Acervo do José João Souza
Virgolino aos 20 anos
Em novembro de
1919, Antônio Mathildes foi vítima de uma denúncia, a qual atribuiu ao major
João Nogueira e ao seu genro, José Saturnino. Mathildes foi preso e espancado
pelo cabo da Força Pública de Pernambuco Antônio Marques da Silva, conhecido
por Antônio Maquinista, pela acusação de proteger os cangaceiros do bando de
Sinhô Pereira. Foi aprisionado. Não havendo provas foi solto no dia seguinte
por ordem de Agnelo Alves de Barros - Tio de José Saturnino. Depois que foi
libertado foi pousar nas terras alagoanas, onde formou um grupo de cangaceiros.
Na chefia desse bando provocou muitas desordens nas terras dos marechais.
Passado um ano de sua prisão em Vila Bela, retornou Antônio Mathildes à ribeira
do Pajeú, dessa vez com o objetivo exclusivo de vingar-se de José Saturnino e
dos Nogueiras, pelo simple fato de julgar que a sua prisão fora por culpa dos
mesmos.
Em 14 de
setembro de 1920, Antônio Mathildes, na chefia de um bando composto por José
Dedé, vulgo Baliza, Antônio Victorino, vulgo Gato, Raymundo Maximiano Moraes,
José Pretinho, Luiz Mariano, vulgo Luiz Pão, Antônio Ferreira, *Virgolino
Lopes, Levino Ferreira, Manoel Benedito, José Benedito, Olímpio Benedito,
Ferraz de Vitória e um tal de Laranjeira, atacou a fazenda Maniçoba, de José
Saturnino, causando grande tiroteio. Queimaram as cercas da fazenda, deixando
exposta uma grande lavoura de algodão e legumes. Mataram ainda dez criações de
cabras, várias reses e queimaram umas quinhentas cargas de milho pertecentes a
José Ssturnino. Embora com número insuficiente de homens para uma luta renhida
com os cabras de Antônio Mathildes, José Saturnino conseguiu afastá-los de sua
propriedade, evitando maiores prejuízos.
No mesmo dia
os denunciados seguiram para Serra Vermelha e, sempre fazendo grandes tiroteio,
incendiaram os cercados das fazendas do major João Nogueira e de José Nogueira,
ficando prejudicadas por esse meio uma grande plantação de legumes ali
existente. Abateram cabras e bois pertencentes aos Nogueira. Depois saquearam a
casa da viúva Lúcia Urbano, pertencente a mesma fazenda, roubaram tudo quanto
foi objeto de valor.
Prosseguindo
na jornada dirigiram-se para fazeda Mutuca, exigindo do senhor Venâncio Barbosa
Nogueira, por meio de um recado de Antônio Mathildes, a entrega de um rifle ou
a importância de cem mil réis, sob ameaça de incendiar o cercado da fazenda,
caso o seu pedido não fosse atendido.
No dia
seguinte, segiuram para fazenda Lemos, onde queimaram a casa pertecente a José
Nogueirs, na qual residia José Guedes dos Santos e servia também de depósito de
mantimentos. Estava cheia de cereais, milho e feijão. Sacrificaram bovinos e
cabras e ainda incediaram um cercado pertecente ao mesmo José Nogueira, no qual
havia plantações de milho, feijão e outros legumes. Antes de incediarem a casa
de José Guedes, mandaram que o mesmo se retirasse dela. Ao sair de sua casa os
bandidos desfecharam-lhe diversos tiros, dos quais se livrou milagrosamente.
Depois atearam fogo em sua moradia, da qual somente restaram as paredes. Não
obstante a superioridade do grupo de cangaceiros, os proprietários dessas
fazendas reagiram à bala em defesa de seus patrimônios, fazendo com que os
bandidos se dispersassem na caatinga.
Antônio
Mathildes tomou o rumo das alagoas, não tornando mais a pertubar os Nogueiras e
muito menos Zé Saturnino. Uma batalha com muitos prejuízos materiais, porém sem
perdas de vidas humanas, para ambas as partes. Depois desse episódio não mais
foram roubados bodes ou bois de Zé Saturnino ou dos Nogueira. Ficou então
esclarecodo que o chefe dos ladrões era mesmo Antônio Mathildes.
De volta ao
estado de Alagoas, Antônio Mathildes formou um novo grupo de cangaceiros, tendo
em companhia Virgolino Ferreira e seus irmãos. Em 09 de maio de 1921, com 7
bandoleiros, saqueou o povoado de Piraconhas, próximo à cidade de Água Btanca,
simplesmente para vingar-se do delegado e do chefe de polícia da comarca,
Amarildo Batista, responsável pela prisão de João Ferreira, que, juntamente com
o delegado de Piraconhas, havia revistado a casa de Antônio Mathildes e dos Ferreiras.
Nove dias depois, José Ferreira, pai de Lampião, foi assasdinado pela polícia
alagoana, sob o comando do sargento José Lucena. Então, ficou claro que o saque
cometido em Piraconhas por Antônio Mathildes e Virgolino foi uma represália da
polícia daquele estado, que resultou na morte de José Ferreira.
Pelo que se
sabe, Mathildes, após esse ataque à povoação de Piraconhas, dera nova direção
para sua vida, não se sabendo mais notícias do dito-cujo. Afastou-se de vez da
vida de cangaceiro.
* Virgolino Lopes
- Conforme consta no processo judicial, arquivado no Memorial da Justiça de
Pernambuco: pasta: Vila Bela, 1920, denúncia - CR (Cangaceiros). Contra:
Antônio Mathildes e outros. CX, 1016.
Fonte: PEGADAS
de um SERTANEJO
De: Antônio Neto e José Alves Sobrinho
De: Antônio Neto e José Alves Sobrinho
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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