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quarta-feira, 24 de junho de 2015

JOSÉ GONGALVES HOMEM DE CONFIANÇA DO CORONEL ISAÍAS ARRUDA


O grande Conselheiro Cariri Cangaço, João Bosco André nos traz espetacular artigo sobre José Gonçalves, homem de confiança de Isaías Arruda: "O autor destas notas em conversa com Zé Gonçalves, dizia sempre, ante as suas narrativas; com riquezas de detalhes; que ele era um pedaço da história da nossa terra. Num transe doloroso da sua longa vida, quando se envolveu involuntariamente em uma briga com a família Maia, de Missão Velha, ligada por laços de parentesco ao Cel. Chico Romão de Serrita -Pernambuco, e em função dessa briga, chegou a perder dois filhos: Edmilson e o Dr. Esdras; esse, assassinado no dia que se formou em medicina, no Recife.

Em função dessa desavença, Zé Gonçalves foi forçado a sair de Missão Velha e como judeu errante, esteve em Fortaleza, no Rio de Janeiro e no Estado de Goiás, onde chegou a adquirir propriedades rurais. Na sua estada no Rio, manteve uma sociedade em uma concessionária de automóveis, revenda Jeep, com um parente da sua esposa, Sr. José Brígido. Como sempre foi ligado a agricultura, não se adaptou muito bem no ramo comercial, terminada a sociedade com Zé Brígido, após deixar tudo acertado.

Entretanto, sem o seu conhecimento, ficariam algumas promissórias por ele avalizadas, que acabaram lhes trazendo problemas tempos depois. Estando em Fortaleza, junto com a família, fora surpreendido por um telegrama do seu irmão, Quintino Gonçalves de Lucena, que ficara em Missão Velha, cuidando dos seus bens; dando ciência de que fora cientificado de uma penhora pela Justiça em cima de todo o seu patrimônio, decorrente justamente dos avais concedidos na época do negócio no Rio. A dívida num montante de 240$000,00 (duzentos e quarenta mil contos de reis). Imediatamente Seu Zé Gonçalves, dirigiu-se ao Banco Frota Gentil em Fortaleza, onde conseguiu aquela dinheirama para ir a Missão Velha pagar a dívida originária daquela sua sociedade no Rio de Janeiro e que nada devia.

Após os devidos acertos, apesar de insistentes pedidos de Dona Senhora, sua esposa, para que não retornasse a Missão Velha, decidiu fazer a viagem. Na manhã que antecedia sua ida a Missão Velha, estando em casa na Avenida Conselheiro Tristão em Fortaleza, recebeu a visita do Cel. Antonio Leite, seu velho conhecido e natural da Cidade de Milagres e Secretário da Casa Civil do Governo do Estado, a época Dr. Flávio Marcílio, emissário do Governo, pois o Governador, desejava ter uma conversa com o mesmo.

Zé Gonçalves colocou um terno e em companhia do Cel. Antonio Leite, foram ao Palácio do Governo Estadual, ali chegando, segundo palavras textuais do próprio; já estavam a sua espera, o Governador, o Secretário de Segurança do Estado e o Gal. Expedito Sampaio – Comandante da 10ª Região Militar. Antes, porém, quando a caminho do palácio, o Cel. Antonio Leite, pediu a Zé Gonçalves, “QUE DEIXASSE O GOVERNADOR DIZER O QUE QUIZESSE E NÃO LHE RESPONDESSE NADA”, no que teve o compromisso de Zé Gonçalves, de que nada responderia ao Governador. 

Ao chegarem ao Palácio, após os cumprimentos de praxe, Zé Gonçalves, foi convidado a sentar-se e o Governador o interpelou que estava sabendo da sua ida a Missão Velha, naquele dia a noite, no que foi respondido positivamente que sim, foi aí que o Governador pediu que ele não fosse a Missão Velha, pois ali quem mandava era os seus amigos (os Maias), que eram o dono do lugar. Imediatamente, para a surpresa dos presentes, recebeu a negativa de Zé Gonçalves, reafirmando que iria a Missão Velha naquele dia. O Governador insistiu de que Zé Gonçalves não fosse, sem, contudo, persuadir a Zé Gonçalves do seu intento. Após muita insistência o Governador passou a intimidá-lo, chegando a dizer que se Zé Gonçalves fosse a Missão Velha: “seria morto como um cachorro no meio das ruas de Missão Velha”... Ouvindo a ameaça, Zé Gonçalves retrucou que "não havia poder humano que empatasse dele ir a Missão Velha naquela noite", e completou dirigindo-se à escrivaninha do Governador e de punho em riste, disse: “GOVERNADOR O SENHOR DIZ QUE OS SEUS AMIGOS SÃO OS DONOS DA MISSÃO VELHA, MÁS EU TENHO UM PEDAÇO DELA E COMO EU JÁ DISSE, NÃO HÁ PODER HUMANO QUE EVITE DE EU IR A MISSÃO VELHA HOJE. AMANHÃ O SENHOR PODE ATÉ RECEBER UM TELEGRAMA, DIZENDO QUE MATARAM ZÉ GONÇALVES NA MISSÃO VELHA, MAIS O SENHOR FIQUE CERTO QUE EU CHEGO NO INFERNO A CAVALO NO CHEFE DA MISSÃO VELHA”.

À noite, Seu Zé Gonçalves, fazendo-se acompanhar de Dona Senhora (sua esposa) e os seus filhos (que pediram insistentemente que não fosse àquela viagem, porque era muito perigoso), chegou para a partida na Agência da antiga Expresso Cearense. Naquele momento recebeu novamente a visita do Cel. Antonio Leite acompanhado do Cel. Paulo Pedro, este último, designado pelo Governador do Estado, para acompanhar Zé Gonçalves à Missão Velha: faria a sua guarda pessoal. Zé Gonçalves, ainda perguntou ao Cel. Paulo Pedro, quantos filhos ele tinha e que a empreitada era perigosa e que não havia necessidade da sua ida , pois a briga ali era dele ! Naquele momento Dona Senhora, recomendou e pediu ao Cel. Paulo Pedro, de que logo na entrada de Missão Velha, tinham uma propriedade e descessem na cabeça da ladeira do Tinguizeiro e descessem por dentro do baixio até a casa do irmão de Zé Gonçalves (Quintino) no final da propriedade Santa Maria, a fim de evitar qualquer encontro com os inimigos. 

Viajaram por toda a noite até o amanhecer do dia, quando chegaram a Missão Velha; como o Cel. Paulo Pedro, não conhecia o ponto indicado por Dona Senhora para a descida antes de Missão Velha, passaram direto chegando a Praça Nossa Senhora de Fátima, já no centro da cidade; o Cel. Paulo Pedro notou que já estavam dentro de Missão Velha, Zé Gonçalves disse ao acompanhante que só queria uma coisa: "desça com a bagagem e deixe eu descer com as mãos livres". Quando desceram na Praça, Seu Zé Gonçalves de terno, com a mão palmilhada em cima da "45" avistou de prontidão à sua espera em cima da Praça seus principais inimigos: o Cel. Maia, Lebon, seu irmão, um sobrinho do Cel. Chico Romão e um desconhecido, que ela achava que fosse o pistoleiro para lhe matar. Descendo Zé Gonçalves, passou entre o Cel. Maia e Seu Lebon, no seu dizer: "rasgando os dois". Depois o próprio me confidenciou: "que ao dar às costas, sentiu a quentura das balas às suas costas", entretanto nada aconteceu e desceu ileso para a sua casa e daí por diante, jamais deixou de andar em Missão Velha, embora resguardado e respeitando os seus inimigos."

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