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quinta-feira, 23 de março de 2017

MOBY DICK EM CORDEL

Por Prof. Stélio Torquato Lima 
Prof. Stélio Torquato Lima e o filho Davi

Para desmistificar a ideia que cordel é somente Sertão, cangaceiro ou vaqueiro, a Cordelaria Flor da Serra publica uma aventura no mar. Moby Dick em cordel é de autoria do poeta Stélio Torquato, com ilustração de Cayman Moreira e é um folheto integrante da coleção Obras Primas em Cordel. Têm 173 estrofes de sete linhas, distribuídas em 44 páginas.

Moby Dick foi originalmente publicado em três fascículos em Londres, em 1851. No mesmo ano, a obra saiu em edição integral em Nova York. O romance foi inspirado em um fato verídico: o naufrágio do navio Essex, comandado pelo capitão George Pollard, após a embarcação ser atingida por uma baleia. A história se abre com uma das frases mais célebres de todos os tempos (“Call me Ishmael”, ou seja, “Chame-me Ismael”), pois se volta para o jogo de máscaras presente no processo de narração. Apesar ser uma obra revolucionária para a época, com descrições minuciosas e realistas sobre a arte náutica e sobre a caça de baleias, não foi bem recebida pela crítica, contribuindo para o declínio da promissora carreira literária de Melville. Entre as numerosas versões (ou alusões) à obra, cabe destacar o filme britânico de 1956, dirigido por John Huston, com Gregory Peck no papel do atormentado Capitão Ahab, e com uma antológica participação de Orson Welles, interpretando um pastor protestante. 

O autor, Herman Melville nasceu em 1819, em Nova York, onde também faleceu, em 1891. Após a morte do pai, em 1832, teve de ajudar a manter a mãe os sete irmãos, vindo a trabalhar como bancário, professor e agricultor. Em 1839, embarcou como ajudante no navio mercante St. Lawrence, com destino a Liverpool e, em 1841, no baleeiro Acushnet, a bordo do qual percorreu quase todo o Pacífico. Quando a embarcação chegou às ilhas Marquesas, na Polinésia francesa, Melville decidiu abandoná-la para viver junto aos nativos por algumas semanas, experiência depois narrada no livro Typee, de 1846. Após uma série de incidentes vividos como caçador de baleias, passou a se dedicar integramente à carreira literária. Em 1850, conheceu o também escritor Nathaniel Hawthorne, a quem dedicou Moby Dick, publicado em Londres, em 1851. O fracasso de vendas de Moby Dick e de Pierre, de 1852, fez com sua carreira literária começasse a declinar, até o autor ficar inteiramente esquecido. Entre suas obras, merecem destaque: Typee (1846), Omoo (1847), White-Jacket (1850), Moby-Dick, a baleia branca (1851), Ilha da Cruz (1853) e Billy Budd (1924


A seguir leia os versos iniciais da adaptação de Stélio. Para ler a obra completa faça seu pedido pelo Email cordelariaflordaserra@gmail.com ou pelo WhatsApp (085) 999569091. Entregamos pelo Correio.


Trate-me por Ismael,
Meu prezado companheiro.
E saiba que há muito tempo,
Achando-me sem dinheiro,
Eu decidi navegar
E afoitamente cruzar
Os mares do mundo inteiro.

Quando o tédio me domina,
Tornando vazia a vida,
Quando eu venho a ser tomado
Por uma fúria desmedida,
Quando um novembro cinzento
E úmido traz-me tormento,
O mar é minha saída.

Pois há na água um encanto
Difícil de se explicar.
Esta leva o ser humano
Pra dentro de si olhar.
Negro, amarelo, vermelho...
Não importa: ela é um espelho
Que leva o homem a se achar.

Com essa ideia na mente,
Por uma semana inteira
Eu viajei pra New Bedford,
A cidade baleeira.
Num navio ingressaria
E baleias caçaria:
Eis minha meta primeira.

Antes a caça à baleia,
Chamada baleação,
Era bastante rentável,
Pois muito produto então
Do animal era tirado,
Incluindo um óleo usado
Para a iluminação.

Tendo isso na cabeça,
Em New Bedford eu cheguei,
A tempestade caía
Quando em um bar eu entrei.
Marujos mal-encarados
Me olharam desconfiados
Quando ali eu ingressei.

Sem ligar para os sujeitos,
Ao balcão me dirigi.
Logo pedi uma bebida,
Que bem depressa bebi.
Estava muito encharcado,
Com o corpo todo molhado,
E, ao beber, eu me aqueci.

O atendente perguntou
Se de um quarto eu precisava.
Como eu disse que queria,
Ele logo me informava
Que eu dividiria então
Com o homem do arpão
A cama que eu alugava.

“Você vai caçar baleias?”
– Vem ele a me perguntar.
“É a minha intenção!”
– Não demorei a falar.
O atendente, então, me informa:
“De permissão, dessa forma,
Você vai necessitar.”

“Permissão?” – Eu retruquei,
Surpreso e bem curioso.
Foi quando, juntinho a mim,
Um sujeito musculoso
Me disse: “Se é forasteiro,
Pegue a permissão primeiro.
Seja nisso cuidadoso.”

“Quem dá essa permissão?”
– Perguntei meio sem jeito.
“Quem nasce em New Bedford,
Como eu” – Disse o sujeito.
“Porque nossa é a baleia
E o mar onde ela vagueia.
Não acha que isso é direito?”

Como falei que era justa
Aquela ponderação,
O sujeito forte disse
Que eu ganhara a permissão.
Todos os que ali estavam
Prontamente me saudavam,
Tendo seu copo na mão.

Minha alegria era grande,
Porém logo foi quebrada
Quando vi uma ilustração
Na parede pendurada.
Nela, um cetáceo bravio
Destruía um navio
Com uma forte cabeçada.

“As baleias são capazes 
De tal destroço fazer?”
Respondendo essa pergunta,
O fortão veio a dizer:
“Elas podem, meu rapaz,
Fazer isso e muito mais,
Pois têm um enorme poder.”

“Se uma baleia salta,
Logo um maremoto vemos.
E se cair sobre alguém,
O tal vai direto aos demos.
Se um navio destruir
E os marujos engolir,
Limpa os dentes com os remos.”


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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