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sábado, 21 de julho de 2012

A ILHA DO COQUEIRO SOLITÁRIO PEDE SOCORRO EM MEIO AO LIXO, SUJEIRA E PICHAÇÃO

Por: Rostand Medeiros

Em 1999 conheci grande parte do litoral sul de Pernambuco, em uma viagem que começou em Natal e só finalizou na foz do Rio São Francisco, na divisa entre Alagoas e Sergipe.

A Ilha do Coqueiro Solitário

Na época segui em um valente Chevette 1.6, movido exclusivamente a álcool, sem ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos e outras modernidades. E foi uma viagem maravilhosa.

O caminho segue em meio a canaviais e…

Maravilhosa pelas descobertas de locais fantásticos, que ainda se encontravam intocados antes da invasão estrangeira, especulativa e imobiliária das nossas belas praias.
Pessoalmente não sabia da existência da praia do Porto, que neste local existia uma “ilha” e que a mesma possuía um solitário coqueiro. Na época a descoberta foi incrível.

…e algumas áreas de mata.

Agora, neste primeiro semestre de 2012, decidi retornar e encontrar a mesma ilha que foi tão surpreendente.
Saí de Natal no meu Renault Logan, equipado com tudo que tem direito, esperando encontrar um acesso coberto de asfalto. Mas para minha surpresa, ao chegar próximo ao município pernambucano de Barreiras, descobri que a estrada para a praia do Porto continua de barro e que a praia continuava a “-Não ter nada de futuro”, segundo a informação de um transeunte local.

Enfim o mar se aproxima.

Lembrei-me que em 1999 tive de largar o Chevettinho, literalmente, no meio do mato e caminhar uns dois quilômetros, pulando porteiras e na eminencia de levar algum balaço de um proprietário mais radical. Agora descobri que na praia do Porto havia um bar. Bom, pelo menos havia um ponto de apoio e, teoricamente, as porteiras estariam abertas.
O acesso é muito difícil para um Logan, que sofreu muito, mas foi em frente. Chegar à esta praia é uma verdadeira aventura e um desafio. A sinalização é quase nula, a erosão no leito de barro do caminho é forte, exigindo seguir devagar, pois precisava voltar e não sou nenhum nababo para ter num segundo veículo.

Último ponto para meu carro.

Porém o visual do caminho, em meio a extensos canaviais, entrecortados com caminhos no meio da mata é maravilhoso, uma benção.
Quando o hidrômetro do carro marcava quase 10 quilômetros de barro, buracos e muita lama, chegamos a um maravilhoso coqueiral a beira mar, sem um pé de gente e com a bela Ilha do Coqueiro Solitário ao fundo.

A Ilha… No dia da minha visita encontrei dois pescadores da Comunidade da Várzea do Una, que pescavam de tarrafa.

Realmente vale a pena chegar nesse paraíso e deleitar-se com a paisagem da praia desértica
A ilhota é formada por pedras enormes, cuja disposição se estendem até o mar, formando piscinas naturais protegidas do vento e das ondas. A única vegetação é o famoso coqueiro que dá nome à ilha. Consta que esta venturosa árvore cresceu sozinho entre as pedras.

Uma vista em direção ao norte da ilha.

O local está próximo a beira mar, mas para galgar as pedras só é possível com a maré baixa, quando surge um acesso formado pela areia. A ilha passa a maior parte do tempo deserta, sendo visitada por pescadores e turistas e não há qualquer tipo de comércio. Descobrimos que o tal bar só abre na alta estação.

Muito silêncio e tranquilidade.

Para alguns esta praia do Porto foi um dos possíveis pontos de desembarque dos holandeses na época da invasão batava ao Nordeste do Brasil. A razão dos holandeses buscarem este local como ponto de apoio de suas naus, a mais de 100 quilômetros ao sul de Recife, estava na existência de ricos engenhos de cana-de-açúcar. Estes se localizavam nas atuais áreas rurais que atualmente compõem os municípios pernambucanos de Barreiros, Tamandaré, São José da Coroa Grande e produziam muita riqueza naquela época.

A ilha vista do alto e durante a maré cheia. Fonte – http://fatoecuriosidademundial.blogspot.com.br/2011/08/ilha-do-coqueiro-solitario-em.html

Inclusive me informaram que territorialmente a Ilha do Coqueiro Solitário pertence ao município de Barreiros e que na região existe um projeto de construção de um resort cinco estrela, de capital europeu.
Realmente não existem casas no lugar, o silencio impera, ouve-se apenas o barulho do mar quebrando na areia e o vento nas palhas dos coqueiros.

O coqueiro em meio aos restos da civilização e da pichação.

Mas, apesar de tudo, algo não estava correto!
Em um primeiro momento, depois de encarar a dura estrada em um carro que não foi especificamente criado para aquilo, seguindo devagar, com calma, ao chegar à beira mar não me dei conta em um primeiro momento de algo muito negativo.

O descarte de lixo de piqueniques ocupa uma grande área na praia.

Aparentemente a praia do Porto é muito visitada por hordas de pessoas que realizam piqueniques e deixam uma grande quantidade de lixo e muita sujeira. Não faltam marcas de fogueiras, estacas usadas para colocar lonas, restos de cordas usadas para armar redes de dormir, muita garrafa pet, plástico e todo tipo de porcaria.

Sem comentários…

Para completar o quadro triste não faltam pichações nas pedras da Ilha do Coqueiro Solitário. São principalmente marcações de nomes de pessoas que, na sua mediocridade, imaginam que perpetuam sua miserável existência, gravando seus nomes naquelas rochas que conheci limpas.

Um tipo de arte bem atrasada.

É uma pena que em um local tão belo ocorra este tipo de situação.

No dia da nossa visita.

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Extraído do blog: "Tok de História", do historiógrafo e pesquisador do cangaço: Rostand Medeiros

Um comentário:

  1. ANTONIO Estevam de Almeida JÚNIOR

    Estou aqui aqui pegando uma carona na página do historiógrafo Rostand Medeiros, para lhe comunicar que o seu e-mail não está liberando os meus.

    Mas envio-lhe meu telefone: 3312-2873. Tentei ligar para o número abaixo,isto é o seu, mas também não conseguir.

    Estou remetendo o meu endereço e o do jornalista Geraldo Maia do Nascimento.

    José Mendes Pereira
    Rua Raimundo Firmino de Oliveira, 133
    Bairro Costa e Silva0
    CEP: 59.628-330
    Mossoró-RN

    Geraldo Maia do Nascimento
    Rua Raimundo Leão de Moura, Nº. 214
    Nova Betânia
    CEP: 59611-320
    Mossoró/RN

    Abraço.

    José Mendes Pereira

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