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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Praça Bento Praxedes, 1918. Mossoró,RN

Praça Bento Praxedes, 1918

Esta praça, localizada na zona central da cidade, no distrito 602, tem o seu quadrilátero formado pelas ruas, a leste, Rua José de Alencar; a oeste, Rua Tiradentes, em foco nas imagens apresentadas; ao sul, Rua Alfredo Fernandes, e ao norte, a rua Francisco Izódio, situada no distrito 601, que aliás, no mapa Google, a rua está grafada errada; está  como Francisco Sódia.

A partir da década 50 do Século XX,  popularmente, a praça tornou-se intitulada, de modo depreciativo, de  Praça do Codó, que nas crendices populares, a palavra codó significa algo que dar azar. O patrono desta praça, até a presente data, é Bento Praxedes Fernandes Pimenta,  (31/01/1871-29/04/1922), nascido na cidade de Maioridade, hoje Martins-RN, e mossoroense deste 1890. Foi abolicionista, político hábil, inteligente, governista com mentalidade de tolerância; Coletor Federal, e dirigiu o Comércio de Mossoró, escrevendo fluentemente de 1904 a 1917.

É provável que em 1918, esta praça possuísse outra nomenclatura, já que faz parte do perfil do político brasileiro a eterna atração pela SANU-Síndrome de Alteração da Nomenclatura Urbana, demonstrando, inúmeras vezes, a indigência cultural e o desconhecimento da história do país, e o resultado destas alterações não poderia ser pior, a destruição da nossa memória.

Em outros países, não se vê este troca-troca de patronos dos seus logradouros públicos, estes patronos estão lá, há décadas ou séculos, como se fossem verdadeiros defensores da História. Imaginemos chegarmos a Buenos Aires, e não mais localizarmos a Plaza San Martin, porque alguém achou, de uma hora para outra,  trocar o patrono do logradouro, ou ainda, o cidadão chegar a Paris e não conseguir localizar a Place de la Concorde porque algum maluco resolveu mudar sua denominação. Seria um crime contra a História.

Considerei a data de 1918 para o registro fotográfico, pelo fato da foto apresentar as mesmas características técnicas desta outra foto. Observa-se que o fotógrafo priorizou as questões urbanísticas, tendo o cuidado em destacar o casario, os postes da eletrificação urbana. Observa-se um novo estilo arquitetônico presente nas fachadas das casas, rompendo de fato com o estilo colonial. Contudo, as ruas ainda não eram pavimentadas, notam-se vestígios de poças d'água ao longo do chão da rua.

Casarões da Pça. Bento Praxedes, 1948

A segunda foto, a casa em destaque é a de nº 98, mencionada pelo historiador Raimundo Soares de Brito: o Palacete construído em 1918, pelo banqueiro Sebastião Fernandes Gurgel, proprietário da Casa Bancária S Gurgel.Em 1928, este palacete foi vendido para o comerciante e industrial local, Miguel Faustino do Monte.

Em 13 de setembro de 1933, este Palacete entrou para a História Oficial, foi o Catete Mossoroense, pois, nesta data, nele instalaram-se o Presidente Getúlio Vargas e sua comitiva presidencial, após  a solenidade do hasteamento da Bandeira Nacional, foi dado como instalado o Governo Provisório da República do Brasil. Portanto, esta praça faz parte tanto da história local como da nacional.Mossoró no Diário de Getúlio Vargas apresenta outras informações sobre este fato histórico.

Em 1945, novamente o Palacete foi vendido ao Sr. Dix-Neuf Rosado, industrial e político local, permanecendo em poder da família até a presente data.

Casarões da Pça. Bento Praxedes, 1948

O casarão da terceira foto, foi residência do comerciante e industrial local, Sr. Quincas Duarte. Inclusive a terceira imagem, com base na posição do automóvel  nada mais é do que um prolongamento da segunda imagem, a qual sofreu um corte mal feito e desnecessário, gerando perdas de detalhes.

Estas  fotos devem fazer parte de um conjunto de imagens oficiais, que ao disponibilizarem, não fizeram as devidas referências às origens das mesmas, e tampouco ao autor destas, e consequentemente, quando a utilizamos, somos obrigados a atribuir o trabalho a fotógrafo anônimo. É lastimável, o manuseio incorreto de arquivos históricos, em nosso país.

Infelizmente, o descuido urbanístico, por parte de nossas autoridades constituídas, é uma febre nacional, pois esta praça encontra-se abandonada e sem manutenção, como pode-se constatar neste artigo do Franklin Jorge. Concluindo, a partir desta pequena memória fotográfica, interligamos os mais diferentes pontos da história.

Governantes locais/nacional do período:

- Presidente da República: Wenceslau Braz Pereira Gomes (1868-1966). Mandato: 1914-1918;
- Governador do RN: Joaquim Ferreira Chaves Filho (1852-1937). Mandato: 1914-1918;
- Em Mossoró, RN: Presidente do Conselho: Jerônimo Rosado. Intendente:Sebastião Fernandes Gurgel. Mandatos: 1917-1919;
- Padrão monetário vigente: Réis.

Fontes:  BRITO, Raimundo Soares de.Ruas e Patronos de Mossoró (Dicionário), Vols I e II, Coleção O Mossoroense, Fundação Vingt-un Rosado, setembro de 2003;  CASCUDO, Luís da Câmara. Notas e Documentos para a História de Mossoró, Coleção O Mossoroense, Fundação Vingt-un Rosado, 4a. Edição, maio de 2001; COSTA, Andréa Virgínia Freire. Lugares do passado ou espaços do presente? Coleção O Mossoroense, Fundação Vingt-un Rosado, Mossoró-RN, abril de 2009; Centro de Memória-TRE-RN; Hemeroteca Pe. Sátiro; Memorial do Ministério Público do RN; Fonte do arquivo fotográfico P&B.

http://telescope.zip.net/arch2009-11-01_2009-11-30.html



2 comentários:

  1. Excelente matéria, Mendes. De quem terá sido a casa que aparece em primeiro plano na primeira foto, a de 1918?

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  2. Caro Honório, quando redigi este artigo, publicado no site Memória Fotográfica, não consegui informações sobre esta residência. Talvez, qualquer dia consiga esta informação. Telescope

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