Seguidores

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Uma tarde com Teófilo Pires do Nascimento

Escrito por: João de Sousa Lima


            Saímos de Paulo Afonso, eu, Nely Conceição e Josué, adentramos o Raso da Catarina, cruzamos o povoado Salgadinho e fomos ver a casa onde nasceu a cangaceira Lídia, a mais bela mulher do cangaço.
 
         Lateral a casa aonde ela nasceu, encontramos José Luiz, "Sinhozinho", o último irmão vivo da cangaceira. Do Salgadinho seguimos até o povoado Juá, lugar que viu muitos filhos e filhas irem para os diversos bandos de cangaceiros; No Juá fotografamos alguns pontos vistados pelos cangaceiros e os escombros da casa de João Lima, morto pela volante do sargento Pessoa, acusado de ser um dos coiteiros de Lampião.
 
           Do Juá partimos em direção ao Brejo do Burgo, reserva indígena dos Pankararé, lá visitamos dona Germana, com 102 anos de idade, irmã de João de Clemente, jovem morto por Lampião, no povoado Serrote.
 
           Além de dona Germana estivemos com "Seu Coquinho", primo do cangaceiro Arvoredo e irmão do soldado volante Artur Figueiredo; Do Brejo cruzamos o Raso; Passamos no Salgado do Melão, lugar onde reside Joana, a irmã mais nova da cangaceira Dadá.
 

            Passamos na "Baixa do Ribeiro", localidade onde nasceu Dadá, centro do raso da Catarina, bela paisagem circundada pela exuberante Serra Tonã; Adiantamos e chegamos em Macururé, tomamos uma água gelada e seguimos até o povoado São José, encontrando o ex-soldado de volante, Teófilo Pires do Nascimento, com ele visitamos a igreja do povoado, espaço sagrado para a comunidade.
 
 Sobre esta imagem acima, Ivanildo Régis afirma que Ivanildo Silveira, pesquisador e colecionador do cangaço, faz a seguinte observação: “Embora a identificação dos cangaceiros da foto acima seja um tanto polêmica, consultando especialistas, é quase unânime que a legenda mais que mais se aproxima da realidade, é a seguinte: Lampião; Ezequiel, Virgínio, Luiz Pedro, Mariano, Corisco, Mergulhão e Alvoredo.
          
           Nessa igreja Lampião, Corisco e mais alguns companheiros assistiram missa em 1928; Teófilo e sua família nos serviram um delicioso almoço, sentamos na calçada, conversamos, os amigos do velho sertanejo se fizeram presentes, demonstrando o verdadeiro carinho do Nordestino. Fizemos uma tarde de autógrafos e presenteamos alguns livros; Chegou a hora de partir e fomos até Chorrochó, fotografar a igreja construída pelo Antônio Conselheiro.
 
Antonio Conselheiro

           Chegamos lá com o sol se pondo, fotos tiradas e seguimos na direção do Ibó, atravessamos a ponte, noite escura, animais na pista, uma vaca cruza repentinamente meu caminho, freio bruscamente o carro, ele derrapa e segue na direção do animal, puxo o volante na tentativa de evitar o impacto; o atrito do pneu freado com o asfalto soa como forte grito, a vaca se assusta, volta na direção do carro, o carro continua andando mesmo com os freios acionados, o impacto é inevitável, estrondo, gritos, vidro quebrado, respiro forte, olho os amigos e a esposa, todos bem, a vaca ainda deitada, carros vindo, me certifico que todos estão bem e sigo viagem, cruzando Floresta, Petrolândia e enfim as luzes de Paulo Afonso, 11:30, chegamos, fazemos o relatório da viagem, risos, recordações, lembranças só boas, roteiro cansativo mais gratificante e uma coisa em comum: lembranças da tarde ao lado daquele homem de voz grossa, alto, forte, com seus 94 anos e brincando de ser menino, tratando todos com carinho, amigo verdadeiro, difícil não gostar dele. Até a próxima...
 
Extraído do blog do próprio autor deste texto:
João de Sousa Lima

Um comentário:

  1. Caro Mendes,
    essa viagem foi uma verdadeira odisseia, uma aventura que todos devem passar um dia.
    o Teófilo é uma figura interessantissima e um grande amigo.
    parabéns e obrigado por postar um pouco da minha trajetória.
    abraço
    joão de sousa lima

    ResponderExcluir