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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Tiro de Guerra de Mossoró - Parte V

Por: José Mendes Pereira

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Durante o período em que nós fomos atiradores do Tiro de Guerra de Mossoró, tanto no TG como nas nossas idas para lar, presenciamos coisas engraçadas que aconteceram com atiradores, sargentos..., e até mesmo com pessoas que não faziam parte dos nossos sofrimentos naquela casa militar.


 
Dizem que envelhecer é um presente de Deus. E parece que é mesmo. Ninguém quer morrer novo, na fase das ilusões, e é bem melhor "velho escapar fedendo do que novo morto cheirando".

O cronista Xavier Marques diz que o homem tem quatro fases: 

1 - A primeira fase é até os 30 anos. 

Novo, robusto, bonito, namorador, corajoso... E ai daquele que o enfrentar! Será banido diante dos homens. Nesta fase ele é homem completo.


2 - A segunda fase é dos 30 aos 50 anos. 


É nesta fase que ele vive trabalhando para sustentar uma numerosa família. Não pode parar. Tem que trabalhar. A vida boa já se foi. Nesta fase ele é jumento.


3 - A terceira fase é dos 50 aos 70 anos.

 Vive num canto sem que ninguém o veja. Vive ali rodeando a casa como se fosse um vigilante. Se ordena, ninguém obedece. Se chama, ninguém vai lá. Se sorrir, botam cara feia, achando que o velho está humilhando. Nesta fase ele é cão (cachorro). 


A quarta fase é dos 70 aos 90 anos.

Velho, enrugado, anda com dificuldade, não sabe vestir a sua própria roupa. Põe o cinto por fora das arreatas, calça os chinelos errados. Não quer tomar banho. Não tem noção das horas. Ninguém quer conversar com ele.  Isolado de tudo e de todos, provocando risos para filhos, netos, noras, genros e mais outros que tiram um sarrinho da sua cara. Nesta fase ele é macaco.
 
 

Hoje me lembrei de uma madrugada quando nós deslocávamos para o TG, e ao passarmos em frente à Estação Ferroviária, hoje, Estação das Artes, um velhinho, talvez já estivesse beirando os 90 anos, jogava xadrez sozinho sob a área de sua residência.

 www.cidade-brasil.com.br 

Ali, pelo lado de fora do muro da sua casa, ficamos espiando e acompanhando a sua disputa contra o seu parceiro, que na realidade, apenas ele imaginava que estava jogando com alguém.

O velhinho ficava observando as peças e depois dizia assim: "- Agora é a sua vez".

Como se o suposto jogador tivesse jogado, o velhinho dizia: "- Agora quem joga sou eu. É a minha vez".

Em seguida pegava uma peça do xadrez e a transportava para outro lugar e recolhia uma.


Ali, ficamos em segredo um bom tempo. Só que, devido a nossa besteira, quando nós caminhávamos para o TG, já encontramos as turmas de atiradores e os sargentos que vinham descendo em busca da cidade. Neste dia perdemos mais 2 pontos. Sem jeito, retornemos para a Casa de Menores Mário Negócio.

Minhas Simples Histórias 

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Fonte:
http://minhasimpleshistorias.blogspot.com

Se você achar que vale a pena e quiser perder um tempinho, clique nos links abaixo:

http://sednemmendes.blogspot.com 
http://mendespereira.blogspot.com

3 comentários:

  1. Anônimo20:33:00

    Caro Mendes, pelo que venho há tempo observando, você amava o Tiro de Guerra da sua Querida Mossoró tanto quanto aquele internato, cujo nome me foge neste momento.
    Antonio Oliveira - Serrinha-Ba

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  2. Pesquisador Antonio de Oliveira:

    A Casa de Menores Mário Negócio foi lá que eu aprendi a viver. No Tiro de Guerra eu aprendi o que é a vida.

    Abraço fraterno.

    José Mendes Pereira - Mossoró - Rio Grande do Norte

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  3. Anônimo16:31:00

    Isso Mendes, você está me relembrando o nome da Instituição das suas traquinices, e ao mesmo tempo "foi lá que eu aprendi a viver", enquanto que "No Tiro de Guerra eu aprendi o que é a vida".
    Valorizo imensamente as pessoas que reconhecem as dádivas que lhes são proporcionadas. Parabéns amigo e FILÓSOFO Mendes.
    Antonio José de Oliveira - Povoado Bela Vista - Serrinha-Ba

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