Por Luís Bento
Um moleque
chamado Vicente, natural da Cabeça-do-porco, sítio do município de Princesa,
caíra no cangaço pouco meses antes do assalto a cidade de Sousa. Vicente
recebeu a alcunha de Lua-Branca.
Três dias após
o regresso da quadrilha, Lua-Branca encontra-se na estrada com o Sr. Zuza
Rodrigues, fazendeiro em cuja cozinha acabará de se criar e até então vivera
lambaindo e por quem sempre guadara muito respeito. Interrogando por aquele
homem que, bem ou mal fora seu benfeitor, o facínora sentiu-se à vontade, e falou
sem constrangimento nem exageros suas respostas.
—
Entao,vicente, como se sairam vocês em Souza?
— Bem seu
Zuza. Lá não houve nada. a coisa foi facil mesmo. Ô gente mole danada! seu
Zuza. a cabroeira tomou conta de tudo sem trabalho nenhum.
— escuta,
vicente. E roubaram muito ?
— roubaram !
Seu Zuza. garanto que foi pra mais de duzentos contos so em dinheiro. quanto o
resto eu nao posso caucular porque não sei quanto custa roupa boa, joia e
outros troços que nem conheço. Seu Zuza, teve cabra que trouce troço que nem
sabe pra que presta...
Falou tambem
Lua-Branca de um desentendimento havido em caminho, quando de regresso, entre o
o negro Meia-noite e os irmaos Ferreiras, inclusive o chefe do bando e
consequentimente o seu chefe.
Meia noite
sempre experto com um caxingulé na ramada, fora um dos que melhor saque
conseguira. juntando os cobre que conseguiram surrupiar à as suas vitimas de
Sousa, somavam os roubados a quantia de Nove contos de Reis em dinheiro . era o
quanto trazia encafuado em seus muafos.
Acontece que
na manha seguinte, ao levantar-se deu o criolinho pela falta de seu rico
dinheiro, produto do seu trabalho honesto. O negro ficou danado da vida, porem
nao gritou logo. Primeiro tratou de se equipar apressadamente, e só então pois
a boca no mundo, de forma violenta. E como se tivesse razão fundadas e
convicção plena acusou diretamente os irmaos ferreiras Antonio e Livino, como
autores do furto que se dizia vítima:
— Foi essa
parea de gatume que roubou o meu dinheiro !! e vão pagar agora mesmo ou então
eu arrebento os miolos desse dois cachorro du bute! Os acusados prestaram
inocência com muita ênfase e arrogancia. Lua Branca, exigindo de dedo no
gatilho a restituição do boró roubado. Ou lhe entregariam os cobres ganho com o
suor do seu rosto ou o diabo se soltaria na quele instante. o chefe do bando
conhecia muito bem a especie de urutú com quem havia oito anos vinha
chafurdando na lama do crime. Não teve outro saida se não idenizar do seu bolso
de salteador a importancia reclamada pelo seu hidrófodo comandado. Pagou os
nove contos de reis e depois exigiu-lhe a entrega das armas.
— Seu Zuza, a
neguin macho dos diabos! Deu um pulo pra fora du libombo de cangaceiros, levou
a bala do mosquetão à agulha e respondeu firme e risoluto para o nego vei...
— Se tiver
homem no meio dessa mundiça que venha tomar! inclusive você, seu fi de uma
égua!
—Seu Zuza o
cabra pra fazer na hora daquela o que aquele neguin fez é preciso que ele seja
mesmo cuiúdo precisa saber que diabo é medo e nunca ter nem escutado falar da
morte.
— E como a
peitica, hein", vicente ?
— ficou nisso
mesmo seu Zuza. apois ficou todo mundo quieto. o senhor sabe muito bem que
ninguem é besta mode botar covo na agua onde sabe que tem jacaré...
— Ao Teu ver
vicente o que teria acontecido se Lampião tivesse resolvido desarmar
Meia-Noite? achas que poderia fazer alguma coisa contra tantos?
— num sei não,
seu zuza. Que eles matavam o neguin num tinha talvez!! mais uma coisa eu
garanto ao senhor; é que antes de morrer ele fazia miséria, nego vei era um
homem e que antes de morrer ele fazia miseria. Nego vei era um riba dele feito
óio de cascavel acanhada. Entao nego vei mandou que ele fosse simbora. deixe
aqui ele tinha si riminado e ele num queria revoutosos no grupo.
— E ele que
fez diante dessa resolução de expulsão do Grupo ?
— não se
importou não, Seu Zuza. Sempre zangando, disse pra nego veio; vou mesmo! o nego
Meia-Noite é homem, aqui e em qualquer lugar! de hoje em diante nào preciso
mais dessa bosta! bando de ladrão safado!
E la se foi estrada
a fora qui inté parecia cum a gota serena.
Fonte:
Serrote Preto-
Lampião. Seus Sequazes
( Rodrigues de
Carvalho).
LUÍS BENTO
Diretor de
Cultura.
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