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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

HOSPITAL SANTA JOANA

foto memorial fachada emerg1 Hospital Santa Joana trabalhe conosco

Dominguinhos tem quadro estável, diz boletim médico

O cantor foi internado no último dia 17 para tratar uma infecção respiratória e após apresentar um quadro de arritmia cardíaca.


O quadro de saúde do cantor e compositor José Domingos de Moraes, o Dominguinhos, é estável, "sem alteração no tratamento antimicrobiano e antiarrítmico", segundo o boletim médico divulgado nesta segunda-feira (31) assinado pelo coordenador do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Santa Joana, área central do Recife, Odilon Barbosa da Silva.

Dominguinhos foi internado no último dia 17 para tratar uma infecção respiratória e após apresentar um quadro de arritmia cardíaca. Ele ainda respira com a ajuda de aparelhos, e, segundo o hospital, não há até o momento previsão para a retirada dos equipamentos.

Publicado hoje, dia 31 de Dezembro de 2012

http://www.grzero.com.br/hospital-santa-joana-trabalhe-conosco

Aos leitores(as), amigos(as) Feliz 2013

Recados

São os sinceros votos de José Mendes Pereira


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domingo, 30 de dezembro de 2012

Primeira execução pública da música "A Feira de Caruaru"

Por: Rogério Mota
Rogério Mota

Primeira execução pública da música "A Feira de Caruaru"


Durante todo este ano de 2012 estamos comemorando o Centenário de nascimento do Luiz Gonzaga que aconteceu no dia 13 de dezembro. Mas a comemoração continua até o fim do ano.

Enviado pelo autor: Rogério Mota

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Em um dado momento na história do Brasil


Por: Alfredo Bonessi

Incentivado  por Chico Pereira, o único cangaceiro cowboy do sertão, pois usava botas, chapéu de mocinho de cinema e rifle, Lampião enviou seus irmãos Antonio e Levino, com o bando de cangaceiros, para atacar a cidade de Sousa na Paraíba. Lampião não foi ao ataque – estava ferido no pé por bala da volante de Theofannes Torres.  

Theofannes Torres

Para Chico Pereira o ataque serviria como vingança contra os desafetos que tinham  feito atrocidades contra o seu pai naquela cidade. Nessa ocasião Lampião e o seu bando estavam a serviço do Coronel  José Pereira, de Princesa, na Paraíba.  Esse coronel não gostava de Lampião e nem dos cangaceiros – tinha em seus mandos  centenas de jagunços, pistoleiros e muita gente que não prestava – ele era o manda-chuva na região.

Coronel José Pereira de Lima

Com o ataque dos cangaceiros a cidade de Sousa o Coronel Pereira rompe em definitivo com Lampião e seu bando e os expulsa das suas fazendas, mas um cunhado de Pereira continua amigo de Lampião e  o recebe em sua casa, almoçam juntos e são amigos do peito. Essa amizade é do conhecimento do Coronel Pereira que não podendo fazer nada, apenas tenta aconselhar o cunhado a se desligar desse tipo de má gente. Mas ele continua amigo do Rei do Cangaço e é coiteiro dele.

O cangaceiro Chico Pereira

Essa amizade com Chico Pereira não dura, esse cangaceiro quando ferido, foi traído,  e abandonado pelos irmãos Ferreira em um canavial quando estava cercado pelas volantes, estava sem forças e quase moribundo e ainda, nessa ocasião, estava picado de cobra venenosa.

Surge a questão entre João Pessoa e João Dantas – dizem alguns por ciúmes e interesse na namorada de João Dantas. João Pessoa manda a polícia atacar e prender João Dantas na casa da namorada. Esta estaciona o automóvel nos fundos da casa e João Dantas escapole pela janela dos fundos. Mas a policia invade a casa e vasculha todos os aposentos e se apossa das cartas de namoro entre os dois. Essas cartas vão parar nos jornais e os ataques pela mídia da época fica acalorado entre os dois e como decorrente surgem  as ameaças entre ambos: João Dantas avisa: - Se você vier a Pernambuco, morre!

A política  brasileira na ocasião ferve no Sul do País e João Pessoa é o candidato  para a posse  política  – seu prestigio  e fama  estão em alta – todo o País sabe quem é ele.

João Pessoa decide ir ao Recife, mas é avisado pelas pessoas mais chegadas: - Não vá! Você está ameaçado de morte!

- Que nada! vou ao Recife!  e fez pouco caso dos avisos.

João Dantas vem de bonde – está em pé e uma pessoa está sentada  lê o jornal do dia. João Dantas dá uma brechada  na página principal do jornal e vê a noticia que João Pessoa está na cidade. No mesmo bonde ele volta para casa e apanha o revolver.  Procura por João Pessoa e o encontra na confeitaria – espera por ele. João Pessoa sai da confeitaria e João Dantas se aproxima pelas costas. Grita para ele: eu não te disse que não viesse ao Recife!!!! – João Pessoa se vira e investe contra ele de bengala em punho: - Ora seu! .................e leva três tiros.

A noticia se  espalha que nem fogo Brasil afora – João Dantas é considerado o Judas Nacional.  O  crime imediatamente serve de pretexto político e passa a ser considerado político e vira  motivo  principal para a sublevação nacional. Forças Getulistas  tomam o poder e João Dantas é preso com um parente seu que nada tinha a ver com o caso.

Ao lado da cela de João Dantas está o cangaceiro Antonio Silvino cumprindo pena. Tempos antes ele se oferece para pegar Lampião a unha, vivo ou morto e dá até um prazo para o feito:  20 dias.  Mas ninguém acredita nele e o deixa mofar atrás das grades. Você já pensou se houvesse esse encontro?

- quem mataria quem nesse embate?

Antonio Silvino fora um cangaceiro justiceiro, respeitador de lares e de mulheres, pedia antes de se apossar, se alguma mulher  o repreendesse ele até pedia desculpas e ia se embora. Praticava a justiça por onde andava e casou muita gente nesse sertão na marra, às vezes a coice de rifle, outras vezes a ponta de punhal. Não digo que era um homem corajoso, mas astucioso, esperto, muito precavido – andava sempre com pouca gente e se fazia obedecer pelos seus comandados.

Lampião

Lampião era aguerrido, ágil,  não fazia esse tipo justiça, não respeitava as mulheres, permitia que elas fossem estupradas e marcadas a ferro, ele mesmo forçou algumas delas,  não tinha dó de ninguém,  não ligava para a tortura que sofria as suas vitimas, desprezava a morte e sabia que um dia morreria por uma bala qualquer – sua estratégia maior era  não ser pego pela policia. Diversas vezes quis se entregar e seus irmãos não o deixaram.  Levino Ferreira, seu irmão, dizia para ele: você é um frouxo, um covarde – não serve para ser cangaceiro.  Lampião  sabia quando era a hora de lutar e a hora de escapar. E dizia sempre: - Não enfrente os macacos.  Lampião tinha a sua própria justiça, a justiça lampiônica, pois  a justiça era dele – a justiça era ele – ele fazia as suas  vinganças  a sua moda, muito  cruel. Lampião andava quase sempre com muita gente no bando e permitia que   chefes previamente designados mandassem nos seus grupos e decidisse a sorte daqueles cangaceiros  que por acaso fizesse algo que deveria  ser punido com a expulsão do bando ou até mesmo a morte.

- Ele sempre dizia:

“cangaceiro é para morrer no mato, de bala, feito bicho!”

Cumpriu-se essa profecia.

Antonio Silvino sempre afirmava: Lampião é um príncipe!

Lampião sempre dizia:

- Antonio Silvino é um covarde, pois se entregou!

A polícia invade a cela de João Dantas e a luta é ferrenha. Antonio Silvino escuta tudo – foi uma longa briga que acabou com a morte de João Dantas e do seu parente. A população fica sabendo do ocorrido e comemora o acontecido – a vingança fora feita.

Novamente  procura-se um responsável  pela ideia e autorização para a chacina de João Dantas: quem mandou?

A culpa cai em cima do Deputado  Suassuna que nada tem a ver com o caso. Ele mesmo decide ir ao Rio de Janeiro se explicar e  provar que não tem nada a ver com o assassinato de João Dantas. Seus familiares  o aconselham que não vá. Ele vai e é assassinado no Rio de Janeiro.  A questão esfria e a política continua – tudo abafado, mas não para os familiares do Deputado Suassuna que até hoje estão indignados por esse crime e procuram pelos mandantes. Na época o criminoso é mandado trabalhar  próximos as fazendas do Deputado assassinado - mas a viúva  não autoriza a vingança. Depois o criminoso vem trabalhar nas fazendas da  família do Deputado Suassuna, mas a viúva não deixa que o matem.

Final

Com a Revolução de 30 o Coronel Pereira  é derrotado e expulso de suas propriedades e vai se esconder no interior do Sertão  - errou de lado no apoio militar. Somente voltou as suas terras  muito  tempo depois do fato, mas nunca mais se recuperou no poder de mando e decisão, pois a revolução de 30 acabou com a poder dos coronéis e criou a classe política.

Chico Pereira, escapou das balas da polícia e do veneno da cobra mas acabou preso  e covardemente assassinado pela polícia.

Lampião reinou  absoluto no sertão durante o período da revolução de 30 – os militares e as volantes que o perseguiam foram brigar em outra praça de guerra. Por estar tudo calmo e bom demais arrastou  mulheres para o seu bando – Sinhô Pereira comentou; acabou-se a invencibilidade dele.

Dois irmãos Ferreira já estão mortos, Antonio e Levino e em breve morrerá o caçula da família, Ezequiel Ferreira e o cunhado Virginio, ferido em combate mas executado com um tiro no peito pelo cangaceiro Moreno que acabou ficando com a mulher  do “Juiz do Cangaço”.

Lampião sempre dizia; o cabra mais safado que eu conheci foi o Coroné Pereira de Princesa – mas Lampião nunca dizia o porque. Essa rusga começou por um erro de estratégia de Lampião em atacar a cidade de Sousa na Paraíba – como vimos – cidade protegida pelo Coronel Pereira que ali tinha vários amigos.

Hoje, se me perguntarem qual foi o principal fator que desencadeou a revolução de 30 – eu digo: foi um crime passional.

Se me perguntarem quem matou João Dantas na prisão ? – eu respondo que foi a policia a mando dos revolucionários de 30 – para  eliminar a dita causa que deflagrou o conflito. Se ouvissem João Dantas sobre os reais motivos do crime, a tese  inicial da morte política iria por águas abaixo e o caso poderia dar uma reviravolta.

Quem matou o Deputado Suassuna ? – também acredito que foi os revolucionários de 30 para eliminar todas as duvidas de quem mandou matar João Dantas na prisão – acredito que ele estava inocente do fato, até mesmo na morte de João Pessoa que como vimos a causa foi passional e não política.

Por fim veio a morte de Lampião e  o Estado Maior do Cangaço em Angicos - Sergipe.


Estava certo Corisco, que na ocasião, com os olhos cheios de lágrimas e riscando o chão com a ponta do punhal profetizou:

-acabou-se a alegria do sertão.

Alfredo Bonessi

sábado, 29 de dezembro de 2012

Batalha da Serra Grande

Lampião

Batalha da Serra Grande completa 86 anos

Em março de 1926, Lampião recebeu do Batalhão Patriótico de Juazeiro do Norte, a patente de capitão. Mesmo considerando que a patente não era legítima, o cangaceiro se tornou mais fortalecido e mais violento, também. Nesse ano, ocorreu uma série de atentados na região do Pajeú, com diversas mortes e sequestros, episódios que culminaram com a famosa Batalha da Serra Grande, ocorrida em 26 de novembro de 1926, a cinco quilômetros do distrito de Varzinha município de Serra Talhada.

Lampião tinha sequestrado Pedro Paulo Magalhães Dias, um inspetor da Standard Oil Company. O fato aconteceu na estrada de Triunfo para Vila Bela (atual Serra Talhada). Pedro Paulo era natural da cidade de Sabará, em Minas Gerais, e, por isso, ficou conhecido como Mineiro. Lampião pedia vinte contos de réis para libertá-lo, o dinheiro deveria ser entregue na Fazenda Varzinha, local indicado por Lampião.

Casa de Silvino Liberalino

Quando o bando chegou a Fazenda Varzinha, foi direto à residência de Silvino Liberalino, o qual tinha sido subdelegado de Vila Bela, no ano de 1911. Logo que viu a tropa, Silvino não percebeu que estava diante dos comandados de Lampião, pois, naquela época, as roupas dos cangaceiros eram iguais às da polícia. Então, saltou na calçada, com um rifle na mão, e fez a seguinte pergunta:

- É Lampião ou é Força?

O bando respondeu:

- É a Força Volante.

Silvino Liberalino se sentiu mais seguro e disse:

- Então podem entrar. Se fosse Lampião, ia comer bala.

Os cangaceiros entraram e pediram água para beber, quando Silvino colocou a mão no pote para retirar água, os cangaceiros o seguraram e se identificaram:

- Você está falando é com Lampião cabra. E o prenderam, e para comemorar, deram alguns tiros em frente da residência, ainda hoje, existem algumas marcas de balas nas portas da casa.

Furo de bala disparada por cangaceiro em 1926

Os bandoleiros, que já vinham com o refém, Pedro Paulo Magalhães Dias (o Mineiro), levaram também, Silvino Liberalino, os dois presenciaram a Batalha na Serra Grande.

A intenção do bando de Lampião na Fazenda Varzinha, além de receber o resgate, era uma vingança por um antigo assassinato, ocorrido na Serra Negra, no município de Floresta, cometido por José de Esperidião, que se mudara para Varzinha.

O resgate foi levado por intermédio de Manuel Macário, homem da confiança de Cornélio Soares, no entanto, já na Fazenda Varzinha, o portador foi flagrado pela força policial do sargento Manuel Neto, que lhe aplicou severas torturas e recolheu o dinheiro.

Policial Manoel Neto

O bando seguiu em direção à casa de José de Esperidião, cuja esposa, Rosa Cariri de Lima, ao ver de longe a multidão, avisou o marido, alertando-o para que se retirasse.

José de Esperidião perguntou:

- Quantas pessoas você acha que vêm?

Ela respondeu:

- Uns vintes homens.

Ele disse:

- Não corro com medo de vinte homens.

A mulher calculou muito mal, o quantitativo do bando era de aproximadamente, 68 cangaceiros.

José de Esperidião pegou seu rifle e dois bornais de balas e ficou entrincheirado no quarto. O tiroteio foi grande, de toda ribeira se ouvia o barulho das balas, após certo tempo de tiroteio, o bando resolveu colocar fogo na casa. Para tanto, retiraram toda madeira do curral, que ficava em frente da residência. Segundo o livro, o Canto do Acauã de Mariloudes Ferraz, na Varzinha o bando encurralou um rapaz que, sozinho, lutou até esgotar a munição.

Tiburtino Estevão ainda tentou socorrer o amigo. Pegou seu rifle e tentou se aproximar, mas foi visto por alguns cangaceiros, que passaram a atirar em sua direção. Uma bala atingiu uma galha de xique-xique, próximo da cabeça de Tiburtino. Vendo que nada podia fazer, o homem retornou à sua residência.

No dia seguinte, foram retirar o corpo de José de Esperidião para fazer o sepultamento, não encontraram marcas de balas no corpo dele, portanto, chegou-se à conclusão de que a morte fora por asfixia provocada pela fumaça.

José Pereira Lima, conhecido por Cazuza, filho da vítima, com apenas sete dias de nascido, encontrava-se deitado em uma rede na sala, no momento do tiroteio. Foi baleado, ficando com uma marca no pé pelo resto de sua vida. Geralmente, quando ia comprar sapatos, adquiria dois pares, um par 41 e outro par 42, pois o pé defeituoso ficara menor.

O bando seguiu viagem rumo às ribeiras do tamboril, chegando até o Sítio dos Nunes no município de Flores, de onde voltaram.

Ao chegar ao Sítio Morada, hoje município de Calumbi, Lampião estava ciente que a polícia estava no seu encalço, portanto, ali mesmo, abasteceu o bando e pegou o rumo da Serra Grande.

O sequestro de Pedro Paulo Magalhães Dias e os fatos acontecidos na Fazenda Varzinha foram interpretados como sendo um desrespeito às autoridades, por terem ocorridos na comarca de Vila Bela, na época, a sede do comando militar de combate ao cangaço no interior de Pernambuco. Portanto, foi preparado um destacamento com mais de 300 soldados, chefiados por seis comandantes de volantes, todos fortemente armados, inclusive com duas metralhadoras Hotkiss, e muita munição, era um verdadeiro exército. Tudo inspirava confiança e dava a certeza da vitória.

Lampião estrategicamente com seus 68 cangaceiros, subiram a serra, e prepararam uma emboscada, em um local onde existem grandes pedras e fendas profundas, que lhe dava uma visão completa sobre o campo da batalha.

 Serra Grande:  local onde ocorreu a maior batalha de Lampião em solo pernambucano

O combate teve início antes das 9 horas da manhã e terminou ao anoitecer, a polícia mesmo com um quantitativo superior, e os soldados atacando corajosamente, não conseguiram vencer a resistência do capitão Virgulino Ferreira e seus comandados.

A localização dos cangaceiros era ótima, conforme disseram os policias. Segundo o cangaceiro Ventania, no local que Lampião estava, nem canhão tirava ele de lá, no entanto, a posição dos soldados era extremamente precária, entrincheiravam-se como podia, sem comando, sem tática, salve-se como puder. Arlindo Rocha recebeu um balaço no rosto que lhe fraturou o maxilar inferior, ainda no início do tiroteio, Manuel Neto foi baleado nas pernas, Luiz Careta de Triunfo faleceu com uma bala na cabeça, Euclides Flor recolocou ainda em combate as vísceras abdominais de Vicente Ferreira (Vicente Grande), atingido na altura do umbigo, o soldado Luiz José sofreu um ferimento na coxa.

Para provocar os policiais, o cangaceiro Genésio deu um aboio triste e sonoro, os soldados se sentiram encurralados como gado, Antônio Ferreira não se conteve e se expôs totalmente, gritando como vaqueiro: Ei, booooi... Nesse momento, o sargento Filadelfo Correia de Lima, deu-lhe uma rajada de metralhadora, a partir de então, a polícia acreditava que Antônio Ferreira tinha morrido no combate.


Com a chuva de balas vindas de cima da serra, os soldados ficaram desesperados, portanto, aproveitavam a cobertura de fogo das metralhadoras para se debandar na caatinga, deixaram grande quantidade de armas, munições, cartucheiras, cantis, bornais, etc. Levavam apenas alguns companheiros feridos, quando podiam. Após a batalha, os cangaceiros recolheram 27 fuzis e mosquetões.

A Batalha da Serra Grande é considerada a mais violenta da história do cangaço, segundo o historiador Frederico Bezerra Maciel, morreram 26 policias e 38 saíram feridos, no bando dos cangaceiros não houve registrado de morte.

Major Teófanes Torres

Foram a Serra Grande verificar os fatos de perto, o Major Teófanes Torres comandante de Vila Bela, o juiz de direito Dr. Augusto de Santa Cruz e o promotor de Salgueiro.

Antes do regresso para Vila Bela, o Tenente Higino ainda providenciou o sepultamento de sete corpos em uma única cova, no rancho de Pedro Rodrigues (proprietário local).

Tomaram parte na batalha os seguintes cangaceiros: Luiz Pedro, Maquinista, Jurema, Bom Devera, Zabelê, Colchete, Vinte e Dois, Lua Branca, Relâmpago, Pinga Fogo, Sabiá, Bentevi, Chumbinho, Ás de Ouro, Candeeiro, e seu irmão Vareda, Barra Nova, Serra do Mar, Rio Preto, Moreno, Euclides, Pai Velho, Mergulhão, Coqueiro, Quixadá, Cajueiro, Cocada, Beija-Flor e seu irmão Cacheado, Jatobá, Pinhão, Mormaço, Ezequiel e seu irmão Sabino, Jararaca, Gato, Ventania, Romeiro, Tenente, Manuel Velho, Serra Nova, Marreca, Pássaro Preto, Cícero Nogueira, Três Coco, Gaza, Emiliano, Acuana, Frutuoso, Felão, Biu, Cordão de Ouro, Genésio, Ferreirinha, Antônio Ferreira, Lampião e outros.

No dia seguinte à Batalha da Serra Grande, Lampião, já na Fazenda Barreiros, entregou uma carta a Pedro Paulo Magalhães Dias, endereçada ao então governador de Pernambuco, Dr. Júlio de Melo, propondo dividir o estado em dois, com os seguintes limites: Governo o sertão até as pontas dos trilhos em Rio Branco (Arcoverde), e vosmecê daí até a pancada do mar no Recife.

O relato sobre a Batalha da Serra Grande encontra-se no processo criminal contra Virgulino Ferreira et al., de 28 de novembro de 1926, 1° Cartório de Serra Talhada PE.

http://www.varzinha.net/p/batalha-da-serra-grande.html

O desconhecido cangaceiro Antonio Braz

Por: Rostand Medeiros

Clique no link abaixo para você ler a história do cangaceiro Antonio Braz, escrita pelo historiógrafo Rostand Medeiros


http://www.overmundo.com.br/overblog/o-desconhecido-cangaceiro-antonio-braz

Lenda sobre o rei Lampião

Recontada por: Joaquim Nóbrega

A lenda do cigarro, como toda lenda, é contada em várias versões. De acordo com o escritor Leonardo Mota em seu livro "No tempo de Lampião", que foi publicado originalmente em 1930, a estória se dá quando o mesmo esteve na casa de correção da capital Pernambucana e conversou com vários cangaceiros que ali se encontravam encarcerados.

Leonardo Mota

O autor os perguntou se eles lembravam de algum episódio engraçado envolvendo o grande Lampião. O cangaceiro Canção que lá se encontrava, junto a mais um punhado de outros facínoras, lembrou-se de um episódio e o contou da seguinte forma:

"A coisa mais engraçada que eu tive de assistir passou-se numa fazenda do município de Princesa, na Paraíba. O velho dono da casa tremia que era ver uma vara verde, Lampião botou ele debaixo de confissão, riscando o punhal nas costelas e ele acabou descobrindo o rumo da volante do tenente Mané Binisso. 

Lampião

Virgulino queria dar uma surra de relho, mas era tento choro de muié e menino, que o jeito foi se perdoar. Mais com pouca, Lampião tirou do bolso um maço de cigarro e ofereceu:

-Pita?

O velho ficou calado, fez que não tinha ouvido e Lampião tornou a perguntar, desta vez gritando no pé do ouvido dele:

-Pitaaaaaaaaaa? 

Ai todo tremendo, o velho disse:

-Pito, mas vamincê querendo eu largo o viço."

É isso aí. Um grande abraço a todos.

Joaquim Nóbrega - Fortaleza/CE

Fonte: 
http://lampiaoaceso.blogspot.com
http://www.jarlescavalcanti.com

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Lenha na Fogueira ! Ademar ou Benjamim?

Por: Renato Casimiro

Caro Severo,

Você me pede uma opinião sobre o excelente depoimento de Nirez, com respeito à participação de Ademar Bezerra Albuquerque na realização do filme com Lampião. A rigor, não ouvi ali nada do que não seja o restabelecimento da verdade. Nirez tem a seu favor um zelo muito grande por tudo que lhe cerca, seja na fotografia, na música e em todas as suas manifestações de grande memorialista.

Não há dúvida que o seu depoimento procura esclarecer a verdade sobre aquilo que, historicamente, se aceitou como sendo uma ação de Benjamim Abraão.

É perfeitamente factível que as atenções de Ademar Bezerra Albuquerque para não perder a oportunidade de realizar o trabalho, através de Benjamim, sejam verdadeiras e incontestáveis. E nisto o Nirez juntou detalhes fornecidos pelo Chico Albuquerque com grande propriedade para firmar a veracidade das afirmativas. Procurando imagens do Juazeiro antigo, não encontrei em muitos anos uma só que pudesse ser referida ao “fotógrafo” Benjamim. E olhe que ele tinha tudo para fazê-lo, pois no período em que foi secretário do Pe. Cícero, Juazeiro se viu descoberto por uma quantidade enorme de visitantes ilustrados e o dia-a-dia da casa do padre era muito favorável a isto.

 

Efetivamente, este período de Juazeiro e do Pe. Cícero (época em que Benjamim servia à casa do padre) é muito rico em imagens fotográficas e filmes. A propósito destes filmes, reproduzo o texto que apresentei em nosso então jornal eletrônico Juazeiro on line, na sua edição de 18.01.2009, numa coluna denominada Juazeiro, por aí, que ainda pode ser encontrado disponível em http://www.juaonline.info/.

FILMOGRAFIA(I)...
  
Numa consulta à Cinemateca Brasileira (Secretaria do Audiovisual/Minc), São Paulo, localizei dados sobre os filmes realizados pelo sr. Lauro Reis Vidal, durante sua visita a Juazeiro, em 1925. Foram três películas: um filme original, de 1925, e dois outros montados nos anos 1939 e 1955.
FILMOGRAFIA(II)...

O JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO (Infelizmente, a Cinemateca Brasileira não possui este filme), é um documentário inscrito na categoria de curta-metragem/silencioso/não-ficção. O material original foi em 35mm, BP, 16q. Produção de 1925, em Fortaleza, onde foi lançado em 08.12.1925, no Cine Moderno. A produtora foi a Aba Film, de Adhemar Albuquerque, que fez a direção. Sinopses: "Surpreendente filme natural apresentando magníficos aspectos da região do Cariri em que se vêem: Joazeiro, Crato, Barbalha e outros lugares, assim como Missão Velha, Lavras, Quixadá, Ingazeiras, Fortaleza, etc. Impressionante vista do grande açude do Cedro". (Jornal do Comércio, 28.11.1926). "Trata-se de uma bela reportagem cinematográfica do Cariri, zona em que o padre Cícero exerce a sua infatigável atividade e o seu grande prestígio. O Joazeiro, a cidade do padre Cícero, é apresentada em seus diversos aspectos, mostrando o seu progresso, o seu povo, enfim tudo o que ali existe de importante. Além do Joazeiro, o público aprecia outros bonitos pontos do sertão cearense, destacando-se o Crato, Barbalha, Missão Velha e o colossal açude do Cedro, obra grandiosa da engenharia brasileira. De Fortaleza há algumas, como sejam o porto, o passeio Público e o Parque da Liberdade. Há também belos trechos da estrada de ferro e fotografias de Lampião e seu grupo. É um filme digno de ser apreciado. Não fatiga o espectador. Ao contrário, torna-se atraente pela variedade de cenas, que desenrola. Além disto satisfaz uma curiosidade: mostra o maior domador de homens dos sertões, o padre Cícero Romão Baptista, que se apresenta em diferentes cenas, entre o povo que o aclama, em sua residencia trabalhando, abençoando afilhados e romeiros, discursando, enfim de diversas maneiras é ele visto na tela". (Jornal do Comércio, 02.12.1926)

FILMOGRAFIA(III)...

O JUAZEIRO DO PADRE CÍCERO, o segundo documentário, foi realizado em 1939, na categoria de curta-metragem/sonoro/não-ficção, a partir de um material original anterior, em 35mm, BP, com duração de 8min, 220m, 24q. A produção foi de Lauro Reis Vidal, no Rio de Janeiro.

FILMOGRAFIA(IV)...

PADRE CÍCERO, O PATRIARCA DO JUAZEIRO, o terceiro documentário, foi realizado em 1955, na categoria de curta-metragem/sonoro/não-ficção, a partir do material original em 35mm, BP, com duração de 11min, 300m, 24q. A produtora foi a Filmes Artísticos Nacionais, do Rio de Janeiro, e a co-produção foi de Lauro Reis Vidal, tendo como direção Alexandre Wulfes. Por exigência da época, o documentário passou pela censura em 19.01.1955, com o certificado 31942, válido até 19 de janeiro de 1960.


FILMOGRAFIA(V)...

Comentários: Observe que fotos de Lampião são referidas em período anterior à sua visita a Juazeiro, em 1926. Algumas das cenas destes documentários podem ser vistas em outras produções recentes, tanto para cinema como para tv. Na ilustração da coluna de hoje, o arquivo do Juaonline apresenta algumas delas, em fotos que foram obtidas por Raymundo Gomes de Figueiredo (anos 50), a partir de fotogramas destas películas. Especialmente sobre esta primeira película, encontro um registro cartorial firmado pelo Pe. Cícero nos seguintes termos:

1931, 13 de novembro - DOCUMENTO DO PADRE CÍCERO CONCEDENDO AUTORIZAÇÃO EXCLUSIVA, AO SR. LAURO DOS REIS VIDAL, PARA EXIBIÇÃO DO FILME" JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO E ASPECTOS DO CEARÁ. "ÍNTEGRA: " Amigo e Sr. Laudo Reis Vidal. Saudações. Consoante os seus desejos, pela presente, dou a V.S. a exclusividade absoluta para exibição e representação cinematográfica em "qualquer parte do país e fora dele" de filme que diz respeito a aspectos deste município ou fora dele, nos quais figure a minha pessoa. Assim autorizado poderá V.S. fazer a exibição de qualquer película authentica que tenha obtido, ou que possa obter, conforme melhormente consulte as suas conveniencias e as aspirações gerais do povo, a exemplo da que já é de sua propriedade. Joazeiro, 13, de outubro de 1931. Ass. Padre Cícero Romão Baptista.(Lo. B-l, N° de Ordem 10, p. 18)

No dia seguinte, o Pe. Cícero faz constar no mesmo livro do primeiro tabelionato uma outra comunicação, reafirmando a concessão do dia anterior e ampliando suas prerrogativas: 1931, 14 de novembro - DOCUMENTO DO PADRE CÍCERO CONCEDENDO AUTORIZAÇÃO EXCLUSIVA AO SR. LAURO REIS VIDAL, PARA IXIBIÇÃO DO FILME "JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO E ASPECTOS DO CEARÁ. "Integra: "Amigo e Sr. Lauro Reis Vidal. Local. Reportando-me a minha carta passada onde lhe concedo a exclusividade de minha exibição cinematográfica ficando V.S. com plena autorização por ser o único habilitado a propagar o município de Joazeiro e minha pessoa, através da mesma exclusividade, em todos os tempos, como proprietário do filme "Joazeiro, do Padre Cícero e Aspectos do Ceará" ou outro qualquer filme que possa obter; sirvo-me da presente para juntar as fotografias e documentos que solicitou, em relação separada e por mim assignada, como elementos precisos para a via de propaganda acima citada. Encerrando, cumpre-me, de já, agradecer a sua manifesta boa vontade para comigo, os meus amigos e as coisas do Joazeiro. Saudações. Joazeiro, 14 de novembro de 1931. Ass. Padre Cícero Romão Baptista.( Lo.B-l, N° de Ordem 12, p. 19/20).

Padre Cícero com traje preto

O ano de 1925 foi pródigo para filmagens em Juazeiro. Conhecemos a película realizada em 11 de janeiro, quando da inauguração da estátua ao Pe. Cícero, na Praça Alm. Alexandrino de Alencar; conhecemos a película realizada em setembro, quando da visita da comitiva do presidente Moreira da Rocha; conhecemos a que foi realizada por Ademar Albuquerque/Reis Vidal; mas não conhecemos uma que teria sido realizada por iniciativa do então deputado estadual Godofredo de Castro, neste mesmo ano.

É muito mais provável que Ademar esteja como realizador em todas estas películas e este relacionamento teria servido para oferecer um treinamento mínimo para o que viria anos depois com o filme de Lampião, pois é neste ponto que o testemunho de Chico Albuquerque a Nirez é importante.

Não tenho dúvida em aceitar que Ademar e Benjamim tornaram-se parceiros, sendo este cliente daquele e a quem poderia realizar pelo motivo apresentado por Chico Albuquerque e Nirez, o da confiança de alguém que não o punha, e a seu grupo, em apuros com a repressão policial.

Benjamin Abraão

Embora tenha feito isto, publicamente, em depoimento durante uma edição do Cine Ceará, anos atrás, aproveito a oportunidade para relatar brevemente o que me foi ensejado conhecer desta atividade cinematográfica de Benjamim. No início dos anos 80, eu e Daniel Walker adquirimos uma coleção de fotografias antigas de Juazeiro e alguns pequenos pedaços destas películas que o seu proprietário, Raymundo Gomes de Figueiredo, cidadão juazeirense, mantinha como acervo e no qual se incluíam livros e jornais, e a que deu o nome de Arquivo Benjamim Abraão.

Quando adquirimos e isto foi divulgado pelo Diário do Nordeste, o fato foi relevado como se tivéssemos adquirido o Arquivo “de” Benjamim Abraão. A família de Benjamim, através de seu filho, então residente em Niteroi e comerciante no Rio de Janeiro, Atalah Abraão, instruído por Eusélio Oliveira, resolveu mover uma ação contra nós dois e a levou adiante nas instâncias de Juazeiro do Norte e Fortaleza. Vencemos nas duas e o material nos foi devolvido, anos depois. Mais adiante, numa conversa com o ex-senador da república, José Reginaldo Duarte, cuja família criou nos arredores de Juazeiro, o filho de Benjamim, o sr. Atalah, nos chamou para uma conversa onde algumas coisas foram faladas a respeito da frustração que aquele ato determinou para nós e para a família, sobretudo porque ficou demonstrado que nós não havíamos comprado nenhum roubo, portanto, não éramos receptadores de um acervo, até então procurado.

O sr. Reginaldo Duarte nos lembrou, inclusive, que por vários anos, encontrando-se diversos rolos de filmes pertencentes a Benjamim (não se sabe se apenas outros que não o relativo a Lampião) num canto da casa, na localidade de Brejo Seco, proximidades do atual Aeroporto Regional do Cariri, guardados em latas...

...a garotada do sítio tomava aqueles rolos e os queimavam durante as festas juninas. Certamente que por conta do material cinematográfico de então, sua queima se assemelhava a uma chuva de prata, coisa que fazia a garotada delirar.

Este é o fim trágico, pelo qual, inclusive tivemos que pagar duramente por uma suspeita descabida, a partir da ignorância e má vontade do então, meu amigo, Eusélio Oliveira, que não se permitiu aceitar o convite para conhecer de perto o que tínhamos comprado. A grande indagação que ficou, como moral da história foi mais uma grande dúvida sobre o que teria feito ou não Benjamim Abraão, como fotógrafo e cinegrafista, aluno de Ademar.

Em tudo o que mencionei antes e do que ouvi, destaco: Sem querer por fogo na fornalha e já pondo, enfatizo o que registra a ficha da Cinemateca, mencionada: Há também belos trechos da estrada de ferro e fotografias de Lampião e seu grupo. Não é interessante que haja estas fotografias tomadas em data(s) anterior(es) a 1926. Observar que no filme com Lampião, Benjamim aparece usando um bornal com a inscrição Aba Film. Nunca houve omissão de que a produtora foi a Aba Film, de Adhemar Bezerra Albuquerque, que (também) deve ter feito a direção, à distância. Por isto, o depoimento de Nirez corrobora com as indicações anteriores de que ele era, efetivamente, produtor, diretor e fotógrafo destas películas em torno de 1925. Entre 1925 e 1936, quando filma Lampião, certamente Benjamim já teria apreendido objetivas e eficientes lições para manejar a máquina. Em mais de 10 anos de relação profissional com Ademar, Benjamim só teria feito isto? A resposta se foi, desgraçadamente, no fogo ingênuo das crianças, em noitadas de São João, nos arredores de Juazeiro do Norte.

Renato Casimiro
http://cariricangaco.blogspot.com
http://www.portaldejuazeiro.com

MEU MARIDO MATOU " LAMPIÃO "

Dona Cyra Britto e o matador de Lampião - João Bezerra

Clique no link abaixo para você ler o que escreveu o pesquisador, colecionador do cangaço: Dr. Ivanildo Alves da Silveira

http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5484912299214426300&cmm=624939&hl=pt-BR

LG Centenário - Bibliografia 2012

Por: Kydelmir Dantas

Caros GONZAGUIANOS.

No ano do seu Centenário, o Rei do Baião teve vários trabalhos publicados, em formatos diversos. Em cordéis foram mais de 60. Segue uma relação de livros, compilada até hoje:

(See attached file: 4 BIBLIOGRAFIA GONZAGUIANA_2012.doc)

Caso esteja faltando algum, favor nos comunicar para atualizarmos os dados.
BIBLIOGRAFIA GONZAGUIANA 2012
Kydelmir Dantas (*)

VIANA, Arievaldo. O Rei do Baião - Do Nordeste para o Mundo. Planeta Jovem. São Paulo. 2012.
ARLÉGO, Edvaldo. Luiz Gonzaga Centenário. Editora Edificante. Recife, 2012.
MATRICÓ, Paulo. Luiz Lua Alegria. Ensinamento. 2012.
VIEIRA, Jonas & KHOURY, Simon. Gonzagão e Gonzaguinha: Encontros e Desencontros. Viaman Gráfica e Editora. Rio de Janeiro. 2012.
ECHEVERRIA, Regina. Gonzagão e Gonzaguinha: uma História brasileira. 2ª edição. Leya. 2012.
LIMA, João de Sousa. Centenário de Luiz Gonzaga e a passagem do Rei do Baião em Paulo Afonso. Paulo Afonso – BA: Fonte Viva. 2012.
DANTAS, Kydelmir. Luiz Gonzaga e o Rio Grande do Norte. Mossoró, RN. Queima-Bucha. 2012.
ÂNGELO, Assis. Lua Estrela Baião: a história de um Rei. São Paulo: Cortez Editora. 2012.
BARBOSA, José Marcelo Leal. Luiz Gonzaga: 100 anos do Eterno Rei do Baião”. Fortaleza-CE. 2012.
HOLANDA, Arlene & VIANA, Arievaldo. O “beabá” do sertão na voz de Gonzagão. Armazém da Cultura. 2012.
MARCELO, Carlos & RODRIGUES, Rosualdo. O Fole Roncou! Uma história do Forró. Zahar. 2012.
ANLIC – Marcos Antonio de Andrade Medeiros (org.). Luiz Gonzaga em Cordel. Academia Norteriograndense de Literatura de Cordel. EDUFRN. 2012.
CASTRO, Maurício Barros de & RODRIGUES, Wesley. Luiz Gonzaga - Asa Branca - O Menino Cantador (HQ).  Retina78. 2012.
ZEPRAXEDI. Luiz Gonzaga e Outras Poesias. Sebo Vermelho, Natal. 2ª edição. 2012.
ARAÚJO, Iramir (org.). Asa Branca – Traços de Canções. Dupla Criação. São Luiz. 2012.
MORAES, Jonas Rodrigues. Sons do Sertão: Luiz Gonzaga, música e identidade. Annablume. Teresina. 2012.
GALINDO, Carlos. Luiz Gonzaga: O Rei do Baião (Palavras Cruzadas). Passatempo. Paulo Afonso-BA. 2012.

(*) Pesquisador, poeta e cordelista. De Nova Floresta – PB, radicado em Mossoró – RN.


Saudações e um Promissor 2013 a todo(a)s.
Kydelmir Dantas
MOSSORÓ - RN
Fone: (0xx - 84) - 3323 2307


Enviado pelo autor

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

A passagem do cangaceiro Antônio Silvino por Jardim de Piranhas

Por: Sérgio Augusto de Souza Dantas(*)

Manoel Baptista de Moraes era seu nome verdadeiro. Adotando o cangaço como modo de vida, a fim de vingar o assassinato de seu pai, o pacato sertanejo tornou-se “Antônio Silvino”, o mais famoso cangaceiro antes do aparecimento de Lampião. Sua vida errante começa em fins de 1899 e se estende até a sua prisão, em novembro de 1914.


Em fevereiro de 1901, Antônio Silvino pisou pela primeira vez o solo potiguar. Seguido de perto por uma tropa policial sediada na cidade paraibana de Santa Luzia, o grupo de cangaceiros liderados por Silvino foi pego de surpresa na Fazenda Pedreira, do Coronel Janúncio da Nóbrega, localizada no município de Caicó. O tiroteio, apesar da curta duração, foi intenso e um dos cabras do bando tombou mortalmente ferido próximo ao engenho da propriedade.

Uma década escoa até que Antônio Silvino retorne ao Rio Grande do Norte. De fato, Em dias de janeiro de 1912, o famoso cangaceiro aporta em Jardim de Piranhas, na época uma Vila sem grande expressão econômica, mas integrada aos centros comerciais de Caicó e Catolé do Rocha. Partindo de Jucurutu, Antônio Silvino acompanhado com cerca de uma dúzia de homens bem armados - desceu o leito seco do rio Piranhas. Ao entardecer, acampou com seu séquito para pernoite em um areado próximo ao lugar Piedade.

No dia seguinte, ainda cedo, o pequeno grupo armado adentrava a povoação seridoense. Era dia de feira em Jardim de Piranhas. Por entre o minguado comércio do lugar, os homens do bando se espalharam e recolheram algum dinheiro.

Silvino manteve-se à distância, observando cuidadosamente a Vila. À primeira vista, o lugar pareceu-lhe insalubre e abandonado. Animais vagavam soltos em meio aos feirantes. Prédios sujos, paredes por rebocar, calçadas inacabadas, buracos nas ruas e lixo por toda parte. O “Capitão” ficou indignado com o que viu. Possesso, mandou chamar o Intendente e lhe reclamou com aspereza o péssimo estado em que se encontrava a cidade nascente. Depois lhe exigiu como absoluto senhor dos sertões - providências imediatas para a limpeza das ruas e do casario. Em tom abusado, arengou ao chefe político:

-“Volto aqui em um prazo de onze meses, para verificar se minhas “recomendações” foram de fato cumpridas!”.

As exigências de Silvino logo vieram a público, mas o sertanejo via o bandoleiro com alguma simpatia, já que suas visitas ao rio Grande do Norte tinham invariavelmente uma natureza pacífica.

O jornal 'O Mossoroense', em edição de 13 de março daquele ano, publicou uma interessante nota sobre a reação da população campesina às investidas do bandoleiro ao nosso Estado. O artigo analisava com algum acerto o perfil daquele homem desde muito imerso no submundo do cangaço e as causas geradoras deste:

“Porque Antônio Silvino cavalheirescamente recebe, prodigamente presenteado pelo sertanejo pacífico e inerme, é antes de tudo um verdadeiro expoente, a manifestação exterior e característica de uma enorme diátese social. Ele é assim o sintoma que gangrena o organismo social. Devemos procurar o mal na sua base, procurando suas causas mais remotas”.


Críticas ou comentários jornalísticos não possuíam, entretanto, o condão de concretizar uma efetiva campanha militar com o objetivo de manter o bandoleiro longe do Rio Grande do Norte. Antônio Silvino continuava a transitar livremente pelo Estado. Em verdade, meses depois, estava de volta a Jardim de Piranhas para comprovar, de perto, se suas 'ordens' haviam sido cumpridas. O cangaceiro mostrava-se feliz na oportunidade. A pequena cidade se transformara: casas limpas, ruas organizadas e prédios comerciais pintados.

Considerou a mudança na paisagem da comunidade como uma 'conquista', a qual o marcou pelo resto da vida. Não se cansava de contar e recontar a história onde quer que fosse.

Após sua soltura, em 1937, o velho cangaceiro passou a circular de forma amistosa pelos locais onde estivera mais de duas décadas antes. Nos vários locais em que esteve, repetiu com prazer o episódio ocorrido em Jardim de Piranhas.

Na cidade pernambucana de Bom Jardim, por exemplo, onde passou alguns dias em 1939, narrou exaustivamente o episódio. Exagerava o enredo. Contava aos circunstantes que deu 'ordens expressas' ao Intendente para tornar a cidade agradável aos visitantes. Usando um tom de “dono-do-mundo”, Silvino repetia:

-“Mandei chamar o Prefeito e outras pessoas e dei-lhes um prazo para mandarem limpar e caiar todos os edifícios. Dei-lhes onze meses para solucionar o caso. Decorrido certo tempo, voltei à cidade e quase não reconheci. Transformação geral. Linda e catita mesmo”.

E abria um largo sorriso, ao recordar-se do fato pitoresco. Ao final, invariavelmente, perguntava aos presentes: -“Não foi melhor assim?” e tornava a sorrir.


No início da década de 40, Antônio Silvino vem pela última vez ao Rio Grande do Norte. Visita Serra Negra, Caicó e mais uma vez - Jardim de Piranhas, a cidade que o marcara. Desta feita, foi hóspede da Sra. Emília Aladim de Medeiros. Durante o tempo em que esteve na cidade, sempre era olhado com um misto de medo e curiosidade. Diariamente, após o café-da-manhã, colocava sua cadeira na calçada do pequeno hotel e ali passava horas contemplando o vai-e-vem das pessoas do lugar.

Em certa ocasião, um cidadão conhecido por Nonato, parou para uma breve conversa. Não conhecia, decerto, o temperamento irritadiço de Antônio Silvino. Quis iniciar uma palestra amistosa e brincou:

-“Capitão, cadê o ouro que você ganhou dos fazendeiros”?

A resposta grosseira soou de imediato:

-“Fiz uma corrente e amarrei no rabo da sua mãe!”.

A vida sofrida o fez amargo. Nos últimos meses de vida Silvino vivia calado, pensativo, distante. A única pessoa em Jardim de Piranhas a quem dava atenção era o Doutor Abílio Medeiros ou Dona Emília, sua hospedeira. 

Certa vez relembrou - em tom arrogante - como a cobrar antiga dívida:

-“Fiz um grande benefício a esta terra! Passando certa vez por aqui, achei as casas muito sujas. Fui ao Prefeito e dei um prazo para limpa-las. Pouco mais tarde voltei e achei a cidade limpa!”.

Antônio Silvino faleceu em 28 de julho de 1944 em Campina Grande, Paraíba.

Enquanto cangaceiro, a muitos matou, muitas vezes de forma fria e arbitrária. Porém, foi justo e bondoso com inúmeros sertanejos. Provavelmente ninguém jamais conhecerá, de fato, quem foi este famoso antecessor de 'Lampião'. É possível que suas atitudes contraditórias fiquem para sempre sem uma explicação plausível. Sua personalidade será eternamente um paradoxo.

Fonte: Revista Jardimemfesta 3ª Edição, setembro/2007 | Texto: Sérgio Augusto de Souza Dantas 

(*) Sérgio Augusto de Souza Dantas É Juiz de Direito em Natal e autor dos livros LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE A HISTÓRIA DA GRANDE JORNADA e ANTÔNIO SILVINO: O CANGACEIRO, O HOMEM, O MITO.

http://www.jarlescavalcanti.com