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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Uma tragédia acontecera, outra estaria por chegar

 Por Alcino Costa

Não bastou um só tiro para tirar a vida do coronel. Ao ser baleado o velho  coronel Joaquim Wolney despencou do cavalo. Estava lúcido. Seus olhos brilhavam. Os militares assassinos não perderam tempo. Puxaram seus punhais e deram-lhe quatorze punhaladas. A voz do patriarca cala de repente. O coronel Joaquim Wolney estava morto. O saque é feito. Em um dos bolsos do gibão é encontrada a vultosa quantia de 30 contos de réis. A volante sanguinária retorna. Carregam numa rede os corpos dos dois cadáveres. E, segundo registros contidos no livro de Nertan Macedo, Abílio Wolney, pagina 45, prendem um irmão (Wolney Filho) e um sobrinho, ainda menor de idade (Oscar Wolney Leal), e ainda Voltaire Ayres Cavalcante.Todos os que fizeram parte daquela macabra missão foram assassinos. Porém, a história registra como verdadeiros matadores o cabo Justiniano Ferraz e o anspeçada Marcelino Néri que foram posteriormente assassinados. Uma tragédia acontecera. Outra estaria por chegar.


Abílio consegue fugir. É tenazmente perseguido. Homizia-se na Bahia. Ali têm muitos e influentes amigos. Solicita ajuda de dois poderosos chefes de jagunços, Roberto Dourado e Abílio Araújo. É formado, então, um exército de jagunços. Marcham sobre o Duro. É a hora da desforra e da vingança. A morte do velho Wolney não ficaria sem uma dura resposta. O juiz Calmon é esperto e treiteiro. Sabe o que lhe espera. Termina o processo e deixa a povoação. As informações que chegam ao Duro são estarrecedoras. Amedrontados, os policiais procuram meios para intimidar os agressores que já se encontram no Buracão. Os Abílio (Wolney e Araújo) e Roberto Dourado estão de bote armado. O Duro será inevitavelmente invadido e os militares trucidados. A desgraça ronda o lugarejo. Um rio de sangue irá correr.Os do governo, acovardados e impotentes, tomam uma estarrecedora e tenebrosa providência. Aprisionar e amarrar num tronco (antigo objeto de tortura usado pelos senhores das senzalas contra os escravos) o major João Batista Leal (Janjão), cunhado de Abílio Wolney; o capitão Benedito Pinto de Cerqueira Póvoa, seu filho João Pinto Póvoa (Joca); o capitão João Rodrigues de Santana e seu filho Salvador; ainda Wolney Filho, irmão de Abílio que estudava no Rio de Janeiro.

Capela das Missões, aqui tudo começou.

O tronco estava fincado no sobrado onde a polícia havia se aquartelado. Num quarto, no mesmo casarão, estavam presos Messias Camelo, sobrinho de Benedito Póvoa; Nilo Rodrigues de Santana e Nazário Bomfim, filho-agregado de João Rodrigues.Apenas sete pessoas podiam ficar aprisionadas no tronco, motivo pelo qual o capitão Benedito Póvoa foi substituído daquele instrumento de tortura por Messias Camelo Rocha.O terror dominara por completo aquele triste lugar. O desespero destroçava até os mais negros corações. Dona Ana Custódia, irmã de Abílio e de Wolnei, esposa do capitão João Batista e mãe do jovem Oscar; está em estado de choque. Enlouquecida de tanto sofrimento e agonia, monta num cavalo e corre, aflita, para o Buracão. Seu irmão terá que salvar os seus entes queridos da medonha morte que os espera. Dona Ana não tem êxito em seu aflitivo pedido. O irmão não pode decidir sozinho. Agora tudo terá que passar pelo crivo dos outros dois chefes. Abílio Araújo e Roberto Dourado se negam em mudar os planos de ataque. Agoniada, a mãe e esposa se revoltam com o irmão, e num gesto de supremo sofrimento, puxa um revolver que trazia escondido na saia e aponta-o para o corpo do mano. Rápidos, os jagunços agarram-na, impedindo-a do gesto extremo.

O desfecho que ocasionou o famoso Massacre do Tronco, na postagem abaixo...

Alcino Alves Costa
O Decano, Caipira de Poço Redondo

http://cariricangaco.blogspot.com

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