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quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Cangaceiro Moreno - Publicado em 09.09.2010

O ex-cangaceiro Moreno com o historiador baiano João de Sousa Lima.(Foto: Blog do historiador João de Sousa Lima)

Morre Moreno, remanescente do bando de Lampião

O pernambucano Antônio Ignácio da Silva tinha 100 anos e morava em Belo Horizonte com o nome José Antônio Souto, adotado ao sair do bando

BELO HORIZONTE - Um dos últimos cangaceiros integrantes do bando de Virgulino Ferreira, o Lampião, o pernambucano Antônio Ignácio da Silva morreu aos 100 anos na última segunda-feira, em Belo Horizonte. O corpo de Moreno, como ele era conhecido no cangaço, foi enterrado na manhã de terça-feira (8/9/2010/, no Cemitério da Saudade, na capital mineira, em meio a uma chuva de fogos de artifício.

O ex-cangaceiro, nascido em Tacaratu (457 quilômetros do Recife) e que adotou o nome de José Antônio Souto após deixar o bando, vivia em Minas havia 70 anos, para onde fugiu junto com a mulher, Jovina Maria da Conceição, conhecida com Durvinha - que faleceu em 2008, aos 93 anos.

Ele foi descoberto pelo pesquisador João de Souza Lima, que escreveu o livro Moreno e Durvinha, sangue, amor e fuga no cangaço. Moreno faria 101 anos em 1º de novembro e morreu vítima de insuficiência respiratória, segundo Neli Maria da Conceição, de 60 anos, filha do casal.

"Depois que minha mãe morreu ele ficou meio triste, depressivo. Estava muito fraquinho. Acabou ficando numa cadeira de rodas. Ultimamente ele pedia muito que a mãe dele o buscasse porque não via mais sentido na vida dele", disse Neli. "Ele morreu igual a um passarinho, sem sofrimento, sem nada."


Moreno e Durvinha tiveram seis filhos. Na busca pelo irmão mais velho, Inácio Carvalho Oliveira, atualmente com 72 anos, que havia sido deixado pelo casal de cangaceiros em Tacaratu, foi que Neli descobriu, em outubro de 2005, a verdadeira história dos pais. "Era um segredo dos dois, do meu pai e de minha mãe. Queriam que esse segredo morresse com eles. Eles ainda tinham medo de serem descobertos e mortos."

O casal chegou a Minas no fim da década de 1930, fugindo dos ataques das forças federais que dizimou o grupo de Lampião - morto em 1938. Após quatro meses de fuga, margeando o Rio São Francisco, eles se estabeleceram na cidade de Augusto de Lima, na Região Central do Estado. Adotaram novas identidades e prosperaram vendendo farinha. No fim da década de 1960, o casal se mudou para Belo Horizonte.

Durante o sepultamento na região leste da capital, parentes e amigos assistiram a uma chuva de fogos de artifício. Foi um pedido de Moreno. "Porque ele nunca imaginou que teria o privilégio de ter uma cova. Sempre achou que ia ser morto, ter a cabeça cortada e ser comido por bichos no mato como os outros cangaceiros", explicou Neli.

CINEMA

A história do casal Moreno e Durvinha será contada no documentário O Altar do Cangaço, dirigido pelo cineasta cearense Wolney de Oliveira, que compareceu ao enterro.Há mais quatro ex-cangaceiros vivos: José Alves de Matos (Vinte e Cinco), Manoel Dantas (Candeeiro), Aristeia Soares de Lima e Dulce. Todos com mais de 90 anos.

Fonte: Jornal do Commercio

Cangaço perde último homem, em BH, que fez parte da trupe de Lampião
José Antônio Souto tinha 100 anos e morreu na região norte da capital.
Filme sobre a vida dele deve ser lançando em 2011.
Alex Araújo e Cíntia Paes
Do G1 MG

Com 100 anos e debilitado, o ex-cangaceiro José Antônio Souto, conhecido como Moreno, que morava em Belo Horizonte, morreu na última segunda-feira (6). Souto foi enterrado no Cemitério da Saudade, região leste da capital mineira, com muitos fogos de artifício. Um filme que conta a vida dele nos sertões nordestinos deve ser lançado em 2011. Moreno era um dos últimos integrantes do grupo de Lampião.

De acordo com o filho Murilo Antônio Souto, de 63 anos, o pai estava acamado e, apesar de consciente, estava fraco e se alimentava mal. "Ele tinha muito cansaço e não andava", disse Souto, que morava com o pai. O homem centenário, que tinha complicações cardíacas, teve uma parada cardiorrespiratória em casa, no bairro Tupi, região norte de BH, e não resistiu.

Ainda segundo Souto, o pai deixou seis filhos - cinco deles moram em BH - e o outro no Rio de Janeiro. "A quantidade de netos eu nem sei, precisaria contar", falou.

A vida do ex-cangaceiro Moreno será retratada no longa-metragem documentário "Os Últimos Cangaceiros", que deve ser lançado em novembro deste ano em festivais de circuitos nacional e internacional. "Aqui no Brasil, a estreia está prevista para o fim do primeiro semestre de 2011", contou o cineasta cearense Wolney Oliveira.

Ele explicou que usou imagens antigas do ex-cangaceiro com a mulher, Jovina Maria da Conceição, a Durvinha, e fotos de jornais. Ainda segundo Oliveira, para produzir o filme, a equipe visitou os estados de Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro. "Temos imagens da década de 1936", exemplificou.

No filme, segundo Oliveira, algumas histórias são destacadas como a sobrevivência de Moreno no ataque que vitimou Lampião e dos policiais, conhecidos como "Macacos", que faziam as implacáveis perseguições contra os cangaceiros. "Mas ele (Moreno) era temido pelos policiais. Houve uma época que mil deles caçavam Moreno". Oliveira destacou, ainda, que há 45 longas de ficção sobre o cangaço, mas que o filme dele é o primeiro documentário.

Moreno na história

O historiador João de Sousa Lima, escritor do livro "Moreno e Durvinha: sangue, amor e fuga no Cangaço", falou ao G1 sobre a morte do cangaceiro José Antônio Souto. "Ele foi muito importante no contexto histórico do Cangaço pela amizade com Virginio, cunhado de Lampião, por ter assumido Durvinha", disse.

Segundo o historiador, Moreno era um ótimo atirador, e muito arisco. "Altamente arisco. Matou mais de 20 pessoas e nunca sofreu um tiro. Bom de mira."

Lima conta que, depois que Virginio morreu, Moreno assumiu a liderança do grupo dele. E se casou com Jovina Maria da Conceição Souto, a Durvinha. Após a morte de Virgulino Ferreira, o Lampião, em 1938, Moreno, segundo o historiador, ainda perambulou por dois anos na região entre Pernambuco e Alagoas,

Do grupo reunido por Lampião no início do século XX, quatro ainda estão vivos. De acordo com Lima, todos já têm mais de 90 anos. Manuel Dantas Loyola, o Candeeiro, hoje mora em Buique (PE) e José Alves de Matos, o 25, mora em Maceió. E ainda tem mais duas mulheres cangaceiras, segundo João de Sousa Lima: Dulce, em Campinas (SP), e Aristeia Soares de Lima, que mora em Paulo Afonso (BA).

Fonte: globo.com


Lembrando ao leitor que só restam três cangaceiros:
Candeeiro, Vinte e Cinco e a cangaceira Dulce.

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