Por Sálvio Siqueira
Lampião quando estabelecido em território baiano, depois de um certo tempo, determinava
quem viveria e quem morreria.
Em determinada
época, algumas pessoas se assentam nas terras que pertenciam aos familiares de
Ângelo Roque. Familiares destes, juntos a alguns amigos da vizinhança, pegam
nas espingardas e, depois de um duro tiroteio, conseguem retomar as terras que
pretendiam se apossarem. Dentre os amigos estavam Pedro Caçote, Pedro
Alexandrino da Silva, e seus familiares, inclusive seu filho Pedro Piroca,
Pedro Liberalino da Silva, onde esse último é baleado e quase bate a caçoleta,
quase morre.
Muito tempo
depois, o “Rei dos Cangaceiros” fazia andanças próximas à região, hoje
município de Paulo Afonso, BA, quando tem conhecimento que no pequeno povoado
de Rio do Sal morava um cidadão que ‘trabalhava’ para o governo. Para ele, todo
funcionário público era particípio das atitudes do governo contra o mesmo,
então, mais do que justo eliminar esses inimigos.
Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião - detalhe para a nítida visualização do
leucoma em sua vista direita.
Só que essa
pessoa, esse cidadão, era na verdade um ‘guarda fiscal’. Esse título o fazia
tão somente a pessoa que arrecadava os tributos dos comerciantes. Pois bem, sem
entender o que ‘misera’ seria ser guarda fiscal, Lampião vai ao povoado,
chegando lá ao quebrar da barra e já manda que seus homens se espalhem. Como
era muito cedo, poucos se atreviam a botar a cara para o lado de fora, no
entanto, um jovem sai da sua casa e segue para um pequeno cercado onde estavam
algumas criações, bodes, para soltá-los e conduzi-los até um bebedouro que
ficava perto. De repente se ver cercado por alguns cangaceiros e dentre eles, o
próprio Lampião.
Bando
de Lampião. Registro capturado na Fazenda Jaramataia. Propriedade de Antônio Caixeiro,
pai do então interventor do Estado de Sergipe, Eronides (ou Eronildes) Ferreira
de Carvalho, que era médico capitão do exército, por Joãozinho Retratista. - Identificação:
sentados, da esquerda para direita, Lampião, Moderno, Zé Baiano e Arvoredo. Em
pé, da esquerda para direita, Mariano, Ponto Fino, Calais, Fortaleza, Mourão ou
Labareda? E Volta Seca. Essa foto além de colorida, foi estendida pelo
professor Rubens Antônio.
O rapaz só não
sujou as calças por já ter feito suas necessidades fisiológicas um pouco antes,
mas, ainda mudou de cor e deu-lhe uma tremedeira da peste nas pernas,
principalmente quando escuta a voz do cangaceiro mor, lhe perguntando:
“- Onde é a
casa de Pêdo Liberalino?” (pergunta o “Rei Vesgo”)
“- É ali!” (Respondeu o jovem) (“Lampião em Paulo Afonso” – LIMA, João de Sousa. (João De Sousa Lima). 2ª Edição Revisada. 2013)
Imediatamente
Lampião ordena que seus “cabras” cerquem a casa e peguem o ‘funcionário do
governo’. Assim é feito. Só que quando os cangaceiros entravam em alguma casa à procura de alguém, o primeiro, segundou ou outros, iam entrando na ‘madeira’
até chegar ao objeto alvo. Naquela casa, quem estava na sala era um dos filhos
de Pedro Piroca chamado Ozéias. Esse toma umas lapadas de chicote e quando
grita com suas dores, acorda o restante da família. Seu pai, ao aparecer é preso
pelos cangaceiros e levado à presença do chefe que imediatamente lhe sentencia
a morte.
Sem entender o
que está acontecendo, Pedro Piroca se desespera e pergunta por que ele seria
morto se nada tinha feito. Virgolino lhe diz que sendo ele uma pessoa do
governo, seu inimigo seria, então teria que matá-lo.
“- Eu num dêxo
pessoá du guverno vivo!” (diz)
“- Mais eu sou só um guarda fiscal!” (defende-se Pedro) (Ob. Ct.)
Bem, por mais
que se tente explicar Lampião não lhe deu ouvido e, mandando amarrá-lo, chama
seus homens e partem rumo a outro povoado ali perto chamado Riacho.
Imaginemos o
que passou esse cidadão nas mãos de um bando de cangaceiros e já com sua
sentença declarada. Chegaram ao povoado, lá se encontram com um dos chefes dos
subgrupos comandados por Lampião, Ângelo Roque, cangaceiro conhecido por Labareda.
Quando o mesmo está a prosear com o chefe mor, Piroca o reconhece e tenta falar
alto para que ele o olhe e, quem sabe, o reconheça.
Ângelo
Roque - o cangaceiro "Labareda", chefe de subgrupo de cangaceiros do
bando de Lampião.
Parece que
Pedro, o preso dos cangaceiros, estava adivinhando que o chefe de subgrupo o
reconheceria. Labareda se chega pra perto do prisioneiro e pergunta quem ele é.
Imediatamente ele diz ser filho de Pedro Caçote.
“- Fiu de Pêdo
Caçote?”
“- Sim, sou o Pedro Piroca!”
“- Intão mim mostre a marca da bala!” (Ob. Ct.)
Quando do
embate entre a família de Ângelo e os posseiros, o mesmo não havia participado,
porém sabia o que havia se passado e, sabia também, do ferimento que o filho de
Pedro Caçote tinha sofrido. Imediatamente, o prisioneiro mostra a cicatriz do
ferimento causado pelo projétil de arma de fogo. Assim, Labareda tem a certeza
de quem se trata.
Subgrupo
de cangaceiros comandado por Labareda, Ângelo Roque. captura realizada quando o
bando já havia se entregado.
Labareda chama
Lampião para um canto e conta-lhe o que se passou com ele, como ele foi um
valente defendendo o que pertencia a seus familiares. Diante da intervenção de
Labareda, Pedro Piroca, filho de Pedro Caçote, é liberado e imediatamente
retorna para seu lar, sua casa, e sua família no Rio do Sal... Nas quebradas do
sertão baiano.
Fonte Ob. Ct.
Foto Ob. Ct.
BenjaminAbrahão
cangaçonabahia.com
Foto Ob. Ct.
BenjaminAbrahão
cangaçonabahia.com
PS// FOTO DO
BANDO DE LAMPIÃO COLORIZADA, DIGITALMENTE, PELO AMIGO, PROFESSOR Rubens Antonio
Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: Ofício das Espingardas
Link: https://www.facebook.com/groups/545584095605711/permalink/762957940534991/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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