Seguidores

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Lampião e o Libanês - Parte II

Trilha de sangue nas pedras de Angicos

Há 70 anos, no dia 28 de julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros foram surpreendidos por volantes no local onde ele se sentia mais protegido.

De barco, são 12 quilômetros a partir de Piranhas, em Alagoas. O desembarque, na outra margem do Rio São Francisco, já é em Sergipe. 

Serão mais dois quilômetros, ladeira acima, por uma trilha estreita na caatinga, até chegar à Grota de Angicos, lugar disputado na Justiça pelos municípios de Poço Redondo e Canindé, sendo que o último é considerado o vencedor pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por ano, cerca de 20 mil pessoas fazem o trajeto que reconta os últimos passos de Lampião e Maria Bonita na face da Terra. Gente como a advogada Priscila Lobato, 25 anos e o analista de sistemas Leonardo Dantas, 32. O casal, que mora no Recife, aproveitou o passeio para tirar fotos ao lado das cruzes que assinalam o local das mortes de 11 cangaceiros tombados no alvorecer do dia 28 de julho de 1938.

Angicos, cuja área de 140 hectares pode ser tombada como patrimônio histórico e paisagístico nacional, tornou-se unidade de conservação estadual desde março deste ano e atrai o interesse de pesquisadores, estudantes em excursões e turistas em férias. Quem chega ao local surpreende-se, mesmo sem a menor experiência em estratégia militar, com a precariedade de defesa em caso de um ataque.

Corisco já advertira a Lampião, em outras ocasiões, que aquele esconderijo seria uma “cova de defunto” se as suas três saídas fossem cercadas. Mas o chefe maior dos cangaceiros sentia-se à vontade em sua barraca armada em meio às pedras do leito seco do Riacho Tamanduá. 

Amigo pessoal do interventor sergipano Eronildes de Carvalho, um dos seus maiores coiteiros, sabia que a polícia do estado não iria lhe importunar.

Naquele final de julho de 1938, Lampião convocou uma reunião dos grupos menores exatamente naquele ponto. Na véspera de sua morte, já havia chegado a Angicos o bando de Zé Sereno. Os de Corisco e Labareda estavam próximos, ainda do lado alagoano. Que assunto Lampião iria tratar com seus comandados? Para Frederico Pernambucano de Mello, seria comunicar que iria tomar o mesmo caminho que seu único chefe, SinhôPereira, havia feito em 1922: abandonar o Nordeste e começar uma nova vida em outra região. “Ele iria para Minas Gerais. Perguntaria quem estaria disposto a seguir com ele numa jornada perigosa, margeando o São Francisco. Brigaria numa disputa entre dois coronéis e depois iria se assentar”.

Com 40 anos de idade, Lampião estaria cansado da vida do cangaço. O tempo dos grandes combates e árduos deslocamentos já havia passado. O progresso, com novos armamentos para as volantes e a abertura de estradas pelo interior do Nordeste, reduziu a área de atuação dos bandidos. Em vez de ataques diretos a cidades, os bilhetinhos de Lampião a grandes fazendeiros e comerciantes é que rendiam bons dividendos no final da década de 1930. O dinheiro era guardado em notas passadas a ferro no cinto “papo-de-ema”. Moedas só serviam para enfeites.

Outra versão para a grande reunião em Angicos seria a definição de um grande ataque à volante de José Aniceto, que promovia uma perseguição constante aos cangaceiros. Amaury Correia de Araújo destaca que na véspera de sua morte Lampião preparava os trajes de José, um sobrinho de 17 anos que iria entrar para o bando. Neste caso, como um homem que perdeu três irmãos, Antônio, Livino e Ezequiel, iria admitir mais um parente no bando se estaria preparando sua aposentadoria?

A verdade por trás da morte de Lampião desaparece em uma neblina, a mesma que cobria o acampamento em Angicos na madrugada de 38 de julho de 1938. Enquanto os cerca de 35 cangaceiros dormiam, sem nenhum sentinela, 48 soldados de volantes alagoanas se aproximavam. O comando da operação ficou por conta do tenente pernambucano João Bezerra, chefe de polícia em Piranhas. Ele dividiu os homens com o também tenente Aniceto Rodrigues e o aspirante Francisco Ferreira de Melo. Cada um dos três grupos tratou de fazer o cerco nos pontos de fuga do esconderijo. As volantes de João Bezerra e de Francisco Ferreira de Melo foram conduzidas, respectivamente, pelo coiteiro Pedro de Cândido e o irmão, Durval. Por não ter guia, a volante de Aniceto Rodrigues se perdeu e deixou uma saída livre para a fuga de parte dos cangaceiros.

O ataque se deu no clarear do dia. O soldado Abdon desobedeceu à ordem de João Bezerra e deu o primeiro tiro no cangaceiro Amoroso, que mesmo baleado conseguiu escapar do massacre que se daria logo a seguir. A metralhadora Hotchkiss, colocada em uma elevação a menos de 15 metros do acampamento, fez a maior parte do serviço. Lampião foi atingido no tórax e no baixo ventre, mal teve tempo de esboçar uma reação. Ainda baleada, Maria Bonita teria lembrado a Luiz Pedro, que já fugia, a sua promessa de permanecer ao lado do chefe. Depois, teria implorado para não ser morta, mas acabaria, sendo algumas versões, sendo degolada ainda viva.

CONTINUA...
Fonte: 
http://revistamuito.atarde.com.br/?p=4464


Clique no link para você assistir a entrevista que  Frederico Pernambucano de Melo cedeu ao  programa Jô Soares


http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2012/01/jo-soares-entrevista-frederico.html



Informação: 
O texto não apresenta autor, apenas suponho que foi escrito pelo Dr. Ivanildo Silveira, já que é da página "Orkut".

Nenhum comentário:

Postar um comentário