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quarta-feira, 31 de maio de 2017

SOBRE ALGUMAS EFEMÉRIDES DE ISAÍAS ARRUDA

Por João Calixto Junior
João Calixto Junior e Manoel Severo

Desejo esclarecer, antes de tudo, não terem os presentes apontamentos qualquer caráter polêmico. Visam, tão-somente, ao aclaramento. Assunto um tanto obscurecido tem sido o que concerne às origens de Isaías Arruda de Figueiredo, mais conhecido na história por Cel. Isaías Arruda, morto na estação ferroviária de Aurora, em 1928.

Revolvendo arquivos daqui e dalém, perseguindo informações que me remetessem esclarecimentos sobre as primícias de minha terra berço (Aurora), a mim apresentaram-se, sobremaneira, e em virtude do ineditismo a que se remeteu, importantes documentos que me puderam descobrir os indícios deste famanaz nordestino, figura presente, muitíssimas vezes, nas linhas que grafam os anais do período coronelístico regional, sem, portanto, comprobação quanto às suas efemérides. Ei-lo, conquanto, algumas considerações sobre suas datas, natalícia e matrimonial:

Nasceu em Aurora Isaías Arruda de Figueiredo aos 6 de julho de 1899, filho de Manoel Antônio de Figueiredo de Arruda e Maria Josefa da Conceição, ambos naturais da mesma Freguesia de Aurora, tendo sido batizado pelo Pe. João Carlos Augusto aos 30 de julho do mesmo ano. Sobre seu registro batismal, assinado pelo Pe. Augusto Barbosa de Meneses (à época em que a Paróquia de Aurora estava anexada à de Caririaçu), perlustrei-o em um dos Livros da Paróquia do Menino Deus de Aurora (Livro 2, 1897-1904, p. 80), onde se observam Antônio Leite de Oliveira (solteiro) e Maria Joaquina da Conceição (casada), como seus padrinhos.
  

Isaías Arruda

Convolou núpcias no primeiro dia de setembro de 1920 na Igreja Paroquial de Aurora com Estelita Silva, natural de Fortaleza, tendo como testemunhos a Raimundo Antônio de Macêdo e Manoel Gonçalves de Araújo. (Livro de Registro de Matrimônios, Paróquia do Senhor Menino Deus de Aurora, 1909-1922, p. 177). Em perfeita consonância com a práxis vigente de sua época de existência, inseriu-se Isaías Arruda na prepotente atuação sócio-política regional, marcada pela incursão do poder privado dos coronéis. Eram estes os senhores supremos dos feudos nordestinos, detentores do voto do cabresto e responsáveis pelas famosas eleições a bico de pena, onde até defuntos votavam. Trapaças e moléstias sociais que hoje ainda remanescem, apesar de diminuídas as proporções, são oriundas deste famigerado tempo da República dos Coronéis ou Coronelismo, a chamada República Velha. 

Bosquejando sobre as passagens deste notável personagem do cenário coronelo-cangaceirístico, delegado de polícia em Aurora, assim como Prefeito municipal de Missão Velha, transcrevo o que exara Joaryvar Macêdo emImpério do Bacamarte (Fortaleza, 1990, p. 225): “Improvisado o coronel Isaías Arruda em poderoso chefe político de Missão Velha, se o juiz não se submetesse às suas ordens, ele o escorraçava, e ao oficial de polícia, intolerante com os desregramentos, mandava assassinar”. Algo depois de funestos episódios que lhe marcaram a curta vida, polêmica e tumultuosa, ocorreu-lhe o assassinato, aos 4 de agosto de 1928.

Sousa Neto, Manoel Severo, Bosco André e José Cícero na Estação da RVC em Aurora

Alguns Paulinos, armados até os dentes, rumaram em direção ao carro de passageiros, parado na plataforma da estação. De súbito, aparece o temível coronel Isaías. Numa fração de segundos uma saraivada de projéteis lhe põe fim à vida, tumultuosa e agitada. Era a vingança tremenda da família Paulino. (Waldery Uchoa, Anuário do Ceará, Fortaleza, 1954, p. 42).

Da calçada, onde caíra baleado, Isaías foi transportado para a residência de Augusto Jucá. No dia seguinte foi assistido pelos médicos Antenor Cavalcante e Sérgio Banhos, mas estes pouco puderam fazer no sentido de salvar a vida de Isaías, que terminou falecendo no dia 8 de agosto, pelas 6 horas da manhã (...). (Amarílio Tavares, Aurora, História e Folclore, Fortaleza, 1993, p.131). No Livro de Registros de Óbitos da Paróquia de São José de Missão Velha (1926-1930, p.136), deparei-me com o assento referente ao seu falecimento:

“Aos oito dias do mês de agosto de mil novecentos e vinte e oito, na sede da Freguesia de Aurora, foi assassinado Isaías Arruda com vinte e oito anos de idade, casado com Estelita Arruda. Seu corpo foi sepultado nesta Villa. Para constar mandei lavrar este assento que assino. O Vigário Horácio Teixeira”.
           

Prof. João Tavares Calixto Júnior

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2013/06/sobre-algumas-efemerides-de-isaias.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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