Por:
cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira
"Algumas hipóteses"
SEGUNDA
HIPÓTESE:
Em junho de
1921, Virgulino e seus irmãos Levino e Antônio Ferreira mais
seu primo Domingos, incorporaram-se ao
bando do Sinhô Pereira que encontravam-se foragidos em um coito às margens do
Rio Pajeú bem próximo da sua foz com o São Francisco. Ao todo uns 30 cangaceiros extremamente armados e equipados. Virgulino
astuto, inteligente e muito destemido, foi logo se destacando e conquistou a total confiança de seu líder,
tornando-se o mais jovem chefe de um sub-grupo de cangaceiros.
Numa tarde primaveril equinócio de
setembro, após confronto com um pequeno
destacamento policial que não ofereceu muita resistência, o bando do Sinhô
Pereira depois de saquear um vilarejo no
extremo leste pernambucano, deslocaram-se por uma vereda em meio às caatingas
até chegarem no sopé de uma serra, onde o mesmo escolheu um lugar seguro
ordenando a todos que ali passariam a
noite. Virgulino sempre desconfiado, foi até seu chefe e o informou que iria com
seu irmão Antônio subir até o topo do espigão para observar lá do
alto com seu monóculo de distância
se tudo estava normal, e assim foi feito.
Era boca da noite e já estava
bem escuro, quando os dois irmãos desciam do cume de rochas, Antônio tinha
feito um cigarro de palha e quando foi acendê-lo, deixou o isqueiro cair entre
as fendas das pedras, e por mais tempo que procuravam não o conseguiram localizar, foi aí que Virgulino disse a seu
irmão:
- Afaste-se que eu vou atirar bem ligeiro e com a claridade dos disparos
você vai achar seu binga.
Ágil e com traquejo, Virgulino segurou firme seu
fuzil, levantou a alavanca de manejo destrancando e puxando o ferrolho totalmente para a retaguarda, depois
pressionou o gatilho da arma para trás amarrando-o com um cadarço de couro,
ficando desta forma o mecanismo de
disparo totalmente liberado, deixando ainda o percussor livre para detonar; colocou o pente com cartuchos
alimentando a arma em seguida, com incrível habilidade e rapidez ele acionou o
ferrolho com enérgicos movimentos de vai e vem, efetuando cinco disparos
ininterruptos e quase simultâneos formando um clarão idem à luz de um lampião.
Lá do coito os que ouviram e viram a
claridade dos céleres estampidos, realmente pensaram que fosse a luz de um
lampião. Daí Antônio achando o tal isqueiro acendeu o cigarro e ambos vieram fumando e descendo morro a baixo até chegarem
no acampamento, onde seu primo Domingos ao vê-los disse:
-O quê aconteceu lá em
cima “Lampião”?
E Virgulino respondeu:
- Nada não, eu só clareei com tiros um
lugar para Antônio achar seu isqueiro.
O lendário Sinhô Pereira que presenciou
tudo disse:
- Virgulino! Seu primo Domingos lhe chamou di “Lampião”?
Virgulino respondeu:
- Sim Sinhô
Pereira!
E assim indagou o sábio chefe cangaceiro:
- Pois é! Então, ele tá
certo! Porque o fogo do seu fuzil
pareceu com a luz dum lampião, e de agora em diante seu apelido no
bando será “Lampião”!
Neste momento uma
rasga mortalha voando alto sobre o acampamento crocita seu canto lúgubre e
amedrontador e no mesmo instante, um gélido vento súbito deixa todos arrepiados causando-lhes a sensação da
fria presença da morte.
- Munição di cangaceiro não é para si gastar a toa,
pruquê é adquirida pru meio di muito sacrifício. Arrematou ainda o experiente
Sinhô Pereira bocejando numa rede junto à fogueira.
Então Lampião o futuro rei do
cangaço cansado porém mais seguro, bebe
um bom gole de cachaça, come dois gomos de linguiça de porco assada com alguns
bocados de farinha de mandioca, toma um
café bem quente, faz um cigarro de palha, deita na rede e após fazer sua
oração, adormece abraçado a seu mosquetão ouvindo o sôfrego crocitar de um
bacurau solitário procurando por uma fêmea em meio às caatingas dentro da noite
escura como breu.
Enviado
pelo o autor
Francisco
Carlos Jorge de Oliveira é pesquisador e cabo da Polícia Militar no Estado do
Paraná.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Muito bem Cabo Francisco Carlos e amigo Mendes, esta é a segunda hipótese, e creio que outras vão aparecer, logo que na saga do cangaço, muitos são os mistérios. Mas, creio que chegaremos a um denominador comum.
ResponderExcluirAbraços,
Antonio Oliveira - Serrinha - Bahia
Caro Mestre José Mendes, hoje é um dia muito chuvoso e faz um friosinho bem gostoso aqui no norte do meu estado, minha querida esposa esta acabando de fazer uma deliciosa feijoada, pois o aroma dos ingredientes e condimentos exalam por toda a casa abrindo ainda mais o apetite, nesse momento estou digitando e saboreando uma cachaça curtida com cavacos do cerne da cabreuva, logo vou almoçar e o meu maior desejo era que você e o nobre amigo baiano de Serrinha Antônio Oliveira estivessem aqui para tomar uma pinga e almoçar comigo.Um dia que sabe esse sonho se realiza.Amigos eu lhes enviei hoje um lindo trabalho sobre o cangaço, e as lendas do Velho Chico, espero que vocês gostem.Agora vou tomar mais um gole e almoçar. Cabo Francisco Carlos "Saudações Militares".
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