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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

MAIS UM BELO MATERIAL DO PESQUISADOR CHARLES GARRIDO


Prezados, saudações.

É sempre uma enorme satisfação estar ao lado dos nossos queridos leitores, solicitando aos mesmos que continuem prestigiando as publicações dos colegas que aqui expõem seus respectivos trabalhos.

Analisaremos as imagens, após à leitura.

Hoje, trago a vocês, mais um relato do ex-cangaceiro "Vinte e Cinco". Leiamos atentamente o episódio narrado por ele:

"Houve um tiroteio muito grande e, nesse dia, o grupo não estava completo, pois o Capitão, às vezes, dividia "os meninos" para fazerem pequenas diligências. Nessa ocasião eu estava com ele, éramos sete ou oito, não me lembro muito bem o número exato. 

Aparentemente, estava tudo tranquilo. Mas, como sempre, os "macacos" não davam trégua, fomos surpreendidos, o chão estremeceu, foi bala pra todo lado. Porém, não deu pra saber qual era a volante, pois tratamos logo de fugir.

Caminhamos a tarde inteira no mato, mas eles não desistiram, e vieram seguindo nosso rastro.

Lampião, devido ao tiro que havia levado no pé, anos atrás, sempre que caminhava demais, começava a reclamar de dores, foi quando ele viu que havíamos saído do perigo, pelo menos por enquanto, parou o grupo e falou:

- Sei que hoje vou morrer. Tô aqui no meio do mato com esses "meninos", sem reta-guarda, a munição vai acabar, e dessa vez, eu sei que não escapo.

Ele disse isso, talvez, porque Luiz Pedro, não estava junto da gente. Ele tinha perdido a mulher há poucos dias, e Lampião preferiu deixá-lo mais resguardado.


Em certa parte o Capitão tinha razão, naquele momento eu era o mais velho dos "meninos", mas havia três anos que estava no cangaço e, já tinha dado tempo de adquirir uma certa experiência. E quando eu ouvi aquilo da boca de Lampião, me doeu. Foi então quando eu respondi:

- Pois agora eu vou mostrar pro senhor; que menino também briga.

- Cuidado, os macacos estão vindo no rastro. (Lampião)

- Não se preocupe, o senhor não ta podendo caminhar. Fique aqui com dois homens lhe dando cobertura, que a gente vai montar uma emboscada.

E assim a gente fez, deixamos ele num local seguro e fomos esperar os "macacos". Eu reuni rapidamente os outros que estavam comigo, e disse:

- Ninguém atira antes de mim.

Ficamos escondidos atrás das árvores. Não se dava um "pio".

Nessa hora, era só tensão, a gente sabia que eles estavam se aproximando.

Tudo em silêncio, calmo... foi quando de repente, ouvimos o barulho das "pisadas" deles. Eram naquelas horas que o coração disparava sem querer, e só faltava sair pela boca.

Foi quando avistamos os "macacos" nitidamente. Eram seis ou sete. Mas não dava tempo de pensar em muita coisa. 

Tinha um rastejador na frente, olhando sempre para baixo, atrás de nosso rastro, enquanto que os outros seguiam logo atrás dando cobertura. Era eles vindo, e eu na mira... eles vindo, e eu na mira..., se aproximando, vinte, quinze, dez metros... e aí foi quando eu:
Táaaaaaaaaaaaaaaa...mandei bala!

Nesse momento, os outros cangaceiros começaram a atirar sem parar. Foi papôco por todo canto, e tome bala. Mas por incrível que pareça, eles não resistiram. Talvez acharam que o nosso grupo era numeroso, por isso preferiram partir em retirada, já que eram poucos na ocasião. 

O combate foi rápido. Não demorou muito.

O rastejador morreu. Ele hoje deve estar procurando o rastro do Satanás, lá no inferno.

Cheguei perto dele, peguei o fuzil, o punhal, e dentro do bornal tinha um caderno cheio de letras... achei aquilo bonito, pois eu não sabia ler.

Pegamos tudo aquilo que podíamos, e fomos ao encontro do Capitão.

Quando chegamos até ele, eu falei:

- O senhor disse que hoje ia morrer, porque não confiava nos meninos. Mas tá aqui o resultado do "gado" . O fuzil é meu, o resto pode ficar.

Lampião disse:

- Eu ouvi os tiros, mas pelo tanto de bala, pensei que não tinha sobrado um cristão. E isso é pra macacada ver, que comigo e com minha gente, ninguém tira fiança".

Vamos à análise das imagens, por gentileza:

1 - Vinte e Cinco é o que está sentado ao centro, usando óculos escuros.

2 - Ele e eu, em sua residência, em Maceió, no ano de 2006.

Meus amigos, a vocês, o meu carinho e respeito de sempre.

Charles Garrido.
Pesquisador.
Fortaleza-CE.

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