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sábado, 10 de maio de 2014

LAMPIÃO, POEIRA E BALA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2014 - Crônica Nº 1. 185

O negócio estava feio. Dizem que quando o povo fala, ou é ou está para ser. Portanto, o apavoramento da população santanense, justificava-se, pois, apesar da existência do Tiro de Guerra, no centro da cidade, ninguém havia traçado estratégia militar para enfrentar o bandido Lampião.

Antiga Rua da Poeira que esperou Lampião em Santana do Ipanema. Hoje calçada, com o nome de Manoel Medeiros Aquino. foto: Clerisvaldo B. Chagas

O bandoleiro descia de Pernambuco, vindo do Juazeiro, onde conseguira uma falsa patente do exército. Com apenas 102 homens bem montados e municiados com as armas que recebera para combater a Coluna Prestes, Lampião abandonou o plano. Repara se ele iria enfrentar cerca de oitocentos homens experimentados no gatilho! Deu meia volta em Pernambuco, raivoso por ter sido enganado com o caso da patente e, deixou apenas uma frase de efeito e nada mais, se referindo a Carlos Prestes: “Vou olhar se esse Prestes, presta mesmo!”


Não podendo enfrentar os homens da Coluna, preferiu atacar Alagoas, onde matou fazendeiros e um cabo, primeiramente.

Houve debandada em Santana. Algumas famílias correram para o mato e duas, em automóveis, preferiram o agreste de Palmeira dos Índios.

Mas um grupo de homens resolutos convocou pessoas e armas formando uma força de 25 cadetes do Tiro de Guerra, 14 praças da Cadeia Velha, da Rua do Sebo e, mais alguns civis. Entre os últimos estavam o padre José Bulhões, Ormindo Barros, Firmino Rodrigues da Rocha, Joaquim Ferreira da Silva, Pedro Rodrigues Agra, e Joel Marques. Os cadetes tinham no comando o brigada Antônio Ribeiro Cavalcante e, os policiais, o delegado civil Bertoldo Rodrigues Machado. Inúmeros rifles saíram das residências inclusive também com o incentivo do juiz Manoel Xavier Accioly.

A resistência santanense partiu para a Rua da Poeira (hoje, Manoel Medeiros de Aquino), entrada oeste de Santana. Era a tarde de 5.6.1926. O pessoal passou o resto da tarde e a noite inteira na espera, mas o bandido não apareceu, com sua força dobrada em relação à defesa.

Lampião e sua legião de demônios, entretanto passou ao largo, cometendo seus atos infames nas caatingas indefesas do município e foi invadir Olho d’Água das Flores, na época pertencente a Santana, situada a 4 léguas da sede e, também indefesa.

Não sei se o bandido, estuprador, ladrão, assassino e assaltante venceria o fogo que não houve. Mas que a resistência estava aguardando, estava. Mesmo assim a Rua ficou na história com as conversas sobre LAMPIÃO, POEIRA E BALA.

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