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domingo, 28 de janeiro de 2018

CORDEL CONFÚCIO.

 Por: Medeiros Braga

“Do outro lado do mundo,
Antes de Cristo e Platão,
Habitou um ser humano
De raríssima expressão,
Ele era desses gênios
Que surge um em milênios
No mapa da criação.”

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Eu sempre achei Confúcio um filósofo extraordinário quanto a formação do ser humano. Os seus ensinamentos devem ser conhecidos pelo povo. Senão vejamos.

CORDEL CONFÚCIO

Do outro lado do mundo,
Antes de Cristo e Platão,
Habitou um ser humano
De raríssima expressão,
Ele era desses gênios
Que surge um em milênios
No mapa da criação.
São assim mais de dois mil
E quinhentos anos idos,
Bem antes dos pré-socráticos
Os filósofos inseridos
Nas ciências naturais
Sem compromissos a mais
Às causas dos oprimidos.
Seu nome latinizado
Era Confúcio, por vez,
Do principado de Lu
Em Xandum, solo chinês,
Descendente de um clã
Seria com seu afã
Um mestre justo, cortês.
Era a China nessa época
Uma colcha de retalho
Dividida em principado
Que dava grande trabalho,
Nesse clima rude, crúcio,
Nascera o gênio Confúcio
Para mover o seu malho.
Confúcio não sugeriu
Nem propôs para um poder
Algum regime específico
Para o povo se render,
Via como alternativas
As decisões coletivas
Tendo todos bom saber.
Na educação do povo
Ele foi um peregrino,
Viajou por toda China
Levando o seu bom ensino,
Depois, rompendo barreiras,
Extrapolou as fronteiras
Seu saber puro, divino.
Como Platão que de Sócrates
Seus trabalhos resgatou,
Os discípulos de Confúcio
Salvaram o que se lembrou:
Poesias, seus pensamentos,
As lições, ensinamentos,
Tudo que filosofou.
Foi Confúcio um filósofo
Para a política voltado,
Todo seu ensinamento
Estava sempre afinado
Com moral, com humanismo
E o belo idealismo
Do seu tempo, já sonhado.
Sensibilizou-se ele
Pelo constante contato
Com a miséria do povo
Que vive no anonimato,
Com vontade de lutar
Ele foi pra melhorar
A vida injusta de fato.
Reconhecendo o saber
Como mola do avante,
O ensino, a educação
Posta como relevante,
De tamborete e sacola
Abriu ele uma escola
Por vezes, itinerante.
Outras escolas, Confúcio,
Com estudo absorveu,
Ensinamentos de sábios
Dos quais alguns conheceu,
Muitos que, pensando adentro,
Colocaram lá no centro
O “homem” em seu apogeu.
À época já defendia
Atos da não-violência,
Em uma China guerreira
Teve bastante influência,
Acatava revidar,
Porém, jamais atacar
Mesmo na maior prudência.
Jamais tomar a família
Por seu padrão social
E colocar nos cabides
Do aparelho estatal...
Mesmo sendo, por fineza,
Uma tradição chinesa
Do sistema imperial.
Cargos públicos só seriam
Feitos por prioridade,
Sem que fossem preenchidos
Pela hereditariedade,
E sim, em grande atitude,
Por quem tivesse virtude,
Sobretudo honestidade.
Confúcio já defendia
Também a benevolência,
“o benévolo ama o homem”,
Um amor mútuo em essência,
Combina com a citação:
“Não faça aos outros o que não
Quer que vos faça”, em clemência.
A herança de Confúcio
No saber com tal firmeza
Marcou, e profundamente,
A sociedade chinesa,
Ele foi um professor
Que se foi, porém, deixou
Lições muitas sobre a mesa.
Quanto ao trabalho-prazer
Aconselhava em seguida:
Escolha um que mais ame,
De marca a mais preferida,
E não irá precisar
Como dever, trabalhar
Um único dia da vida.
Também, o grande filósofo
Dizia com precisão:
É muito mais preferível,
É melhor, há mais razão,
Que se acenda uma vela,
Do que antes, com querela,
Maldizer a escuridão.
Da sua perseverança
Um estímulo deixaria:
“Transportai um bom punhado
De terra, então, todo dia
E tereis sem tal façanha
Uma provável montanha
Pela qual se comprazia.
Homens há que a saúde
Perdem pra juntar dinheiro,
Depois o dinheiro perdem
Para tê-la o tempo inteiro,
E assim, logo depois,
Chegam a perder os dois,
Ambos deixam seu celeiro.
O jovem que ama o ouro
Muito mais que a virtude
Perde ambos e até mesmo
Sua própria juventude,
Se afunda entre os ais
Das coisas materiais
Desse mundo louco, rude.
“Nunca faças uma aposta”
Não compensa, é tudo rolo,
Essa mesquinha aventura
Não deixa de ser um dolo,
“Se sabes que vais vencer
És um patife”, a seu ver,
“Se não sabes és um tolo”.
Quem só pensa no futuro,
Esquecer deve o presente,
Acabando por viver
Sem os dois, infelizmente,
Sente o futuro morrido
E morre sem ter vivido
No presente, certamente.
Confúcio sempre mostrava
A lição da humanidade,
Como pode a educação
Vencer a dificuldade;
Que pelo conhecimento
O mundo em congraçamento
Há de ter felicidade:
Os grandes antigos, quando
Queriam, pois, propagar
Suas mais altas virtudes
Punham Estados no lugar,
Porém antes, em vigílias,
Punham em ordem as famílias
Que estavam a inquietar.
Mas, antes punham em ordem
A si próprios, com saber,
Aperfeiçoando as almas
Procurando sempre ser
Sinceros consigo mesmo
E ampliavam, sem esmo,
As fontes do conhecer.
Aperfeiçoando as almas
Sempre por ensinamento
Cada um tinha com que
Ficar em ordem e atento.
Assim, de saber repleto
Se torna o homem completo,
Também em ordem, a contento.
Quando o homem está em ordem
A família vai estar,
Devendo também o Estado
Com ordem se organizar;
Em ordem e organizados
Podem, a paz, os Estados
Com seus povos desfrutar.

Medeiros Braga

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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