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domingo, 22 de setembro de 2019

DNA PODE REVELAR MORTE DE LAMPIÃO EM 93

Por William França
Este material foi escrito em 13 de novembro de 1996 Folha de São Paulo

ADENDO

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"Observe leitor, que o olho direito do Lampião de Buritis não ficou branco como o de Lampião verdadeiro de Serra Talhada-PE. Mesmo com o defeito o olho do velho permaneceu preto".

ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE E A MINAS GERAIS

O juiz José Humberto da Silveira, da comarca de Arinos (MG), deve decidir nesta semana se autoriza a exumação de um corpo enterrado em Buritis (MG), cidade sob sua jurisdição. Motivo: pode ser o corpo de Lampião, o Rei do Cangaço.

O cadáver é de um fazendeiro que morreu em 93, de parada respiratória. Tinha 96 anos -mesma idade que teria Lampião, se vivo.

Para o fotógrafo mineiro José Geraldo Aguiar, 47, esse homem foi o verdadeiro Lampião. Aguiar levantou a história do fazendeiro e fez o pedido de exumação.




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Já o olho direito do Lampião verdadeiro de Serra Talhada-PE perdeu o preto (pupila acho que é isso, não entendo de oftalmologia) fazendo com que ficasse branco. 

Com a exumação, será possível confrontar o DNA (código genético) do cadáver com o da única filha reconhecida de Lampião e Maria Bonita, Expedita Nunes, que mora hoje em Aracaju (SE).

Se a exumação for autorizada, deverá ser feita pelo IML (Instituto Médico Legal) de Brasília. Consultada pelo IML, Expedita concordou em fazer o exame.

Dez nomes

Há quatro anos e meio, Aguiar recolhe dados sobre um fazendeiro, dono de 300 hectares, que se instalou no início dos anos 50 na margem esquerda do rio São Francisco, na cidade que leva o mesmo nome do rio, em Minas Gerais.



Alguns fatos estranhos cercaram a vida do fazendeiro. Aguiar identificou pelo menos dez nomes diferentes usados por ele.

Adendo:

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"Pra que Lampião se esconder no meio de 10 nomes quando 1 ou 2 eram suficientes para ele não ser reconhecido, e principalmente naquela época que era mais fácil se ocultar? 

A mentira rolou feio"

Tanto que o conheceu como João Lima, os amigos tratavam-no por Luís, na lápide do cemitério está escrito Antônio Teixeira Lima e na certidão de óbito consta o nome Antônio Maria da Conceição.

O fazendeiro morou em pelo menos 15 cidades diferentes com Maria Lima (supostamente Maria Bonita), em quatro Estados (Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Goiás) - além de São Francisco, ele morou em Montes Claros, Irecê e Buritis, entre outros municípios. A tendência foi sempre morar às margens do rio São Francisco.

Com Maria Lima teve dez filhos, o mais velho hoje com 63 anos. Em uma viagem à Bahia, conheceu Severina Alves Moraes, a Firmina, com quem teve uma filha, hoje com 22 anos. Depois da morte de Maria Lima, o fazendeiro passou a morar com Firmina.

Segundo Aguiar, o fazendeiro temia represálias pelos crimes atribuídos a Lampião e, por isso, além de se esconder durante todo esse tempo, só autorizou que sua história fosse contada após sua morte.

Adendo: 

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"Veja bem leitor, que medo fazia a Lampião de ter ido se esconder lá para as bandas de Minas Gerais e não voltar mais a sua terra, quando ele muito sabia que em 1940 Getúlio Vargas tinha indultado todos os cangaceiros, e ele podia voltar o dia que quisesse para rever os parentes e amigos em Serra Talhada e em outras cidades de Pernambuco. E por que isso ele nunca ele fez? 

Após tantas décadas passadas Lampião ainda estava com medo de represália? Quando ainda jovem e procurado pela polícia ele não tinha medo, e depois de várias décadas ainda tinha medo? 

Que mentira boa danada!".

Ainda segundo Aguiar, houve resistência de alguns filhos em revelar a sua biografia. Foi Firmina, com autorização de alguns filhos, quem passou uma procuração que dá amplos poderes ao fotógrafo.

A procuração inclui propriedade sobre a história do fazendeiro e até autorização para exumações.

Aguiar conheceu o fazendeiro casualmente, quando buscava testemunhas numa rua de São Francisco. Ele queria processar a prefeitura da cidade e precisava de depoimentos em seu favor.

"Pego de surpresa pelo meu pedido, assim à queima-roupa, na porta da sua casa, ele mostrou-se arredio. Não quis testemunhar. Contaram-me que ele tinha sido ligado ao cangaço e resolvi investigar. Quanto mais investigava, mais coincidências apareciam com a história do Lampião", contou o fotógrafo ao lembrar como conheceu o fazendeiro.

Aguiar tem documentos e depoimentos apontando evidências de que essa pessoa pode ter sido Virgolino (com "o", conforme certidão de nascimento obtida pela Folha) Ferreira da Silva, o Lampião.

"Ele costumava dizer: 'Homem que é homem não mente. Eu sou o verdadeiro Lampião. Homem nenhum conseguiu matar Lampião, e só Deus será capaz de me matar'." Segundo o fotógrafo, essa frase só foi dita depois de vários meses de conversa entre os dois.

"Ele era um homem muito sério, fechado. Nunca sorria. Falava pouco, com uma voz grossa que lembrava a de Mário Covas (governador de São Paulo)."

Adendo:

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"Sobre a voz grossa do suposto Lampião eu tenho minhas dúvidas. Eu acho que já li, não afirmo com clareza, poderá ter sido um sonho meu, que Lampião não falava fino, mas a sua voz não era de chamar a atenção de ninguém, isto é, grossa como afirma o texto (mas não é afirmação do autor do texto e sim do José Geraldo Aguiar que conheceu bem a voz grossa do suposto Lampião).

 A voz de Lampião verdadeiro estava muito longe da voz do político Mário Covas. Não era a sua voz que o fazia ser respeitado pelos cangaceiros. Ele era respeitado porque nasceu para comandar pessoas do bem ou do mal, e elas todas o obedeciam.  

Quem ainda poderia falar sobre o timbre de voz de Lampião com urgência é a dona Dulce Menezes, que é a única ex-cangaceira da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia" que está viva. 

Os pesquisadores e escritores que moram perto dela poderiam fazer esta interrogação, e um que tem condição de sobra de fazer a ela esta pergunta sobre a voz de Lampião é o  escritor Tião Ruas que é o seu genro, casado com Martha Menezes".

Olho direito

Segundo Aguiar, o fazendeiro tentava esconder o olho direito atrás de grossas lentes de óculos, muitas vezes estilhaçadas, e tinha a pálpebra direita caída.

No cangaço, Lampião sofreu um ferimento no mesmo olho quando jovem e lacrimejava constantemente, além de ter um defeito físico que impedia a abertura total da pálpebra.



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O ser humano em termo de matéria é a cópia do outro ou dos outros. Quem tem problema com um olho ou com os olhos não há diferença. Olhos com problemas que tinha Lampião ou de qualquer um, vivem lacrimejando sem exceção. Por isso não quer dizer que o Lampião de Buritis era o verdadeiro Lampião de Serra Talhada, no Estado de Pernambuco. 

O fotógrafo está concluindo um livro, "Lampião, o Invencível", com depoimentos de 45 pessoas, fotos e cópias de documentos.

Entre os documentos estão uma carteira de identidade e o registro, em um sindicato rural, que deu ao fazendeiro o direito de aposentar-se pelo extinto Funrural.

Os documentos têm assinaturas que serão usadas em exames grafotécnicos (há textos manuscritos de Lampião). Na foto da identidade do fazendeiro dá para ver, claramente, o problema do olho.

História

Virgolino Ferreira da Silva segundo os livros de história, foi morto no dia 28 de julho de 1938 em emboscada na Grota (vale) do Angico, em Poço Redondo (SE) - às margens do rio São Francisco, divisa com Piranhas (AL).



Ele estaria junto com Maria Bonita e outros nove cangaceiros. Todos foram decapitados.


Segundo Aguiar o suposto Lampião morreu com o nome de Antônio Maria da Conceição, em 3 de agosto de 1993, em Buritis (MG). Maria Bonita (oficialmente Maria Gomes de Oliveira), com o nome de Maria Teixeira Lima, teria morrido aos 70 anos, em 3 de agosto de 78, em Montes Claros (MG).


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Maria Bonita nasceu no dia 08 de março de 1911. Se ela morreu em 1978 possivelmente ela estava com 67 anos e não com 70 anos como afirmou os depoentes ao escritor José Geraldo Aguiar.

Informação: Os comentários que eu fiz sobre o texto são apenas as minhas inquietações, assim dizia o escritor Alcino Alves Costa, e não atrapalham os escritores e pesquisadores do cangaço, e não tem valor para a literatura lampiônica


Algumas pessoas estudiosas do cangaço acham que não se deve publicar textos quando não estão de acordo com a literatura lampiônica. Mas na minha humilde opinião acho que devemos publicá-los apresentando as falhas que tem o texto, porque se nós deixarmos as mentiras rolarem soltas elas irão ganhar credibilidade, principalmente confundir a mente dos que estão engatinhando o cangaço. Por isso acho importante publicá-los, desde que seja para mostrar os erros que neles existem.  


"O texto é excelente e não estou duvidando do autor e nem do José Geraldo Aguiar, mas do Lampião de Buritis e dos depoentes de lá, porque Lampião morreu sem sombra de dúvida na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico nas terras de Poço Redondo, no Estado de Sergipe".


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