Antônio Corrêa Sobrinho
Sergipe, cuja sorte o tem por felicidade de todos, preservado de incalculáveis
danos, passou incólume por duas investidas do bandoleiro Lampião, notando-se
que os locais por ele invadidos foram dos mais apreciáveis sob o ponto de vista
de proximidade da capital.
Sergipe não tem perseguido o nômade assassino, daí a impunidade com que ele
atravessa o Estado, toma orientação que entende, permanece onde bem lhe apraz e
cobra sem tributo de guerra sem empecilho de espécie alguma.
Já um órgão da imprensa carioca teve ocasião de dizer que o capitão Virgulino
Ferreira é um Estado dentro do Estado.
De fato, ele (...) exerce sua nefanda autoridade.
Aproveita-se das cidades e vilas, desguarnecidas como são, e impõe seu
prestígio. Intendentes e delegados o vão servir; arrecadam dinheiro para ele e
se submetem aos maiores caprichos de sua vontade.
Nada lhe acontece. Cidades importantes, vilas prósperas são por ele acometidas,
sofrendo-lhe o rigor dos caprichos os mais disparatados, sem que o remédio lhes
chegue.
Somente quando o perigoso facínora sai, a tropa ocupa a localidade e espalha-se
em pesquisas, buscas e diligências.
Agora, em Bahia, Lampião saqueia Queimadas, conduz consigo dinheiro e valores e
ainda debica do Sr. Vital Soares, escrevendo-lhe uma carta pirracenta que o
ridiculariza.
E vai assim, arregimentando cangaceiros, o terrível salteador depredando os
lugares por onde passa, aproveitando-se das condições de desorganização dos
Estados para se sobrepor à ordem e à Lei.
A IMPRENSA - FONTE PRIMORDIAL DA HISTÓRIA DO CANGAÇO
Antonio Corrêa Sobrinho é pesquisador do cangaço
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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