João Torquato
Em uma pequena propriedade rural do município, hoje Poço Redondo, Porto da
Folha. Chamada de Pia Nova, tendo como proprietário o Sr. Torquato José dos
Santos. Trabalhador, de fibra como a maioria dos sertanejos, criava sua família
com bravura e honestidade. Mas, quis o destino que este homem vivesse em um
tempo de arruaças, crimes sem nexos, se existir nexo em crime, perversidades,
traições...etc. No dia 02 do mês de Maria do ano de 1937 sua casa foi invadida
por um grupo de cangaceiros comandados por Zé Sereno e Mané Moreno. A tarde já
enegrecia quando, com atitudes perversas, mataram o Sr. Torquato e o seu genro
Firmino. Este crime desmantelou a vida dos seus familiares. Dentre estes
familiares havia um de seus filhos chamado João Torquato. Após o assassinato de
seu pai, a única finalidade em sua vida seria vingá-lo. Não vendo outra saída
para conseguir seu intento, entrou nas forças do governo para combater Lampião.
Muito triste esta decisão o deixou, pois, sua mãe não queria perder um filho,
porém, mesmo vendo a angústia no semblante de sua querida mãe, seguiu em
frente. Primeiro fez parte da volante do tenente Zé Rufino,em seguida passou
para a volante comandada pelo temido Antônio Recruta, com este permaneceu mais
tempo. Participou em diversas ‘brigadas’ contra cangaceiros, parecendo estar
‘criando marra’ para o que viria a acontecer mais tarde.
Bando de cangaceiros de Corisco
Sabemos que após a morte de Lampião, Corisco parece ter perdido o ‘tino’.
Ficando totalmente desorientado feito barata tonta. Crimes monstruosos cometeu
como querendo compensar a perda do chefe. Como exemplo citarei o da Fazendo
Patos, matando e decapitando o vaqueiro Domingos Ventura e mais cinco
familiares, em seguida enviando suas cabeças em um balaio para o Prefeito de
Piranhas-AL, e, o da Fazenda Chafardona no município de Monte Alegre de
Sergipe, quando assassinou o Sinhozinho de Néu Militão, decapitando-o, envia
sua cabeça em uma gamela para a cidade de Monte Alegre para ser entregue ao
cabo Nicolau.
Antonio Amaury
Existem duas versões do local/palco do combate que descreverei. O pesquisador/historiador Antônio Amaury, em seu livro “Gente de Lampião: Dadá e Corisco” nas páginas 113, 114 e 115, capítulo ‘Agonia do Cangaço’, cita que o ocorrido foi na fazenda ‘Lagoa da Serra’(informações cedidas por Dadá). Já o inesquecível pesquisador/historiador Alcino Alves, na matéria “Encontro de Gigantes” postada no blog “Cariri cangaço”, relata que o próprio João Torquato afirmava ter sido na fazenda ‘Queimada de Luís’.
Alcino Alves Costa
João Torquato, no momento sozinho, escondido, viu a silhueta de um cangaceiro
alto, forte ao lado de uma cangaceira. Seu fuzil já com bala na agulha, mirou
com cuidado e apertou o dedo, após o estampido, viu o corpo do cangaceiro
lascasse no chão. João Torquato pensou ‘matei Corisco’, engano seu, o
cangaceiro atingido foi o de nome Guerreiro. A ouvir o disparo, os cangaceiros
rapidamente procuram abrigarem-se na parede d’um tanque ali existente. Em
seguida o volante escuta um vozeirão –“ Macacos covardes! Venham! Vamu brigar.
Vocês tão pegados é com Corisco” – pensava corisco, também enganado, que
tratava-se de uma volante. Com desmedida coragem, João troca tiros com os
‘cabras’. Em um momento nota um corpo arrastando-se em determinado canto, a
procura de posicionar-se melhor para enfrentá-lo, Torquato, de mira aguçada, faz
fogo e o corpo rola para um lado,sua arma escapa-lhe das mãos e ele tenta
desesperadamente pega-la, João desfere-lhe forte golpe com o coice do seu
fuzil, é um corpo de um jovem, um menino mesmo, era o cangaceiro Roxinho.
Corisco pensando ser um cerco da volante, corre, junto com Dadá, em direção a
mata. Ao correr escuta uma voz gritando –“ Tá correndo covarde? Num diz que é
valente, cabra frouxo. Num corra! Vamu brigar”. O ‘Diabo luoro’, estanca com a
intenção de brigar com a volante, surpreso, se depara apenas com um inimigo.
Momentaneamente sem entender, Corisco pára, erro crucial, o valente João
Torquato atira atingindo-lhe os dois braços. A Arma de Corisco cai no chão e
este entra no mato. João notando o acontecido grita-“Não corra covarde. Espere
pra morrer”. Mesmo ferido, sem condições nenhuma para lutar, o alagoano dá meia
volta para enfrentar seu oponente. Notando o perigo, Dadá neste momento empurra
seu amado na direção oposta, para uma baixa existente na pradaria, sem parar um
instante de atirar, fazendo com que o atirador tivesse que se proteger, não
consumando a morte de seu companheiro. As balas acabam, com uma fúria selvagem,
Dadá começa a atirar pedras contra seu agressor, continuando a empurrar Corisco
no sentido da fuga. Nessa agonia, desesperada em busca da vida, Dadá escorrega,
caindo, tornando-se um alvo fácil. O atirador eleva a arma ao ombro e aperta o
gatilho, clic, sem munição, rapidamente leva a mão ao bornal em busca de balas,
pegando várias, começa a municiar sua arma, neste instante uma dor dilacerante
lhe acomete na dita mão, é um projétil das armas de seus companheiro,
confundido, seus pards imaginam que seja um cangaceiro. Aproveitando este
instante de confusão entre a tropa, Dadá e seu amor se safam por pouco. Texto
Sálvio Siqueira Fonte ob, ct.
Fotos com João torquato e Dadá e Corisco(pescadas no blog Lampião aceso)
Este material foi adquirido no facebook, página do pesquisador Sálvio
Siqueira, publicou em: Corisco
Dadá
Postado e ilustrado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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