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sábado, 21 de janeiro de 2017

UM POUCO DE HISTÓRIA SOBRE ANTÔNIO CONSELHEIRO

Por seu conterrâneo, Engº Agrº Dr. Benedito Vasconcelos Mendes

Beato Antônio Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel) nasceu em Quixeramobim-CE e morreu no Arraial do Belo Monte (Canudos-BA). Foi o mais famoso beato brasileiro. Notabilizou-se como Beato e como protagonista da Guerra de Canudos. 


Foi um extraordinário líder carismático, inteligente, culto, caridoso, totalmente destituído de interesse por bens materiais, dotado de uma fé religiosa extremada e de uma coragem incomum. O Bispo da Bahia e o Governador da Bahia, Luis Viana, diziam que Conselheiro era um Paranóico, Monomaníaco Religioso e dotado de Consciência Delirante. O povo que o seguia o chamava de Santo Antônio dos Mares, Santo Antônio Aparecido, Bom Jesus Conselheiro ou simplesmente Conselheiro. 


Diziam que ele era um enviado por Deus, para mostrar aos pecadores o caminho da salvação. Conselheiro recebeu forte influência do Padre Ibiapina, pois ele quando morava em Sobral-CE com sua primeira esposa (prima e conterrânea), Brasilina Laurentina de Lima e seus dois filhos, assistiu às Santas Missões do Padre Ibiapina em 1862, ocasião em que foi inaugurada a Casa de Caridade de Sobral. 


Em 1864 e 1865, Padre Ibiapina foi Juiz de Direito e Chefe de Polícia em Quixeramobim-CE, terra de Conselheiro, mas este na época tinha 4 para 5 anos de idade. Conselheiro tinha grande admiração pelo trabalho religioso do Padre Ibiapina, baseado na assistência espiritual e na ação social, unindo ação social e oração. 


Antônio Conselheiro foi contemporâneo do Padre Ibiapina por longos 53 anos. Conselheiro espelhou-se no trabalho de Ibiapina e com exceção das Casas de Caridade e dos Hospitais, conselheiro fazia tudo que Ibiapina fazia: Igrejas, Capelas, Cruzeiros, Cemitérios, Açudes, Cacimbas e outras construções. Conselheiro não construía hospitais nem Casas de Caridade porque não merecia o apoio das elites das vilas e cidades que ele visitava, pois ele fazia uma prática religiosa marginal, somente para os pobres e miseráveis, já que não tinha o apoio da Igreja nem ajuda dos ricos e letrados da região onde ele atuava. 


Em 1889, quando a República foi proclamada e a Primeira Constituição Republicana foi aprovada em 1891, que tornou o Estado Brasileiro laico, separando o Estado da Religião e instituindo o casamento civil, Conselheiro se revoltou contra a República, pois só aceitava o casamento religioso. Ele acreditava que somente o casamento religioso podia ser aprovado por Deus. A parti daí, além de condenar a cúpula da Igreja, que não aceitava que ele exercesse o papel de líder religioso, ele passou a condenar a República e a elogiar o Império. Ele incentivava o povo a não pagar impostos e chegou a queimar, em praça pública, Edital de Cobrança de Impostos. 


De 1892 a 1893, Conselheiro sofreu 4 tentativas de prisão pela Polícia baiana, todas ela com mortes de policiais pelos conselheiristas. Diante das perseguições policiais ele resolveu em 1893 se fixar na Fazenda Canudos, nas margens do Rio Vaza-Barris, no sertão semiárido baiano. 


Em 1896 começou a Guerra de Canudos, que terminou em 1897, com a destruição total do Arraial do Belo Monte e o trucidamento do valente povo seguidor de Conselheiro. Os Conselheristas não se renderam, lutaram de cabeça erguida na cidadela de Belo Monte. Ofereceram-se em sacrifício, honrando a lealdade que tinham ao Beato líder.A favela era uma das poucas plantas que fornecia sombra aos soldados do Exército no palco da guerra (Alto da Favela), onde se deu a vitória sem glória do Exército Brasileito. 


Em 1966, foi inaugurado o açude Cocorobó, que cobriu as ruínas do Arraial de taipa, onde moravam cerca de 25 mil seguidores de Conselheiro. Ficaram cobertas pelas águas do Cocorobó as ruínas das construções de alvenaria, como a Igreja Velha (Igreja de Santo Antônio), a Igreja Nova (Igreja do Bom Jesus).

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