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domingo, 9 de março de 2014

“LAMPIÃO” COMO SURGIU ESTE APELIDO - PARTE II



Por: cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira

"Algumas hipóteses"


SEGUNDA HIPÓTESE:


Em junho de 1921,  Virgulino  e seus irmãos Levino e Antônio Ferreira mais seu primo Domingos, incorporaram-se  ao bando do Sinhô Pereira que encontravam-se foragidos em um coito às margens do Rio Pajeú bem próximo da sua foz com o São Francisco. Ao todo uns 30 cangaceiros extremamente armados e equipados. Virgulino astuto, inteligente e muito destemido, foi logo se destacando e  conquistou a total confiança de seu líder, tornando-se o mais jovem chefe de um sub-grupo de cangaceiros.
            
Numa tarde primaveril equinócio de setembro, após confronto com  um pequeno destacamento policial que não ofereceu muita resistência, o bando do Sinhô Pereira depois de saquear um  vilarejo no extremo leste pernambucano, deslocaram-se por uma vereda em meio às caatingas até chegarem no sopé de uma serra, onde o mesmo escolheu um lugar seguro ordenando a todos que ali passariam  a noite.  Virgulino sempre desconfiado, foi até seu chefe e o informou que iria com seu irmão Antônio subir até o topo do espigão para observar  lá do  alto com seu monóculo de distância  se tudo estava normal, e assim foi feito. 

Era boca da noite e já estava bem escuro, quando os dois irmãos desciam do cume de rochas, Antônio tinha feito um cigarro de palha e quando foi acendê-lo, deixou o isqueiro cair entre as fendas das pedras, e por mais tempo que procuravam não o conseguiram  localizar, foi aí que Virgulino disse a seu irmão: 

- Afaste-se que eu vou atirar bem ligeiro e com a claridade dos disparos você vai achar seu binga. 

Ágil e com traquejo, Virgulino segurou firme seu fuzil, levantou a alavanca de manejo destrancando e puxando o ferrolho  totalmente para a retaguarda, depois pressionou o gatilho da arma para trás amarrando-o com um cadarço de couro, ficando desta forma o  mecanismo de disparo totalmente liberado, deixando ainda o percussor livre para  detonar; colocou o pente com cartuchos alimentando a arma em seguida, com incrível habilidade e rapidez ele acionou o ferrolho com enérgicos movimentos de vai e vem, efetuando cinco disparos ininterruptos e quase simultâneos formando um clarão idem à luz de um lampião. 

Lá do coito os que  ouviram e viram a claridade dos céleres estampidos, realmente pensaram que fosse a luz de um lampião. Daí  Antônio achando o tal isqueiro  acendeu o cigarro e ambos vieram  fumando e descendo morro a baixo até chegarem no acampamento, onde seu primo Domingos ao vê-los disse:

-O quê aconteceu lá em cima “Lampião”? 

E Virgulino respondeu: 

- Nada não, eu só clareei com tiros um lugar para Antônio achar seu isqueiro. 

O lendário Sinhô Pereira que presenciou tudo disse:

- Virgulino! Seu primo Domingos lhe chamou di  “Lampião”? 

Virgulino respondeu:

- Sim Sinhô Pereira! 

E assim indagou o sábio chefe cangaceiro:

- Pois é! Então, ele tá certo! Porque  o fogo do seu fuzil pareceu com  a luz dum  lampião, e de agora em diante seu apelido no bando será “Lampião”!   

Neste momento uma rasga mortalha voando alto sobre o acampamento crocita seu canto lúgubre e amedrontador e no mesmo instante, um gélido vento súbito deixa   todos arrepiados causando-lhes a sensação da fria presença da morte. 

- Munição di cangaceiro não é para si gastar a toa, pruquê é adquirida pru meio di muito sacrifício. Arrematou ainda o experiente Sinhô  Pereira bocejando     numa rede junto à  fogueira.

Então Lampião o futuro rei do cangaço cansado porém  mais seguro, bebe um bom gole de cachaça, come dois gomos de linguiça de porco assada com alguns bocados de farinha de mandioca,  toma um café bem quente, faz um cigarro de palha, deita na rede e após fazer sua oração, adormece abraçado a seu mosquetão ouvindo o sôfrego crocitar de um bacurau solitário procurando por uma fêmea em meio às caatingas dentro da noite escura como breu.
        
CONTINUA...

Enviado pelo  o autor

Francisco Carlos Jorge de Oliveira é pesquisador e cabo da Polícia Militar no Estado do Paraná.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

2 comentários:

  1. Anônimo14:22:00

    Muito bem Cabo Francisco Carlos e amigo Mendes, esta é a segunda hipótese, e creio que outras vão aparecer, logo que na saga do cangaço, muitos são os mistérios. Mas, creio que chegaremos a um denominador comum.
    Abraços,
    Antonio Oliveira - Serrinha - Bahia

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  2. Anônimo12:43:00

    Caro Mestre José Mendes, hoje é um dia muito chuvoso e faz um friosinho bem gostoso aqui no norte do meu estado, minha querida esposa esta acabando de fazer uma deliciosa feijoada, pois o aroma dos ingredientes e condimentos exalam por toda a casa abrindo ainda mais o apetite, nesse momento estou digitando e saboreando uma cachaça curtida com cavacos do cerne da cabreuva, logo vou almoçar e o meu maior desejo era que você e o nobre amigo baiano de Serrinha Antônio Oliveira estivessem aqui para tomar uma pinga e almoçar comigo.Um dia que sabe esse sonho se realiza.Amigos eu lhes enviei hoje um lindo trabalho sobre o cangaço, e as lendas do Velho Chico, espero que vocês gostem.Agora vou tomar mais um gole e almoçar. Cabo Francisco Carlos "Saudações Militares".

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