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quarta-feira, 3 de junho de 2015

A CANGACEIRA E O LOBISOMEM !

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DADÁ COM APENAS SEIS ANOS DE IDADE, JÁ TAVA ENTREGUE AO LABOR. A MÃE IA TRABALHAR E O LAR ERA ENTREGUE A ELA... EM SUAS MEMÓRIAS, CONTA COMO ERA NAQUELE PRÍSTINO, TENDO COMO ÁVIDOS OUVINTES, UMA NETINHA, UM AMIGO DO CANGAÇO E UM REPÓRTER.

- Mas você era tão pequena, vó. Nunca aconteceu nada assim, de algum irmão se machucar, de pegar fogo na casa, de você não saber o que fazer?

- Ah, acontecia. Eu saía correndo procurar minha mãe na roça. – Dadá fez cara de quem procura na memória: - Ó, teve uma vez... Meus pais tinham ido à cidade, iam passar o dia fora, só iam voltar de noitão. E foi então que apareceu um lobisomem.

- Um lobisomem? Ah. Vó, não inventa, vá!

- Não tô inventando não. A gente lá sozinhos, eu mais meus irmãos, brincando no terreiro... A noite veio baixando e foi quando me apercebi que a criação toda – bode, gado, porco – estava assustada. Chamei meus irmãos pra dentro de casa e tranquei bem a porta. Só quem ficou de fora, tomando conta e rosnando baixinho, foi baleia, nossa cachorra branca. De repente, iche Maria !, ouvimos um ronco medonho e barulho de luta. Era baleia se atracando com algum bicho arranhando a parede da casa, tentando subir e entrar por um buraco no alto. Aquela luta levou foi muito tempo, o bicho querendo entrar e Baleia não deixando, até que o lobisomem se cansou e foi-se embora. Quando meus pais chegaram e ouviram o acontecido foram logo examinar a cachorra e as marcas na parede. O pai ficou muito sério e garantiu que tinha sido lobisomem, e que só não tinha entrado por causa da coragem de Baleia e da imagem do Senhor, pendurada na parede.

- Mas você viu o lobisomem, vó?

- Cruz-credo, vi não!

- Sempre aparecia lobisomem?

- Vez ou outra tinha alguém contando, chamando o padre pra benzer.

- Ai, que medo!

- É, eu tinha medo sim – disse Dadá pensativa. – Mas susto de lobisomem, de coisa do além, era assim de quando em quando. Pior mesmo era susto de homem, não é não? – ela perguntou olhando para seu amigo.

- É. Era um tempo danado. Era a guerra no sertão.

Fonte principal: Dadá – bordando o cangaço de Lia Zatz.

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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