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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Topografia - 14 de Abril de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento
Este é o título de uma monografia escrita em 1886 sobre o município de Mossoró, descrevendo a cidade e dando conta da população que seria de 5.000 almas na cidade e 10.000 em todo território mossoroense. Essa monografia foi transcrita no livro de Atas da Câmara com data de 16 de janeiro do mesmo ano. Diz o documento: 
“Esta cidade está situada à margem esquerda do rio Mossoró, em campo completamente plano e varzeado. As suas ruas são geralmente largas, espaçosas e alinhadas, contando algumas praças ou quadras regulares e agradáveis com princípios de arborização. As casas são em geral térreas mas quase todos os edifícios de gosto moderno, contando-se dentre eles alguns sobrados elegantes e vistosos. Seus principais edifícios são a Igreja Matriz, ultimamente melhorada e aperfeiçoada sobretudo na parte interior, o palacete da Casa da Câmara, com espaçosos salões para as audiências, sessão do Júri e eleições, contendo ao rés do chão a Cadeia Pública bem gradeada e segura e com excelente muralha em toda a roda, a Casa da Maçonaria de gosto moderno, com gradeamento e arborização, a Casa da Escola Pública ainda não concluída, a Casa do Mercado Público e Cemitério Público do lado oeste na distância pouco mais ou menos um quilômetro da Igreja Matriz. Esta Cidade, sendo como é, mercantil e talvez pela sua topografia a primeira praça da Província, tem diversos e variados estabelecimentos comerciais e industriais e duas Farmácias, recebendo do interior de quatro províncias limítrofes variados produtos, que exporta para diversas praças do Império e até para o estrangeiro por baldeação.” 
O comércio de Mossoró em 1886 era bastante movimentado, o que lhe conferia o título de “Empório Comercial”. Os produtos exportados eram principalmente algodão, couros salgados, courinhos menores, penas de ema, esteiras, chapéus, cera de carnaúba e sal. Continua a monografia: 
“Funcionava uma escola dominical da Igreja Protestante que o rev. De Lacy Wardlaw fundara e que era concorrida. Contava mais de cinqüenta protestantes e o pastor vinha de Fortaleza sempre oficiar em casamentos e batizados. Duas bibliotecas, a da Loja Maçônica e a da Sociedade Literária Recreativa. A maçônica contava com mil volumes. 
A linha do Telégrafo cortava o município de leste a oeste. O Município conta estrada para todos estes pontos do litoral e do interior. 
Desde abril de 1884 menciona-se em Mossoró descaroçadores a vapor para algodão. 
As cadeiras de Latim e Francês foram criadas pela lei nº 953, de 16 de abril de 1885. 
A Câmara, em 9 de novembro de 1886, solicita ao Presidente da Província a concessão de três quilômetros de terras, sobre a margem esquerda do rio Apodi, ficando no meio a Cidade, com outros três em direção da serra ao noroeste, formando assim uma quadra de três quilômetros para cada lado”. A necessidade da medida era que os particulares estavam invadindo o terreno útil em torno e centro da Cidade, com posses que aliás não existiam no começo do povoado. Segundo o livro de Atas da Câmara, a falta de limites da área urbana enervava o progresso do lugar “por isso que nem sempre se pode obter convenientemente terreno para a construção com simetria regular e aformosamento na edificação”. 
De maneira geral assim era Mossoró em 1886, segundo a monografia mencionada. Uma cidade que já apresentava boa estrutura comercial, com ruas largas, espaçosas e princípio de arborização. Nessa época Mossoró era governada pelo comerciante Romualdo Lopes Galvão, que assumiu o cargo para o período de 1883-1886, sendo a Câmara Municipal formada por: Alexandre Soares do Couto, Luís Alves Pedrosa Napoleão, Manoel Antônio Pinto, Augêncio Virgílio de Miranda, Simão de Freitas Costa, Idalino Alves de Oliveira, Raimundo Nonato de Freitas e Joaquim Zeferino Holanda Cavalcanti. Para esse período de governo não houve suplentes, conforme nos informa o historiador Raimundo Soares de Brito no seu “Legislativo e Executivo de Mossoró – numa viagem mais que centenária – Coleção Mossoroense – vol. CCLXXXVII. 
Geraldo Maia do Nascimento
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