Por: Ana Lúcia
Ana Lúcia, Lily e Wescley Rodrigues
Mediante a importância e a necessidade de orientar os navegantes, o farol é um instrumento indispensável para guiar com sua luz, a escuridão noturna de suas águas. Era esse o propósito do jornal “O Pharol.” Iluminar. Levar para as pessoas, o conhecimento, os fatos, as notícias da Região, do Brasil e do Mundo, informações em geral, como também prestar diversos serviços sociais a sociedade petrolinense e região.Desde os tempos de criança, Joãozinho era leitor assíduo da revista infantil O Tico- Tico começando a partir dessas leituras, a fazer um jornalzinho manuscrito que intitulou de “Correio da Infância” que circulou até 1914.
João Ferreira Gomes, fundador do Jornal, era um jornalista preocupado com os detalhes, apresentava as matérias sistematicamente bem escritas e ilustradas. Sem interrupção, o Jornal O Pharol, foi o hebdomadário de maior longevidade de todo o interior do nordeste. Fundado a 07 de Setembro de 1915, mas somente a 10 de Setembro do corrente ano surgiu a primeira edição impressa.
O jornal toda semana trazia noticias sobre o banditismo que assolava o sertão e região e em especial sobre o bandoleiro mais temido do nordeste – Lampião que era manchete e motivo de reportagens diárias pelos crimes que cometia em todo Estado de Pernambuco e outros Estados nordestinos. Seu Joãozinho escrevia a matéria sobre o cangaceirismo de forma detalhada e ao mesmo tempo preocupado em relação aos sertanejos que estavam na mira deste bandoleiro e suas façanhas, apelando sempre para as autoridades competentes que tomassem providências contra as investidas constantes de Lampião e seus comparsas na sociedade sertaneja que sofria de todas as formas. O jornal é muito rico em detalhes na escrita e as informações eram passadas para os leitores com seriedade e em tempo quase real, pois contava com colaboradores que o auxiliavam na coleta de informações vindas de vários lugares por onde ele passou para expor na coluna do semanário do Pharol.
Desde a década de 1920 ate o final da década de 1938 períodos sólidos e finais do cangaceirismo no sertão, o jornal O Pharol foi um referencial escrito de grande importância para escritores, pesquisadores de renome nacional que vinham aqui na cidade de Petrolina ou na capital, Recife, onde existem exemplares do jornal para consultarem em suas folhas antigas, sensíveis e desgastadas pelo tempo, variados fatos sociais e policiais do nosso sertão e Estado referentes à saga lampiônica. Os leitores de todas as classes sociais que desejavam saber noticias de Lampião e seu bando, tinha no jornal O Pharol o que precisavam saber pela seriedade do seu redator em levar a notícia a todos com qualidade e fidelidade para o jornal merecida mente reconhecido como o mais antigo noticiário do interior do nordeste que permaneceu de pé até o final dos anos de 1980.
Na oficina que se produzia o Jornal O Pharol, também existia uma belíssima e organizada livraria com sortimento completo de livros em branco, material para escritório, livros escolares, revistas, sempre atualizadas trazidas das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do país.
Nascido em Petrolina a 11 de Julho de 1901, “Joãozinho do Pharol,” foi um homem que entrou para a História dos Meios de Comunicação como um exemplo a ser seguida pelo dinamismo, autenticidade, compromisso e respeito por todos aqueles que acreditavam no seu trabalho e trabalho sério porque além dos leitores locais, tinham até assinantes do jornal no exterior!
Que gratificante para um jornalista ver o seu trabalho valorizado, reconhecido e agraciado com diversas honrarias que entre elas podemos destacar: Comenda do Mérito Jornalístico ao Jornal “O Pharol” por ser o pioneiro na região Sanfranciscana; Honra ao Mérito conferido pelo Rotary Clube Juazeiro/Petrolina; Medalha de Ouro do Mérito Cultural pelo Governador da época Eraldo Gueiros em 1975, enfim, merecidas homenagens a quem deixou um legado de homem íntegro e de mais de setenta anos do noticiário escrito mais duradouro da região. Apesar da falta de apoio e incentivo por parte daqueles que não puderam ou não continuar o trabalho do bravo jornalista João Ferreira Gomes, o jornal feneceu no final da década de 1980.
Seu Joãozinho faleceu aos 91 anos no Estado do Espírito Santo, sudeste do país, no dia 19 de Janeiro de 1993, portanto, dezoito anos que ele se foi, mas sua História de bravura, seu exemplo de profissionalismo e destemor em divulgar as notícias inseridos em seu contexto e realidade juntos, permanece até hoje na lembrança do povo petrolinense e de todas as gerações que com orgulho, viram e acompanharam o processo evolutivo do mais antigo jornal em circulação do interior do Nordeste.
A relevância deste periódico para a cidade de Petrolina, região e mundo, era de uma importância indubitavelmente necessária para o setor jornalístico do Vale do São Francisco até porque contribuiu e muito para o sucesso de muitos trabalhos escritos de escritores nacionais e principalmente pernambucanos que mostrou os fatos que aconteceram numa época aqui ainda de forma quase precária, mas seu Joãozinho como sempre, carregava em suas veias de profissional sério e compromissado em levar as informações a todas as pessoas em todos os aspectos sociais, políticos, de saúde, educação e lazer, bem como propagandas de diversas mercadorias e utilidades públicas a população. Parabéns ao jornal O Pharol pelos seus relevantes serviços prestados, agradecendo a todos que fizeram desse jornal um grande veículo de comunicação e o mais duradouro jornal em circulação.
Ana Lúcia Granja Souza
Pesquisadora e Historiadora
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