Seguidores

quarta-feira, 23 de março de 2016

VIVO NO CINEMA - A LUNETA NO TEMPO


O tempo afoito o pegou de surpresa, no seu passado ele pensou, e sem nenhuma avareza, com sua luneta nos encantou.

Há quase 15 anos um "maluco beleza" se contaminou pelas histórias contadas na infância pelo seu pai e também pelo avô, Alceu Paiva Valença escreveu e estudou o máximo possível para dar vida a um projeto fora da sua área. A Luneta do Tempo chega ao circuito comercial na próxima quinta-feira, dia 24/mar, e mostra bastante qualidade cinematográfica para um cineasta iniciante.

Desde a cena de abertura, o diretor Alceu Valença remete a grandes faroestes e surpreende com as belas e ágeis cenas de perseguição da polícia, centrada no personagem de Severo Brilhante, vivido por IVAIR Rodrigues, ao grupo de cangaceiros liderados por Lampião e Maria Bonita, Irandhir Santos e Hemila Guedes respectivamente. Mais uma vez o ator de filmes como Febre do Rato, O Som ao Redor, Tatuagem e A História da Eternidade entrega uma atuação impecável, transformando seu Lampião no ícone necessário a trama do longa, alternando momentos de valentia com doçura, se consolidando ainda mais como um dos grandes nomes do cinema brasileiro. Direção de arte assinada por Moacyr Gramacho e figurinos de Diana Moreira são aspectos técnicos que se destacam, além da trilha sonora, composta pelo próprio Alceu, e da fotografia de Luis Abramo que conta com os belos cenários do sertão pernambucano e de planos atípicos, como as cenas de cabeça para baixo.

Mas o texto não se acomoda em contar a história da trupe de cangaceiros mais destemidos da nossa história. Com forte uso de lirismo, A Luneta do Tempo faz uma miscelânea com os temas mais encantadores que esse povo teve contato, seja pelas fantásticas músicas compostas para a produção; a alusão ao rei do baião; os elementos circenses e ao próprio cordel, a quem o filme recorre em termos de estrutura narrativa fazendo uso de rimas e lendas bem inseridas. Porém a longeva produção parece ter se atrapalhado principalmente no segundo ato, que claramente é mais arrastado e proporciona um leve desvio na narrativa ao inserir vários novos personagens à trama. E se por um lado a montagem junto com a edição de som nos entrega sequências de batalha dignas de muitos aplausos, a primeira por vezes traz cenas fragmentadas e desconexas em "fade out" que dão a impressão de vídeos musicais ao filme.

As pequenas falhas que podem ser vistas no primeiro longa-metragem de Alceu Valença em nada atrapalharão a experiência visual de conhecer o cangaço e outros elementos simbólicos da nossa cultura pela cabeça criativa de seu diretor e roteirista. É fácil de se gostar quando a afeição às coisas não convencionais está transponível na tela.

◣ Resenha escrita por Richardson Eduardo, colaborador do Vivo no Cinema.

Fonte: facebook
Link: https://www.facebook.com/vivonocinema/photos/gm.476167332573092/1006925002688504/?type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário