Por João Calixto Junior
João Calixto
Junior e Manoel Severo
Desejo
esclarecer, antes de tudo, não terem os presentes apontamentos qualquer caráter
polêmico. Visam, tão-somente, ao aclaramento. Assunto um tanto obscurecido
tem sido o que concerne às origens de Isaías Arruda de Figueiredo, mais
conhecido na história por Cel. Isaías Arruda, morto na estação ferroviária de
Aurora, em 1928.
Revolvendo
arquivos daqui e dalém, perseguindo informações que me remetessem
esclarecimentos sobre as primícias de minha terra berço (Aurora), a mim
apresentaram-se, sobremaneira, e em virtude do ineditismo a que se remeteu,
importantes documentos que me puderam descobrir os indícios deste famanaz
nordestino, figura presente, muitíssimas vezes, nas linhas que grafam os anais
do período coronelístico regional, sem, portanto, comprobação quanto às suas
efemérides. Ei-lo, conquanto, algumas considerações sobre suas datas, natalícia
e matrimonial:
Nasceu em
Aurora Isaías Arruda de Figueiredo aos 6 de julho de 1899, filho de Manoel
Antônio de Figueiredo de Arruda e Maria Josefa da Conceição, ambos naturais da
mesma Freguesia de Aurora, tendo sido batizado pelo Pe. João Carlos Augusto aos
30 de julho do mesmo ano. Sobre seu registro batismal, assinado pelo Pe.
Augusto Barbosa de Meneses (à época em que a Paróquia de Aurora estava anexada
à de Caririaçu), perlustrei-o em um dos Livros da Paróquia do Menino Deus de
Aurora (Livro 2, 1897-1904, p. 80), onde se observam Antônio Leite de Oliveira
(solteiro) e Maria Joaquina da Conceição (casada), como seus padrinhos.
Isaías Arruda
Convolou
núpcias no primeiro dia de setembro de 1920 na Igreja Paroquial de Aurora com
Estelita Silva, natural de Fortaleza, tendo como testemunhos a Raimundo Antônio
de Macêdo e Manoel Gonçalves de Araújo. (Livro de Registro de Matrimônios,
Paróquia do Senhor Menino Deus de Aurora, 1909-1922, p. 177). Em perfeita
consonância com a práxis vigente de sua época de existência, inseriu-se Isaías
Arruda na prepotente atuação sócio-política regional, marcada pela incursão do
poder privado dos coronéis. Eram estes os senhores supremos dos feudos
nordestinos, detentores do voto do cabresto e responsáveis pelas famosas
eleições a bico de pena, onde até defuntos votavam. Trapaças e moléstias
sociais que hoje ainda remanescem, apesar de diminuídas as proporções, são oriundas
deste famigerado tempo da República dos Coronéis ou Coronelismo, a chamada
República Velha.
Bosquejando
sobre as passagens deste notável personagem do cenário
coronelo-cangaceirístico, delegado de polícia em Aurora, assim como Prefeito
municipal de Missão Velha, transcrevo o que exara Joaryvar Macêdo emImpério do
Bacamarte (Fortaleza, 1990, p. 225): “Improvisado o coronel Isaías Arruda
em poderoso chefe político de Missão Velha, se o juiz não se submetesse às suas
ordens, ele o escorraçava, e ao oficial de polícia, intolerante com os
desregramentos, mandava assassinar”. Algo depois de funestos episódios que
lhe marcaram a curta vida, polêmica e tumultuosa, ocorreu-lhe o assassinato,
aos 4 de agosto de 1928.
Sousa Neto,
Manoel Severo, Bosco André e José Cícero na Estação da RVC em Aurora
Alguns
Paulinos, armados até os dentes, rumaram em direção ao carro de passageiros,
parado na plataforma da estação. De súbito, aparece o temível coronel Isaías.
Numa fração de segundos uma saraivada de projéteis lhe põe fim à vida,
tumultuosa e agitada. Era a vingança tremenda da família Paulino. (Waldery
Uchoa, Anuário do Ceará, Fortaleza, 1954, p. 42).
Da calçada,
onde caíra baleado, Isaías foi transportado para a residência de Augusto Jucá.
No dia seguinte foi assistido pelos médicos Antenor Cavalcante e Sérgio Banhos,
mas estes pouco puderam fazer no sentido de salvar a vida de Isaías, que
terminou falecendo no dia 8 de agosto, pelas 6 horas da manhã (...). (Amarílio
Tavares, Aurora, História e Folclore, Fortaleza, 1993, p.131). No Livro de
Registros de Óbitos da Paróquia de São José de Missão Velha (1926-1930, p.136),
deparei-me com o assento referente ao seu falecimento:
“Aos
oito dias do mês de agosto de mil novecentos e vinte e oito, na sede da
Freguesia de Aurora, foi assassinado Isaías Arruda com vinte e oito anos de
idade, casado com Estelita Arruda. Seu corpo foi sepultado nesta Villa. Para
constar mandei lavrar este assento que assino. O Vigário Horácio Teixeira”.
Prof. João Tavares
Calixto Júnior
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