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sábado, 8 de março de 2014

DO "O LIBERAL”, DE 28/12/1929 - “A VIDA DE UM BANDOLEIRO

Antônio Corrêa Sobrinho


Sergipe, cuja sorte o tem por felicidade de todos, preservado de incalculáveis danos, passou incólume por duas investidas do bandoleiro Lampião, notando-se que os locais por ele invadidos foram dos mais apreciáveis sob o ponto de vista de proximidade da capital.

Sergipe não tem perseguido o nômade assassino, daí a impunidade com que ele atravessa o Estado, toma orientação que entende, permanece onde bem lhe apraz e cobra sem tributo de guerra sem empecilho de espécie alguma.


Já um órgão da imprensa carioca teve ocasião de dizer que o capitão Virgulino Ferreira é um Estado dentro do Estado.

De fato, ele (...) exerce sua nefanda autoridade.

Aproveita-se das cidades e vilas, desguarnecidas como são, e impõe seu prestígio. Intendentes e delegados o vão servir; arrecadam dinheiro para ele e se submetem aos maiores caprichos de sua vontade.

Nada lhe acontece. Cidades importantes, vilas prósperas são por ele acometidas, sofrendo-lhe o rigor dos caprichos os mais disparatados, sem que o remédio lhes chegue.

Somente quando o perigoso facínora sai, a tropa ocupa a localidade e espalha-se em pesquisas, buscas e diligências.

Agora, em Bahia, Lampião saqueia Queimadas, conduz consigo dinheiro e valores e ainda debica do Sr. Vital Soares, escrevendo-lhe uma carta pirracenta que o ridiculariza.

E vai assim, arregimentando cangaceiros, o terrível salteador depredando os lugares por onde passa, aproveitando-se das condições de desorganização dos Estados para se sobrepor à ordem e à Lei.

A IMPRENSA - FONTE PRIMORDIAL DA HISTÓRIA DO CANGAÇO 

Antonio Corrêa Sobrinho é pesquisador do cangaço

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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