Por Clerisvaldo B.
Chagas, 9 de maio de 2014 - Crônica Nº 1.
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O
negócio estava feio. Dizem que quando o povo fala, ou é ou está para ser.
Portanto, o apavoramento da população santanense, justificava-se, pois, apesar
da existência do Tiro de Guerra, no centro da cidade, ninguém havia traçado
estratégia militar para enfrentar o bandido Lampião.
Antiga Rua da Poeira que esperou Lampião em Santana do
Ipanema. Hoje calçada, com o nome de Manoel Medeiros Aquino. foto: Clerisvaldo
B. Chagas
O
bandoleiro descia de Pernambuco, vindo do Juazeiro, onde conseguira uma falsa
patente do exército. Com apenas 102 homens bem montados e municiados com as
armas que recebera para combater a Coluna Prestes, Lampião abandonou o plano.
Repara se ele iria enfrentar cerca de oitocentos homens experimentados no
gatilho! Deu meia volta em Pernambuco, raivoso por ter sido enganado com o caso
da patente e, deixou apenas uma frase de efeito e nada mais, se referindo a
Carlos Prestes: “Vou olhar se esse Prestes, presta mesmo!”
Não podendo
enfrentar os homens da Coluna, preferiu atacar Alagoas, onde matou fazendeiros
e um cabo, primeiramente.
Houve
debandada em Santana. Algumas famílias correram para o mato e duas, em
automóveis, preferiram o agreste de Palmeira dos Índios.
Mas um grupo
de homens resolutos convocou pessoas e armas formando uma força de 25 cadetes
do Tiro de Guerra, 14 praças da Cadeia Velha, da Rua do Sebo e, mais alguns
civis. Entre os últimos estavam o padre José Bulhões, Ormindo Barros, Firmino
Rodrigues da Rocha, Joaquim Ferreira da Silva, Pedro Rodrigues Agra, e Joel
Marques. Os cadetes tinham no comando o brigada Antônio Ribeiro Cavalcante e,
os policiais, o delegado civil Bertoldo Rodrigues Machado. Inúmeros rifles
saíram das residências inclusive também com o incentivo do juiz Manoel Xavier
Accioly.
A resistência
santanense partiu para a Rua da Poeira (hoje, Manoel Medeiros de Aquino),
entrada oeste de Santana. Era a tarde de 5.6.1926. O pessoal passou o resto da
tarde e a noite inteira na espera, mas o bandido não apareceu, com sua força
dobrada em relação à defesa.
Lampião e sua
legião de demônios, entretanto passou ao largo, cometendo seus atos infames nas
caatingas indefesas do município e foi invadir Olho d’Água das Flores, na época
pertencente a Santana, situada a 4 léguas da sede e, também indefesa.
Não sei se o
bandido, estuprador, ladrão, assassino e assaltante venceria o fogo que não
houve. Mas que a resistência estava aguardando, estava. Mesmo assim a Rua ficou
na história com as conversas sobre LAMPIÃO, POEIRA E BALA.
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