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segunda-feira, 27 de junho de 2022

LAMPIÃO NO RN, MEDO TERROR E SANGUE - PARTE V - MOSSORÓ EXIBIA PROSPERIDADE EM 1927

 Por José de Paiva Rebouças


Por sua localização, entre duas capitais: Natal e Fortaleza, e por ser um importante entreposto  para a região do alto e médio Oeste, Mossoró sempre foi desenvolvida.

Em 1927, nmo município exibia um período de prosperidade econômica e expansão comercial e industrial. Possuía o maior parque salineiro do País, bem como três beneficiadoras de algodão, casas compradoras de peles de animais e cera de carnaúba.

https://www.omossoroense.com.br/cia-alfredo-fernandes-industria-e-comercio-geraldo-maia/

Dispunha ainda de um porto por onde escoava sua produção, tinha boas estradas e ainda era cortado por uma estrada de ferro que ia do litoral ao sertão.
 
A população estimava em 20 mil habitantes tinha energia elétrica, dois colégios religiosos, agências bancárias e repartições públicas, informações valiosas que endossavam os interesses de Isaías Arruda, Massilon Leite e Lampião.

https://www.youtube.com/watch?v=VO9hPCvDxDo&ab_channel=FatosnaHist%C3%B3ria-Canga%C3%A7oeNordeste

INÍCIO DA PELEJA COM A PRISÃO DE ANTÔNIO GURGEL

Depois das informações colhidas eu reunião com o intendente sobre a presença de Lampião nas redondezas, o bancário Jaime Guedes foi conversar com sogro coronel Antônio Gurgel do Amaral.

http://honoriodemedeiros.blogspot.com/2012/10/os-misterios-do-ataque-de-lampiao_24.html

Embora não tivesse informações confiáveis, Gurgel temia que o bando chegasse à fazenda Brejo, localizada na ribeira do Apodi, hoje Felipe Guerra, onde estava sua mulher.

Saiu de Mossoró por volta de uma da tarde, mas já próximo do destino, o motorista Francisco Agripino de Castro, o Gatinho, tomou o caminho errado. Ao descer a ladeira do Mato Verde, ao invés de cobrar para a direita, foi para a esquerda, entrando em terras da fazenda Santana, onde estavam arranchados o cangaceiros.

Francisco Agripino de Castro, o Gatinho - https://tokdehistoria.com.br/tag/antonio-gurgel-do-amaral/

Ao perceber a emboscada, Gatinho tentou fugir, mas foi em vão. Com medo dos tiros, Gurgel mandou que parasse o veículo. À distância, Coqueiro ordenou que entregasse a arma e o dinheiro.

"Entreguei-lhe a carteira, onde tinha cerca de um conto e quinhentos mil réis, e uma pequena pistola automática. Então o patife me passou uma revista. Tirou-me a aliança do dedo e um par de óculos que estava no bolso, apoderando-se também de uma caixa onde estavam 50 balas de rifle que eu levava para um amigo", relatou coronel Gurgel em seu diário, escrito durante os 13 dias que ficou refém dos cangaceiros.

O coronel foi condizido ao quartel do grupo. No caminho, toparam com Sabino Gomes que fixou o resgate: "Esteja preso por dez contos de réis". Na casa de Manoel Valentim, Gurgel viu seus dois irmãos, José e Fausto Gurgel que foram sequestrados por 1 e 5 contos de réis, respectivamente.


Educado, tentou ponderar com Lampíão sobre o preço do resgate. Pediu para ir até a cidade levantar o dinheiro, mas Sabino tomou a frente: "A sua prisão custa agora quinze contos de réis se ainda "fala"! Mande um dos seus irmãos a Mossoró. Você fica preso", disse.


Com a ordem, o homem cancelou a tentativa de negociação. Sugeriu que o irmão Fausto fosse até Mossoró com Gatinho buscar o dinheiro do resgate. Mandou com ele um bilhete endereçado ao genro Jaime Guedes, gerente do Banco do Brasil, contando o ocorrido e pedido ajuda.

O bilhete de Antônio Amaral.

Jaime: Estou preso pelo Sr. Virgulino, o qual exige quinze contos, preciso, porém que você mande vinte e um contos para salvar-me e a meus irmãos. O portador é Fausto, a quem você despachará com urgência. 

Deus nos proteja. Antônio Gurgel.

Mossoró recebe o primeiro aviso.


Alguns quilômetros à frente, Fausto e Gatinho avistaram os comerciantes. Alfredo Dias e Porcino Costa, velhos conhecidos. Receosos com os cangaceiros, iriam se refugiar em Mossoró. Desconfiaram do horário da carona e fizeram pressão pela verdade. Fausto não teve como esconder por muito tempo.

Passando pelo povoado de São Sebastião, hoje Governador Dix-sept Rosado, Alfredo Dias pediu que parasse o carro. Contrariando os pedidos do amigo para manter silêncio sobre o caso, foi até a estação férrea e pediu o funcionário para avisar a Mossoró que Lampião estava próximo. 

O telefonista João Câmara realizou a tarefa após algumas tentativas. Dias ainda convenceu o funcionário Aristides de Freitas a não fechar o lugar. Por volta das oito e meia da noite, Jaime Guedes finalmente recebia o bilhete de Antônio Gurgel na presença do intendente Rodolfo Fernandes.

Continuarei amanhã.

Fonte - Revista Brava Gente  do Jornal de fato.com

Páginas 18 e 19

Mês Junho de 2022.

Digitado e Ilustrado por José Mendes Pereira - administrador deste blog.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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