Seguidores

quinta-feira, 29 de maio de 2014

AS IMPREVISÕES DA VIDA HUMANA

Por Antonio José de Oliveira 

Tenho recebido através E-mails e pelo Blogdomendesemendes, excelentes matérias escritas e pesquisadas pelo Articulista e grande Pesquisador JOSÉ MENDES PEREIRA, da extraordinária Cidade de Mossoró – SOLO querido do Rio Grande do Norte.
          
Desta feita o MENDES escreveu um amplo texto, intitulado “UM TRISTE ASSASSINATO”. E, após ter lido e realizado uma releitura, tive a curiosidade de testar o meu pobre poder de assimilação e interpretação. Não sem antes contactar com o autor, procurando me informar se o fato é verdadeiro, ou ficcional, o que ele me respondeu sê-lo um fato real, inclusive conheceu pessoalmente a vítima e o autor do trágico fato, apenas não usou os verdadeiros nomes dos personagens. Assim, fiquei tranquilo para a elaboração do meu modesto texto.

Mendes começa descrevendo o triste acontecimento “lá pelos idos dos anos SETENTA”, quando um cidadão de nome fictício João Capistrano, a princípio funcionário exemplar de uma empresa da Terra Potiguar, possuidor de uma boa conduta, motorista de primeira categoria, amigo do patrão e se relacionava muito bem com os colegas de trabalho. Enfim, nada havia contra sua reputação.

Mais tarde, segundo José Mendes, a empresa não ia tão bem, devido o atraso nos pagamentos dos clientes que supostamente deviam dinheiro da compra das mercadorias recebidas, que impossibilitava a reposição do estoque de matéria-prima para um novo fornecimento  de mercadoria à clientela.

O funcionário João Capistrano era, ao mesmo tempo, entregador das mercadorias e recebedor dos pagamentos. Só que o patrão não estava vendo a cor do dinheiro; o João não trazia os pagamentos, justificando que não havia recebido e, que receberia na próxima entrega.

O proprietário da empresa resolveu viajar com o funcionário João Capistrano na próxima entrega para entender o que estava acontecendo. Ao chegar à presença do primeiro cliente, foi sendo decepcionado com seu funcionário, quando o mesmo apresentou ao comprador uma nota da sua dívida e o mesmo disse-lhe que não estava devendo nada, e que comprava tudo sempre a dinheiro. “Outros e outros confirmaram que nada deviam”.

“O João há meses ou talvez anos, vinha traindo seu patrão, Não prestava contas conforme o que recebia dos fregueses”.

Naquela trajetória de visita aos clientes, “o João estava inquieto por não encontrar argumento para defender-se”. Logo que ninguém devia nada, o patrão também não entendia nada, por ser “o homem sempre de confiança, agora era um verdadeiro caloteiro”.

“O João aceitou todas as palavras grosseiras que o patrão proferiu naquelas circunstâncias. Não tinha como reverter essa situação desonesta”. “O patrão resolveu retornar logo para Mossoró, porque seria inútil acusar os seus fregueses de devedores, após a comprovação da desonestidade do João”.

Retornaram ao local de origem da empresa; estrada a fora ninguém falava com ninguém. O clima estava pesado, e como a Sagrada Escritura afirma que “um abismo chama outro abismo”, ao chegar adiante o patrão pediu para o João parar o carro no acostamento que ele precisava urinar. Após o carro parado, o patrão entrou na margem da caatinga para sua necessidade fisiológica. Enquanto isso, o João apossou-se de um revolver, desferindo pelas costas um tiro no patrão, que em meio à dor clamou que ele não desse outro tiro. Não adiantou sua súplica; recebeu o segundo tiro fatal e aí mesmo ficou estendido no chão.

Segundo o nosso articulista, ao ver o patrão morto, João arrependeu-se por haver matado um homem que muito lhe ajudou. Agora “o João arrastou um canivete do bolso e cortou sua própria testa para fingir que fora assaltado. Em seguida deu um tiro em sua coxa, e mesmo sangrando seguiu a estrada de Mossoró, dirigindo com dificuldade. Adiante parou e deu sinal para um motorista que vinha em sentido contrário”.

Foi conduzido a um hospital em Mossoró, e “ali no leito hospitalar João preparava a sua defesa. E ao sair do hospital, foi prestar depoimento à polícia. João caiu em contradições e confirmou ter matado o patrão, com vergonha, ao saber que ele havia tomado conhecimento do dinheiro desviado da empresa. João foi levado a Júri e condenado a uma sentença de trinta anos de reclusão, na Colônia Penal de Natal”.

“João era um preso exemplar, e após alguns anos, ganhou o direito de ficar o dia fora da cadeia, e à noite era obrigado dormir lá”.

Acontece que – logo que “um abismo chama outro abismo” -, mesmo em liberdade (pelo menos durante o dia), a vida de João corria risco. Quem bate, esquece, mas quem apanha continua lembrando da dor sofrida. Afirma Mendes que uma irmã do patrão de João não se conformava em ver o homicida do seu irmão em liberdade nas ruas, e contratou um pistoleiro para executá-lo. O pistoleiro estrategicamente aproximou-se da sua presa; num bar-lanchonete lancharam juntos; jogaram sinuca juntos; beberam à vontade juntos, e quando o João estava em estado de embriaguês, foi convidado para um passeio nas ruas da cidade. No mesmo carro do pistoleiro foi conduzido a um local deserto onde ao João foi feita a pergunta: Você está lembrado que matou seu patrão? João respondeu: Lembro sim, mas já faz muitos anos.

“O pistoleiro apertou o gatilho, e o João caiu morto, como um passarinho”, afirma José Mendes, autor da matéria original.

“Cortou-lhe as duas orelhas e levou-as para sua contratante, como comprovação da “missão” cumprida”.

Faço agora a seguinte pergunta ao leitor: Como um funcionário “portador de boa conduta; profissional do volante de primeira categoria; possuidor de bom relacionamento com os colegas de trabalho e amigo do patrão; enfim, um funcionário de consideração e confiança da empresa, passa por uma radical transformação? Transformação essa que deu prejuízo a empresa!

A minha resposta, sem ter realizado uma análise profunda, é que o JOÃO CAPISTRANO ERA UM SER HUMANO. E a natureza humana, enquanto viver neste Planeta continua sendo NATUREZA HUMANA. Além disso, na minha frágil opinião, e opinião de tantos outros, alguém pode nascer com propensão para cometer algum tipo de maldade. Dependendo da fertilidade do “solo”, a tal tendência poderá entrar em ação, ou não. E, no caso (se é que ele era portador de tal tendência), o solo fértil foi o dinheiro da empresa que teve a oportunidade de tê-lo em seu bolso.

Não estou incentivando alguém a praticar o erro que foi praticado pelo João, justificando uma predisposição, logo que predisposição não é predeterminação ou predestinação. A predeterminação, já está DETERMINADA, mas a predisposição pode nunca se manifestar. Depende do ambiente e das circunstâncias que envolvem a vida de cada pessoa.

“Eu, sou eu e a minha circunstância” – Ortega y Gasset.

Portanto, não faça julgamento das pessoas que cometeram certas atitudes. Contudo, antes de qualquer ação que planeje levar a efeito, pense inúmeras vezes nas possíveis consequências. Evite o máximo possível praticar a desonestidade. Foi exclusivamente por não alimentar a honestidade, que o João Capistrano perdeu a vida, deixando a família órfã, e órfã também a família daquele que ele tirou a vida.

Antonio José de Oliveira é pesquisador do cangaço, aposentado como Agente de Tributos da Secretaria da Fazenda - BA. Natural de Riachão do Jacuípe, mas mora no Povoado de Bela Vista – Serrinha – BA. Formado em Teologia, Pedagogia e fez pós-Graduação em Psicopedagogia e Psicanálise Clínica...

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo14:22:00

    Pois é caro Pesquisador Mendes, o meu singelo texto foi escrito apenas para analisar as coisas que nesta vida acontecem. Não tem uma excelente redação de quem por muitos anos exerceu o ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA, como é o caso do MENDES. Elaborei para comentar o seu notável artigo, e para relembrar o filósofo espanhol ORTEGA E GASSET, quando afirma: "EU, SOU EU E A MINHA CIRCUNSTÂNCIA".
    A você, só tenho a dizer: GRATO E MUITO GRATO PELA ATENÇÃO DE SEMPRE,
    Antonio José de Oliveira - Bela Vista - Serrinha - Bahia.

    ResponderExcluir