Por Epitácio de Andrade Filho
A família Limão era um grupo étnico que no século XIX resistiu ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai, combateu o Cangaço de Jesuíno Brilhante e participou ativamente da Revolta dos Quebra-Quilos.
Corria o ano de 1866, o alferes Francisco Alves Brasil, sobrinho e amigo de Jesuíno Brilhante, comandava um pelotão de recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai, quando foi emboscado por Chico Limão e sua gente, sendo ferido fatalmente por uma descarga de bacamarte. Durante o velório do parente, Jesuíno então com 22 anos, retira um pouco de sangue dos ferimentos do delegado morto, faz uma cruz em seu “Bargado” e jura revide, iniciando o ciclo de cangaço por vingança. O direcionamento para tornar os Limões recrutas da guerra era justificado porque este se voltava aos pobres, negros e indígenas. O fato narrado ocorreu entre Patu e Catolé do Rocha e está descrito na Revista de História em Quadrinhos sobre Jesuíno Brilhante (2ª edição- 1987), elaborada por Emanoel Amaral e Alcides Sales.
Em Solos de Avena (1964), Alício Barreto faz referência a uma agressão de Jesuíno contra o jovem Zé Limão, após entrega de uma junta de bois, que motiva uma série de contraofensivas dos Limões aos Brilhantes, sendo a mais conhecida a desferida em Lucas Brilhante no Povoado da Conceição, zona rural de Catolé do Rocha.
Em dezembro de 1871, ocorreu o assassinato a punhal de Honorato Limão por Jesuíno Brilhante em Patu.
Alício Barreto também se reporta à participação da família Limão na Revolta dos Quebra-Quilos.
Em Patu, a ocorrência dessa importante insurreição ficou registrada na denominação de uma comunidade rural. O Sítio “Quebra-Quilo” fica localizado às margens da estrada que liga a cidade ao município de Messias Targino, nas proximidades do pórtico alusivo à ”Terra do Voo Livre”. Aliado à sua singular historicidade, os Limões foram agricultores pertencentes à Fazenda Dois Riachos (Major Zé Lobo) na era escravista e almocreves (Tropeiros) no início do século XX, segundo lúcido relato do senhor José Firmo Limão aos 99 anos. Durante entrevista, o agricultor Zé Limão, também conhecido como ‘Zé Catonho’, afirmou que coube ao cearense José Rodrigues de Barros a proteção do clã contra o preconceito remanescente do período cangaceiro. A maioria dos Limões da geração pós-cangaço está sepultada no cemitério antigo de Almino Afonso, no médio-oeste potiguar.
Os Limões resistiram ao Recrutamento Forçado para a Guerra do Paraguai, participaram ativamente da Revolta dos Quebra-Quilos e combateram o cangaço de Jesuíno Brilhante até o episódio final, que resultou em sua morte, no mês de dezembro de 1879. O crânio do cangaceiro foi trasladado para o acervo do médico psiquiatra Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, e se encontra perdido para fins de identificação.
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