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quinta-feira, 17 de maio de 2018

A MORTE DO VALENTE CANGACEIRO ANTONIO ROSA IRMÃO ADOTIVO DOS FERREIRAS

Por José Mendes Pereira

Não encontrei informação se foram os pais ou não que deixaram ou abandonaram o garoto Antonio Rosa Ventura na casa de José Ferreira da Silva, que era pai de Virgolino Ferreira da Silva o sanguinário e perverso Lampião. Colhi apenas que fora deixado por retirantes que vinham do Estado de Alagoas, que com fé, procuravam receber a bênção do Padre Cícero Romão Batista, lá em Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, talvez na esperança de uma vida melhor.

Podemos imaginar algumas hipóteses do menino Antonio Rosa ter ficado com a família Ferreira. 

Mas lembrando ao leitor que estas hipóteses fazem parte do meu pensamento, e não estão registradas em nada que escreveram sobre o cangaceiro Antonio Rosa na literatura lampiônica.

Primeira hipótese: Possivelmente não aguentou a caminhada, mesmo que tenha sido montado em animais, não estava com condições de seguir viagem;

Segunda hipótese: Talvez não estava se sentindo bem e foi obrigado a não seguir viagem com os seus pais ou com pessoas que naquele dia eram responsáveis por ele;

Terceira hipótese: Devido o tempo que tenha permanecido na casa dos Ferreiras talvez tenha brincado com algumas crianças, e ali, pediu aos seus encarregados para ficar com a família de José Ferreira da Siva.

O menino cresceu no meio daquela família como se o seu sangue fosse dela, e após o conflito dos Ferreiras com Zé Saturnino e os Nogueiras o Antonio Rosa Ventura decidiu tomar as mesmas dores juntando-se a Virgolino Ferreira, Livino Ferreira e Antonio Ferreira. E com o passar dos tempos, posteriormente, ele assumiu por completo a bandidagem acompanhando os três irmãos no cangaço.


No início do ano de 1924 Antonio Rosa Ventura entrou no povoado de “São João do Barro Vermelho”, e através de conversa com um cidadão que tinha como nome "Constantino", este que era dono de uma bela arma, que para sua infelicidade, o Antonio Rosa Ventura desejou possuí-la. Mas o Constantino não tinha interesse de desfazer daquela arma, e mais tarde, com interesse de ficar com ela, Antonio Rosa assassinou o Constantino. Ciente da morte que fizera Antonio Rosa deu no pé em busca de abrigo no Estado da Paraíba, e lá, novamente como antes, juntou-se aos irmãos Livino Ferreira e Lampião.

O certo é que, corria um boato em boca miúda que a população de “São João do Barro Vermelho” bem armada, aguardava um dia o rei do cangaço entrar na localidade em visitas a amigos do vilarejo, inclusive sua comadre dona Especiosa, seria atacado pelos parentes do morto. Mas o rei Lampião que sabia muito bem conquistar amigos, tomou logo conhecimento, que a família do Constantino estava querendo se vingar de Antonio Rosa Ventura, pela morte do seu parente.


Mas como em todo lugar sempre tem gente que está ali para cochichar o que ouve, uma pessoa chamada de “Afonso Gomes”, procurou um primo de Lampião, na “Vila de São Francisco, o Basto Paulo Barbosa, e os dois rumaram ao sertão paraibano, para se encontrarem com o rei Lampião, e lá, ouviram dele o seguinte:

- Que negócio é esse? Vocês estão se armando para me matar e vem aqui onde estou?

O Afonso Gomes retrucou, dizendo-lhe:

- Quem está se armando é a família de “Constantino” para matar Antonio Rosa Ventura, em vingança pela sua morte.

Lampião é o primeiro da esquerda. Livino é o que está atrás de Lampião;

Ao ouvir o diálogo, Livino Ferreira da Silva que estava em companhia de Lampião afastou-se um pouco dali, e conversou com os dois, isto é, com Afonso Gomes e o Basto Paulo Barbosa, tendo dito o seguinte:

- Diga a família do finado que por dez mil réis nunca mais Antonio Rosa Ventura bota os pés por lá.

Dias depois, o grupo de cangaceiro chegou ao Estado de Pernambuco, e vai direto para a região da “Serra Vermelha”, na fazenda “Situação”, que pertencia a um senhor de nome Francisco Baião.

À noite vinha chegando, e o cangaceiro Antonio Rosa Ventura foi em busca de um lugar para se deitar. E ali mesmo, na varanda da casa, levou o punho da rede para colocar no armador. Livino Ferreira da Silva e um dos cabras chamado Enéas, por uma janela que dava acesso à varanda da casa, apertaram os gatilhos das suas armas, banhando de munições as costas do velho parceiro e irmão de criação dos Ferreiras, porque fora criado pelos pais de Lampião. Antonio Rosa Ventura caiu sobre o chão sem soltar um só gemido.

No dia seguinte, pela manhã, o valente cangaceiro Antonio Rosa Ventura foi sepultado pela vizinhança, a umas vinte braças de distância da casa em que morrera.

Antonio Rosa Ventura morreu no dia 08 de julho de 1924.

Fonte de pesquisa:

"Lampião, nem herói nem bandido - a história ", pgs 72/74, do pesquisador Anildomá Willians de Sousa.


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