Por Antonio Corrêa Sobrinho*
COMO O PADRE CÍCERO EXPLICA E JUSTIFICA A GUARIDA QUE DEU AO CÉLEBRE BANDOLEIRO
Sinhô Pereira e Luiz Padre - eram primos - Sinhô Pereira foi o único patrão de Lampião
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COMO O PADRE CÍCERO EXPLICA E JUSTIFICA A GUARIDA QUE DEU AO CÉLEBRE BANDOLEIRO
Embora
orientado por um ponto de vista demasiadamente cristão, para não dizer
cavalheiresco, o padre Cícero explica sua atitude, justificando sua atuação no
caso, com aquela simplicidade de todos conhecida e com a bondade de coração que
a caracteriza.
Trazendo a público sua opinião, um pouco destoante da austera responsabilidade
social de um homem do seu prestígio, respeitamos, entretanto, o seu modo de
apreciar o fato, porque antes de tudo, a sua exposição foi sincera e bem
intencionada.
Interrogado por que não mandava repelir ou prender Lampião e seus asseclas,
quando para isto bastava um simples aceno à autoridade policial, então amparada
por mais de 800 homens armados das forças legais de Juazeiro, respondeu com a
boemia de um apóstolo que se receia de fazer mal ao próximo:
- Não, meu amiguinho! Lampião procurou o Juazeiro com intuitos patrióticos
(sic); ele pretende se alistar nas forças legais para dar combate aos
revoltosos. Uma vez vitorioso, espera que o governo lhe perdoe os crimes. Este
homem que veio a Juazeiro, confiar em minha proteção, pretende se regenerar. Se
não for possível alistá-lo nas forças legais, eu o encaminharei para Goiás,
onde levará vida honesta, como já fiz com o Senhor Pereira e Luiz Padre.
Sinhô Pereira e Luiz Padre - eram primos - Sinhô Pereira foi o único patrão de Lampião
Está
mais ou menos demonstrado que os governos de Pernambuco e Paraíba não
conseguirão prender Lampião, entregando seu bando à Justiça. O povo é sempre o
prejudicado nestas causas: é vítima de Lampião, e muitas vezes da polícia
também... Este estado de coisas pode ser modificado facilmente: - eu consigo
que Lampião se vá embora para muito longe e, assim, ficaremos livres deles.
Porém, mandar prendê-lo, aqui em Juazeiro, nestas circunstâncias?! era um ato
de revoltante traição, indigno, de qualquer homem quanto mais de um sacerdote
católico.
Eu prevejo que muita gente agora e principalmente meus desafetos vão dizer que
eu estou mancomunado com Lampião; mas, não é tal. Aqui no Juazeiro, eu recebo
todas as pessoas que me procuram e fico satisfeito em prestar assistência a um
transviado da sociedade procurando guiá-lo ao bom caminho.
- Mas, padre Cícero, o governo pode anistiar ou perdoar criminosos comuns?
- Pode, meu amiguinho, pode.
- Está bom...
*Antonio Corrêa é pesquisador do cangaço.
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Amigo Mendes e professor Antonio Corrêa Sobrinho, não sou católico, mas confio plenamente nas palavras do Padre Cícero quanto a aceitação da presença do Rei do Cangaço em Juazeiro numa ocasião tão embaraçosa - a presença da Coluna Prestes. E creio que assim como ele (o Sacerdote), havia convencido Sinhô Pereira a abandonar a vida errante que levava, poderia também usar os mesmos argumentos com Lampião após a solução do combate que ele iria enfrentar contra os revoltosos da Coluna Prestes.
ResponderExcluirSão coisas que talvez façam parte dos "MISTÉRIOS" do cangaço.
Abraços,
Antonio José de Oliveira - Bela Vista - Serrinha - Bahia.