador com suas duas irmãs. Era um tipo alto e louro que se chamava Manoel, mas que todos o conheciam pela alcunha de Manelão. E as suas irmãs, chamavam de Manuelas. E sempre que alguém se referia aquela região, dava a casa das Manuelas como referência. Daí ter ficado aquele trecho de praia conhecida como Manuelas. 
“Continuando sobre as casas em Tibau, a de papai ficava na frente de um morro mais alto do que o pé direito da casa. No lado esquerdo da casa, um outro morro de areias coloridas. Nos fundos ficava uma duna que praticamente divida Tibau com o ceará. Na ponta da pedra ficava a primeira casa feita totalmente de madeira. Tinha sido a casa dos \\\"Delfinos\\\", que naquela época era habitada por uns herdeiros (Ancelmo o mais velho, Geraldo e Djalma, que se fizeram pescadores após perder a fortuna do pai, que tinha sido um comerciante abastado de Mossoró). 
Da frente da nossa casa, avistávamos a casa de Thieur Rocha e logo mais a frente à capela de Santa Terezinha. Outras casas só as que ficavam por trás da capela. O restante do espaço era ocupado por cacimbas, de onde as nativas tiravam água pra lavar roupa. Uma dessas casas que ficavam no fundo da capela tinha sido de seu Alfredo Fernandes, casa essa que, por algumas vezes, veraneamos. Avistávamos ainda, a direita da casa de papai, a casa de Deoclides Vieira. Era uma casa isolada, que fora construída sobre um morro. 
Existiam também, bem mais distante, as casas de Chico Marques, Huberto Mendes e Lauro Monte. Mais distante ainda existia uma casa sobre o morro que pertencera ao Dr. Paulo Fernandes, casa esta que também, por diversas vezes, ficamos veraneando. 
Na orla marítima algumas casas distantes pertencentes a Pedro Borges - hoje a casa dos herdeiros de Dix-neuf Rosado. Mais além existia uma \\\"furna\\\" feita pelas àguas do mar - na proximidade da casa de Laire Rosado. Em frente apenas praia e a casa de palha de Manelão. 
Era uma verdadeira maratona ir-se de Mossoró para Tibau. Em tempo de chuva a areia facilitava o acesso por ficar mais endurecida. Por outro lado, nos locais onde existiam o chamado massapé, os carros atolavam. Logo na saída de Mossoró, atolar o carro era freqüente. Depois, na passagem da gangorra, sítio localizado há 12 Km de Tibau, havia um corredor onde passava um riacho. Antes de passar nesses locais era necessário que todos descessem do carro para empurrá-lo através da lama. Logo em seguida tinha a casa de uma fazenda, onde todos iam limpar a lama e beber água, às vezes até água de coco. Depois da passagem da gangorra, começava a maratona que era rodar sobre areia solta, até chegar a Tibau. 
Depois papai comprou um jeep Willis, ano 1951, que já vinha com tração nas quatro rodas, o que facilitava muito o trajeto, por vencer sem muita dificuldade as estradas de areia.” 
Na próxima semana continuaremos com as reminiscências sobre Tibau, contadas por Raimundo Fernandes Júnior.
Geraldo Maia do Nascimento
 
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