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terça-feira, 20 de março de 2018

MARTELO DA CULTURA

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de março de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica/poesia 1861 (Resumo)

Meu roçado não é tão diferente
Do barreiro do pote do caneco
Da foice do machado do xadeco
Da maniva do tronco da semente
Do chocalho malvado da serpente
Do boi do vaqueiro do gibão
É o livro a caneta o livião
A comadre que reza e faz a cura
Como posso falar da Agricultura
Se a Cultura é a roça do meu pão

No roçado tem casa de farinha
Casebre chamado pau a pique
O engenho colado ao alambique
O feitiço do Sol de tardezinha
Os quitutes cheirando na cozinha
Um cavalo ruim feio e chotão
O cachorro se coça no pilão
A morena ao vaqueiro ainda jura
Como posso falar da Agricultura
Se a Cultura é a roça do meu pão

O alarme do galo no paiol
Um caboclo valente e atrevido
Dão romance rural abastecido
Como a luz matutina é um farol
Poetisa mastiga o arrebol
É teatro novela de paixão
Escritores só bebem no Sertão
Da fonte literária bela e pura
Como posso falar da Agricultura                                    
Se Cultura é a roça do meu pão

Uma dona fazendo uma intriga
O pescoço comprido do socó
A cadela no rastro do mocó
Uma arenga uma foice e uma briga
O teiú por dentro da urtiga
A memória de Cosme e Damião
As voltas da onça no grotão
O menino pegando tanajura
Como posso falar da Agricultura
Se a Cultura é a roça do meu pão

A cultura se faz com marmeleiro
Alecrim quixabeira grão de bico              
Imburana folhagem de angico
Espinheira miolo de facheiro
Sacatinga bom nome cajueiro
Mulungu mororó salsa e pinhão
Goiabeira andu federação
Óleo de mamona e rapadura
Como posso falar da Agricultura
Se a Cultura é roça do meu pão


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