CANGACEIRO VILA NOVA

Por Noádia Costa

O alagoano Irlano Ferreira Lima era natural da cidade de Piranhas. Alto, magro, moreno e com um olhar forte e imponente. Pertencia ao subgrupo de Lampião e era afilhado do cangaceiro Luís Pedro.

Diferente de muitos cangaceiros que após a prisão tentavam justificar sua entrada no Cangaço, ele foi categórico em afirmar que gostava de ser cangaceiro e achava essa vida boa, pois tinha dinheiro e joias para se enfeitar.

Em entrevista após sua entrega ao jornal carioca A Noite , do dia 14 de novembro de 1938 afirmou:

"Gostava da vida no Cangaço. Mas depois da desgraça de Lampião, fiquei com vontade de me entregar á polícia. Da morte de Lampião pra cá ninguém mais teve sossego nem alegria. O "capitão " fez uma falta medonha a gente. Sentiu muito a sua morte, e como de Luís Pedro e D. Maria Bonita que Deus a tenha."

Ao centro o cangaceiro Vila Nova

Esse trecho da entrevista de Vila Nova mostra a situação de dificuldades e incerteza que muitos cangaceiros ficaram após a morte do líder Lampião. Tudo se tornou mais difícil e o cerco se fechava. A entrega era uma forma de garantir a vida .

Vila Nova estava presente no coito de Angicos em 28 de julho de 1938. Sobre tal episódio relatou: 

"Escapei pela misericórdia de Deus, e afirma: vi quando o chefe caiu e estrebuchando, baleado pelas forças do tenente Ferreira. Meu padrinho Luís Pedro caiu ferido aos meus pés. Pediu-me que o matasse logo. O que fiz foi apanhar seu mosquetão e fugir para as bandas do riacho onde o fogo era menor. Depois da fuga, fui me esconder na fazenda Cuiabá, onde me encontrei com Zé Sereno e com outros que fugiram do cerco".

Lá na fazenda Cuiabá souberam da morte dos 11 cangaceiros. Vila Nova falou ainda da alegria de estar vivo , mesmo estando preso. Segundo o escritor Bismarck Martins , Vila Nova sofreu muito na prisão. Pois se negava a fornecer qualquer informação que causasse a prisão ou morte de seus ex- companheiros. A foto abaixo mostra um pouco da sua personalidade. Mesmo estando preso e cercado pelas volantes, permanecia altivo. Um cabra da peste aqui do nordeste.

Foto: Vila Nova ao centro, cercado de volantes no quartel de Maceió, em 1939.
Foto cortesia de Audálio Tenório de Albuquerque
Foto retirada do livro Guerreiros do Sol

Bibliografias Consultadas:
* Cangaceiros de Lampião de A a Z
* Autor: Bismarck Martins

* Jornal A Noite
* Data: 14 de novembro de 1938

Fonte: facebook

Página: Noádia Costa

Grupo: Historiografia do Cangaço

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