Por Antonio José de Oliveira
Tenho recebido através E-mails e pelo
Blogdomendesemendes, excelentes matérias escritas e pesquisadas pelo
Articulista e grande Pesquisador JOSÉ MENDES PEREIRA, da extraordinária Cidade
de Mossoró – SOLO querido do Rio Grande do Norte.
Desta feita o MENDES escreveu um
amplo texto, intitulado “UM TRISTE ASSASSINATO”. E, após ter lido e realizado
uma releitura, tive a curiosidade de testar o meu pobre poder de assimilação e
interpretação. Não sem antes contactar com o autor, procurando me informar se o
fato é verdadeiro, ou ficcional, o que ele me respondeu sê-lo um fato real,
inclusive conheceu pessoalmente a vítima e o autor do trágico fato, apenas não
usou os verdadeiros nomes dos personagens. Assim, fiquei tranquilo para a
elaboração do meu modesto texto.
Mendes começa descrevendo o triste
acontecimento “lá pelos idos dos anos SETENTA”, quando um cidadão de nome
fictício João Capistrano, a princípio funcionário exemplar de uma empresa da
Terra Potiguar, possuidor de uma boa conduta, motorista de primeira categoria,
amigo do patrão e se relacionava muito bem com os colegas de trabalho. Enfim,
nada havia contra sua reputação.
Mais tarde, segundo José Mendes, a
empresa não ia tão bem, devido o atraso nos pagamentos dos clientes que
supostamente deviam dinheiro da compra das mercadorias recebidas, que
impossibilitava a reposição do estoque de matéria-prima para um novo
fornecimento de mercadoria à clientela.
O funcionário João Capistrano era, ao
mesmo tempo, entregador das mercadorias e recebedor dos pagamentos. Só que o
patrão não estava vendo a cor do dinheiro; o João não trazia os pagamentos,
justificando que não havia recebido e, que receberia na próxima entrega.
O proprietário da empresa resolveu
viajar com o funcionário João Capistrano na próxima entrega para entender o que
estava acontecendo. Ao chegar à presença do primeiro cliente, foi sendo
decepcionado com seu funcionário, quando o mesmo apresentou ao comprador uma
nota da sua dívida e o mesmo disse-lhe que não estava devendo nada, e que comprava
tudo sempre a dinheiro. “Outros e outros confirmaram que nada deviam”.
“O João há meses ou talvez anos,
vinha traindo seu patrão, Não prestava contas conforme o que recebia dos
fregueses”.
Naquela trajetória de visita aos
clientes, “o João estava inquieto por não encontrar argumento para
defender-se”. Logo que ninguém devia nada, o patrão também não entendia nada,
por ser “o homem sempre de confiança, agora era um verdadeiro caloteiro”.
“O João aceitou todas as palavras grosseiras
que o patrão proferiu naquelas circunstâncias. Não tinha como reverter essa
situação desonesta”. “O patrão resolveu retornar logo para Mossoró, porque
seria inútil acusar os seus fregueses de devedores, após a comprovação da
desonestidade do João”.
Retornaram ao local de origem da
empresa; estrada a fora ninguém falava com ninguém. O clima estava pesado, e
como a Sagrada Escritura afirma que “um abismo chama outro abismo”, ao chegar
adiante o patrão pediu para o João parar o carro no acostamento que ele
precisava urinar. Após o carro parado, o patrão entrou na margem da caatinga
para sua necessidade fisiológica. Enquanto isso, o João apossou-se de um
revolver, desferindo pelas costas um tiro no patrão, que em meio à dor clamou
que ele não desse outro tiro. Não adiantou sua súplica; recebeu o segundo tiro
fatal e aí mesmo ficou estendido no chão.
Segundo o nosso articulista, ao ver o
patrão morto, João arrependeu-se por haver matado um homem que muito lhe
ajudou. Agora “o João arrastou um canivete do bolso e cortou sua própria testa
para fingir que fora assaltado. Em seguida deu um tiro em sua coxa, e mesmo
sangrando seguiu a estrada de Mossoró, dirigindo com dificuldade. Adiante parou
e deu sinal para um motorista que vinha em sentido contrário”.
Foi conduzido a um hospital em
Mossoró, e “ali no leito hospitalar João preparava a sua defesa. E ao sair do
hospital, foi prestar depoimento à polícia. João caiu em contradições e
confirmou ter matado o patrão, com vergonha, ao saber que ele havia tomado
conhecimento do dinheiro desviado da empresa. João foi levado a Júri e
condenado a uma sentença de trinta anos de reclusão, na Colônia Penal de
Natal”.
“João era um preso exemplar, e após
alguns anos, ganhou o direito de ficar o dia fora da cadeia, e à noite era
obrigado dormir lá”.
Acontece que – logo que “um abismo
chama outro abismo” -, mesmo em liberdade (pelo menos durante o dia), a vida de
João corria risco. Quem bate, esquece, mas quem apanha continua lembrando da
dor sofrida. Afirma Mendes que uma irmã do patrão de João não se conformava em
ver o homicida do seu irmão em liberdade nas ruas, e contratou um pistoleiro
para executá-lo. O pistoleiro estrategicamente aproximou-se da sua presa; num
bar-lanchonete lancharam juntos; jogaram sinuca juntos; beberam à vontade
juntos, e quando o João estava em estado de embriaguês, foi convidado para um
passeio nas ruas da cidade. No mesmo carro do pistoleiro foi conduzido a um
local deserto onde ao João foi feita a pergunta: Você está lembrado que matou
seu patrão? João respondeu: Lembro sim, mas já faz muitos anos.
“O pistoleiro apertou o gatilho, e o
João caiu morto, como um passarinho”, afirma José Mendes, autor da matéria
original.
“Cortou-lhe as duas orelhas e levou-as
para sua contratante, como comprovação da “missão” cumprida”.
Faço agora a seguinte pergunta ao
leitor: Como um funcionário “portador de boa conduta; profissional do volante
de primeira categoria; possuidor de bom relacionamento com os colegas de
trabalho e amigo do patrão; enfim, um funcionário de consideração e confiança
da empresa, passa por uma radical transformação? Transformação essa que deu
prejuízo a empresa!
A minha resposta, sem ter realizado
uma análise profunda, é que o JOÃO CAPISTRANO ERA UM SER HUMANO. E a natureza
humana, enquanto viver neste Planeta continua sendo NATUREZA HUMANA. Além
disso, na minha frágil opinião, e opinião de tantos outros, alguém pode nascer
com propensão para cometer algum tipo de maldade. Dependendo da fertilidade do
“solo”, a tal tendência poderá entrar em ação, ou não. E, no caso (se é que ele
era portador de tal tendência), o solo fértil foi o dinheiro da empresa que
teve a oportunidade de tê-lo em seu bolso.
Não estou incentivando alguém a praticar o
erro que foi praticado pelo João, justificando uma predisposição, logo que
predisposição não é predeterminação ou predestinação. A predeterminação, já
está DETERMINADA, mas a predisposição pode nunca se manifestar. Depende do
ambiente e das circunstâncias que envolvem a vida de cada pessoa.
“Eu, sou eu e a minha circunstância” –
Ortega y Gasset.
Portanto, não faça julgamento das
pessoas que cometeram certas atitudes. Contudo, antes de qualquer ação que
planeje levar a efeito, pense inúmeras vezes nas possíveis consequências. Evite
o máximo possível praticar a desonestidade. Foi exclusivamente por não
alimentar a honestidade, que o João Capistrano perdeu a vida, deixando a
família órfã, e órfã também a família daquele que ele tirou a vida.
Antonio José de Oliveira é pesquisador do cangaço, aposentado como Agente de Tributos da
Secretaria da Fazenda - BA. Natural de Riachão do Jacuípe, mas mora no Povoado de Bela
Vista – Serrinha – BA. Formado em Teologia, Pedagogia e fez pós-Graduação em
Psicopedagogia e Psicanálise Clínica...
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Pois é caro Pesquisador Mendes, o meu singelo texto foi escrito apenas para analisar as coisas que nesta vida acontecem. Não tem uma excelente redação de quem por muitos anos exerceu o ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA, como é o caso do MENDES. Elaborei para comentar o seu notável artigo, e para relembrar o filósofo espanhol ORTEGA E GASSET, quando afirma: "EU, SOU EU E A MINHA CIRCUNSTÂNCIA".
ResponderExcluirA você, só tenho a dizer: GRATO E MUITO GRATO PELA ATENÇÃO DE SEMPRE,
Antonio José de Oliveira - Bela Vista - Serrinha - Bahia.