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sexta-feira, 27 de julho de 2018

NASCIDOS PARA SOFRER


Por Alfredo Bonessi

Uma história que divide opiniões, com livros escritos sobre o tema,  nesse momento farei breves comentários sobre a vida Mari Todd, a esposa do Presidente Lincol.

De uma família sulista abastada, Mari Todd era baixinha, inquieta, sanguínea, extrovertida, alegre, bem disposta e compulsiva na hora de fazer compras.

Lincol chegou a Springfield sem um centavo no bolso e assim passou toda a sua vida. O casal se conheceu  e ensaiaram alguns passeios de charrete segundo ele, amizade apenas. O tempo passou e Mari Todd viu em Lincol um grande futuro, não se sabe como. Lincol era grandão, desajeitado, falava baixo, mansamente, olhos azuis profundos, tinha crises de abatimento e constantemente um vazio invadia a sua alma que o levava a depressão. Anos difíceis aqueles.


Estabelecido um namoro entre ambos os familiares foram veemente contra. Mari Todd lutou com todas as forças possíveis para manter o relacionamento. Pessoas que os conheceram a época afirmam que feitos os preparativos para o casamento, festa pronta, convidados, noiva de véu e grinalda, Lincol não apareceu e assim ficaram sem ver por dois anos. Um dia, por acaso se encontraram e voltaram a trocar juras de amor. Lincol volta a pedir Mari Todd em casamento: só se for hoje, hoje a noite disse ela, e o casamento foi feito naquele dia, as pressas. Algumas pessoas afirmam que Mari Todd tinha uma paixão não correspondida e que amava um ex-namorado que a deixou. Outros dizem que não, que Lincol e Mari Todd se amavam muito e trocavam juras de amor por carta e pessoalmente.

Após o casamento o casal foi viver modestamente e Mari Todd foi ser prenda do lar, com todos os encargos que uma mulher comum enfrentava naquele momento: o cuidado da casa, a lavagem de roupas, o cuidado da horta e também zelava pelo marido. Vida de muito sacrifício.

Comenta-se que Mari Todd passava o tempo a criticar Lincol: a maneira de sentar a mesa, o jeito de andar, de comer, a corcunda   criticava constantemente o jeito de ser do marido.

Lincol passou de advogado a senador muito rapidamente. As coisas melhoraram nas rendas e a casa deles começou a receber os filhos. Mari Todd estava firme no posto.

Veio a campanha presidencial e Lincol ganhou. Quando Mari Todd chegou a Casa Branca tinha as mãos cheias de calos. Enfim Mari Todd teve o seu sonho realizado, ser a esposa do presidente.

Imediatamente estourou a Guerra Civil Americana uma tragédia para todo o país. Não é preciso aqui relatar esse acontecimento histórico e as dificuldades porque passaram toda a sociedade americana da época: incertezas, destruição, miséria, assaltos, roubos, estupros, assassinatos por ambos os lados, aflição, dúvidas sobre quem ganharia a guerra, desolação, incêndios, desemprego e muita recessão. Lincol se desdobrava por todas as frentes de batalha orientando e levando animo a todos os combatentes. Na Casa Branca Mari Todd com os filhos e alguns filhos de famílias amigas levavam uma vida alegre e de brincadeiras, e gastava muito. Reformou a casa Branca e gastou $ 16,000,00 quando Lincol soube comentou: gasto desnecessário os soldados não possuem nem cobertores. Nota-se aí o desvio de finalidade de vida do casal. Enquanto Lincol lutava com dificuldades para manter a União, Mari Todd pensava em comprar e gastar compulsivamente.

Mari Todd era odiada pelos americanos. Os nortistas a chamavam de sulista imunda; os sulistas a chamavam de traidora. A critica era ferrenha contra ela: se fazia alguma coisa era atacada pela imprensa; se deixava de fazer era criticada da mesma maneira.

Depois que Mari Todd foi mãe, Lincol passou a chamá-la de Mãe, ou Mãezinha uma forma carinhosa de lidar e tratar a inquieta esposa. Conselhos não adiantavam. Lincol passou a ser um mediador de conflitos entre a índole tempestiva da esposa e os acontecimentos ao redor dela. O clima chegou a tal ponto de Lincol comentar com amigos: não tenho vontade de ir para a casa.

Algumas pessoas afirmam que Lincol era apaixonado por um jovem, chegando a morar com ele por quatro anos.

Enquanto a guerra recrudescia violentamente a sorte começou a pender para o lado da União, graças às medidas tomadas pelos generais nortistas Chermam, Grant e Sheridam, que optaram por destruir tudo por onde as tropas sulistas deveriam passar. O sul, com uma frente muito ampla, começou a entrar em colapso.

Na vida dos Lincol a morte começou  a rondar a casa deles. Filhos após filhos foram morrendo isso levou o casal a dor e ao desespero profundo. Foram três mortes seguidas dos filhos mais queridos, ficando apenas um que não se dava bem com a mãe. Mari Todd estava devastada e Lincol também.

http://desciclopedia.org/wiki/Abraham_Lincoln

Veio a reeleição e a vitória do Norte sobre o Sul. Festas, comemorações, alegrias por toda as partes, Lincol estava feliz e era ovacionado e bem aceito por ambos os lados. Começou a usar barba porque uma menina escreveu uma carta a ele dizendo que com a barba ele ficaria mais bonito. Em uma viagem o trem parou em uma estação e a menina teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o Presidente. Trocaram algumas palavras e Lincol seguiu viagem.

O lance histórico que atentou contra a imagem de Mari Todd foi quando ela e algumas esposas de alguns generais foram convidadas para passarem revistas a tropa da união, em uma solenidade militar. A carruagem da Mari Todd se atrasou e Lincol passou em revista a tropa com uma outra senhora, mais nova e mais bonita do que ela, esposa do General Grant. Mari Todd sabendo disso e  em uma reunião social, na presença dos generais e demais esposas, atacou essa senhora com palavrões e descompostura, chegando Lincol a intervir educadamente, e sem solução, se limitou a ficar olhando com tristeza para a esposa briguenta.

Mari Todd endividada e temendo que os lojistas cobrassem Lincol na Casa Branca eles estavam a fim disso porque tinham perdido a paciência com ela, começou a pedir ao Partido Republicano que pagassem as suas contas. Alguns políticos aceitaram e até pagaram, mas a dívida era enorme, e Lincol não sabia de nada.

Lincol ganhava por ano, como presidente,  $ 25,000.00 e Mari Todd devia no comércio $ 75,000.00 três anos de dívidas  a frente  do salário do marido.

O fim do sofrimento

Um grupo de sulistas inconformados com os destinos  da guerra, imaginou que poderia realizar uma contra revolução, assassinando as principais autoridades nortistas, inclusive o Presidente dos EUA. Plano feito, passaram   a prática.

Escritores afirmam que foi Mari Todd que insistiu com Lincol para ir ao teatro; outros dizem que não, que ele manifestou o desejo de sair naquela noite. Anteriormente Lincol tivera um sonho em que perguntava a uma pessoa: quem está morto ali ? o que essa pessoa respondeu: o presidente. Foi assassinado. Apesar da premonição foram ao teatro. Mari Todd contemplava  constantemente a face alegre do marido que estava presa as cenas que se desenrolava no teatro. Um vento frio tomou conta do ambiente. Lincol se levantou pegou o sobretudo e vestiu, tornou a sentar-se. Escutou-se um tiro e Lincol caiu para frente. A bala entrou do lado esquerdo da cabeça, cruzou o cérebro e foi se alojar no parietal direito. Lincol ficou inconsciente e foi levado para uma casa de fronte ao teatro. Os médicos pouco puderam fazer, mas quando o cirurgião quis explorar aonde se encontrava a bala uma hemorragia intensa se apresentou e ao amanhecer Lincol foi declarado morto. Mari Todd entrou em pânico, se descontrolou e não encontrou mais consolo na vida.

Para a sorte de Lincol,  ele morreu e não ficou sabendo das dívidas da esposa.

Mari Todd recebeu de herança de Lincol pouco mais de $ 110,000.00 e continuou a gastar. Pediu uma pensão ao Senado Americano que a princípio negou, mas depois concedeu a ela uma pensão de $ 3,000.00.
O fim

Uns dizem que Mari Todd foi internada em um manicômio por ordem do filho que não gostava dela,  devido a vida desregrada que ela tinha,  gastando mais do que podia. Outras pessoas afirmam que  Mari Todd acabou os seus dias na casa de uma irmã, triste, sozinha, encolhida em uma cama,  onde adormecera e não acordara no dia seguinte, aos 74 anos de uma vida atribulada, agitada, cheia de sonhos irrealizados, que não sabemos culpar a quem, se a ela ou ao destino. Deixo esse julgamento aos leitores.

Alfredo Bonessi

Enviado pelo pesquisador do cangaço capitão Jorge Alfredo Bonessi

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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