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quarta-feira, 9 de março de 2011

AUTA DE SOUZA

Por: José Mendes Pereira
 
Auta de Souza

Auta de Souza - a maior poetisa do Rio Grande do Norte

           Auta de Souza nasceu no dia 12 de setembro de 1876, na cidade de Macaíba, no Estado do Rio Grande do Norte. De corpo esbelto, falava só o bastante, de cor morena. Era filha de Eloi Castriciano de Souza, que veio a falecer aos trinta e oito anos de idade, e de Dona Henriqueta Rodrigues de Souza de Souza, tendo falecido aos 27 anos de idade, ambos foram afetados com o vírus da tuberculose.                   

            Próximo a completar 3 anos de idade, Auta de Souza ficou órfão de mãe, e com um anos depois ficou órfão de pai. Auta de Souza não teve boa vida, foi sofrida até o dia de sua morte.

           Aos dez anos de idade, viu o seu irmão Irineu Leão Rodrigues de Souza partir para eternidade, causado por uma explosão de um lampião de querosene, na noite de 16 de fevereiro de 1887.

           Com a morte dos pais, Auta de Souza e seus quatro irmãos foram criados em Recife, pela avó materna Dona Silvina Maria da Conceição de Paula Rodrigues, e seu esposo Francisco de Paula Rodrigues, este vindo a falecer logo que Auta de Souza completou seis anos de idade.

           Antes de completar 12 anos de idade, Auta de Souza foi matriculada no Colégio São Vicente de Paulo, no bairro da Estância, e lá foi acolhida pelas religiosas franciscanas, e neste colégio, Auta de Souza foi muito bem educada com: Literatura, Inglês, Música, Desenho e deu um grande passo na língua francesa, o que lhe permitiu ler no original: Lamartine, Victor Hugo, chateubriand, Fénelon. 

           De 1888 a 1890, Auta de Souza estuda, recita, verseja, ajuda as irmãs do Colégio, aprimora a beleza de sua fé, na leitura constante do Evangelho.

           Aos 14 anos, continuava no Educandário Estância. Mas em 1890, apareceram os primeiros sintomas da enfermidade que lhe roubou, em plena juventude, o viço e foi a causa de sua morte. 

           Aos 16 anos, mostrou o seu talento poético, e apaixonou-se pelo jovem Promotor Público de Macaíba, João Leopoldo da Silva Loureiro, com a duração apenas de um ano e poucos meses.

           Auta tinha amor profundo pelo promotor, mas a tuberculose progredia e seus irmãos convenceram-na a renunciar.

            A separação foi cruel, mas apenas para Auta. O Promotor não demonstrou a menor reação... É verdade que gostava de ouvi-la nas festas caseiras a declamar com sua belíssima voz envolvente, aveludada e com ela dançar quadrilhas, polcas e valsas, mas não era o homem indicado para amar uma alma tão delicada e sonhadora como Auta de Souza. Faltava-lhe o refinamento espiritual para perceber o sentimento que extravasava através dos olhos meigos da grande Poetisa.

            Infelizmente Auta de Souza faleceu na madrugada de 7 de fevereiro de 1901, numa quinta-feira à uma hora e quinze minutos, na cidade de Natal, exatamente com 24 anos, 4 meses e 26 dias de idade. 

            Foi sepultada no cemitério do Alecrim e em 1906, seus restos mortais foram transladados para o jazigo da família, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Macaíba, sua terra natal. 

Horto

           Em 1900, publicou seu único livro, Horto, de significativa repercussão e cujo prefácio foi escrito por Olavo Bilac, o poeta brasileiro mais célebre daquela época. Edições de Horto:1900 (Rio de Janeiro), com prefácio de Olavo Bilac. Esgotou-se em dois meses.1910 (Paris), contendo nota biográfica de seu irmão Henrique Castriciano1936 (Rio de Janeiro), com prefácio de Alceu Amoroso Lima (o Tristão de Ataíde)1964 (Natal), incluiu 17 poemas inéditos da escritora2001 (Natal), com um estudo crítico de vida e obra.O cancioneiro de Auta de Sousa é composto pelos seguintes poemas:

               Agonia do Coração  
              Ao Cair da Noite
              Ao Luar
              À Eugênia
              Caminho do Sertão
              Desalento
              Meu Pai
              Meu Sonho
              Nunca Mais
              Olhos Azuis
              Palavras Tristes
              Regina Coeli
              Rezando (que deu origem à canção Róseo Menino)Teus Anos.

Eis o descanso eterno, o doce abrigoDas almas tristes e despedaçadas;Eis o repouso, enfim; e o sono amigo
Já vem cerrar-me as pálpebras cansadas.

Amarguras da terra! eu me desligo
Para sempre de vós… Almas amadas
Que soluças por mim, eu vos bendigo,
Ó almas de minh’alma abençoadas.

Quando eu d’aqui me for, anjos da guarda,
Quando vier a morte que não tarda
Roubar-me a vida para nunca mais…

Em pranto escrevam sobre a minha lousa:
“Longe da mágoa, enfim, no céu repousa
Quem sofreu muito e quem amou demais”.

Ao pé de um berço
A Leopoldina Monteiro  
Pensei em ti, Leopoldina, escrevendo estes versos; quero
             que os cantes embalando o teu Milton. 
 

Dorme, dorme, pequenino
Encanto de meu amor;
Que o sono doce e divino
Cerre-te as folhas, ó flor!
 
Fecha os olhos, meu filhinho;
E pede ao sono que leve
Ao céu, em faixas de linho.
Tu’alma da cor da neve.
 
Mas não demores, meu filho,
Volta nas asas do amor,
Traz a meus olhos o brilho,
Traz a meu seio o calor.
 
Meu coração é um ramo
Onde teci o teu ninho;
Dorme nele, gaturamo,
Ó sonho branco de arminho!
 
Dorme, dorme; de mansinho
Vou te embalando a cantar...
Esconde as asas no ninho,
Não quero ouvir-te chorar.
 
Fecha os olhos docemente
E voa longe da terra,
Dorme o teu sono inocente,
Ó nívea pomba da serra!
 
Dorme, santinho, as estrelas
Virão cobrir-te com um véu;
Não chores se queres vê-las
Fazer de teu berço um céu.
 
Foge da noite aos abrolhos
Neste celeste abandono;
Eu guardo um sonho nos olhos
Para dourar o teu sono.
 
Olha, meu santo, Jesus,
Que tanto amava os meninos,
Vela sorrindo da cruz
O sono dos pequeninos.
 
E a mãe do céu, nos espaços
Deixando de luz um trilho,
Traz o filhinho nos braços
Para beijar-te, meu filho!
 
Recebe o carinho amigo
E pede ao rei do Universo
Que fique a sonhar contigo,
Dormindo no mesmo berço.
 
Às duas mães, n’um sorriso,
Sobre o ninho velarão...
E eu direi ao Paraíso,
Baixinho, no coração:
 
Qual dos dois mais luz encerra,
Envoltos no mesmo véu:
O filho da mãe da terra?
O filho da mãe do Céu?
 
Dorme, bonina nevada,
Enquanto eu velo a cantar;
Guia-me à pátria adorada,
Ó doce estrela do Mar!
 
Dorme e não chores, criança!
A Lua do Céu sorri -
Na vida sem esperança
Eu hei de chorar por ti.

             Fontes de pesquisas: Jornal de Poesia
                                                   pt.wikipedia.org/wiki/

Ao Pé do Túmulo

Auta de Zouza - natal

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