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terça-feira, 5 de junho de 2018

LAMPIÃO O PARTEIRO

Por Verluce Ferraz

Essa vontade de ver sangue pode estar relacionada ao ciclo menstrual das mulheres. Virgulino pode ter observado na mãe e avó os seus períodos menstruais e também presenciado sua avó fazer partos – Jacosa Vieira do Nascimento, uma parteira. Um sangramento normal ou um parto por ele presenciado, podem haver lhe causado horror, mas também prazer, trazendo desejos e aversão; desejos de ser igual à avó, aversão ao sangue. Na vida adulta o cangaceiro irá cometer assassinatos sangrentos como forma de reproduzir aquelas imagens retidas na mente. Os partos são sempre vistos como algo muito doloroso e até mesmo as mulheres temem a sua hora; ainda mais naquela época as mulheres morriam muito de parto. Assim ele se mantém afastado de figura feminina - (passou a maior parte de sua vida sem uma companheira, e aos 32 anos de idade é que permitiu que a Maria de Déia o acompanhasse). 


Os crimes perpetrados por Lampião eram, preferencialmente, sangrentos; e vão lhe causar sentimentos dor/prazer. O cangaceiro Lampião não hesitará em reproduzir o que estava retido na sua mente; nas atitudes e comportamento futuros. Há de imitar a avó na profissão de parteira e dedicar à mesma as suas atividades amorosas, assim compõe sua maior obra romanesca ‘Mulé rendeira’, nos versos pede o ensine “a fazer renda e em troca será seu namorado”. Depois que permitiu que a Maria de Déia o acompanhasse, Lampião foi o parteiro de todas as mulheres dos grupos cangaceiros. 


Não gostava de crianças; há relatos que ele quis matar a própria filha Expedita e, só não o fez porque a sua companheira não permitiu. Irritava-se com choro de criança, dizia que criança berrava feito cabrito. O infanticídio simbólico seria alívio para o cangaceiro; em sua mente criança causava morte; assim preferia que morressem. Tudo isso simbolizado, mostra também que nas suas roupas coloridas e enfeitadas o cangaceiro contém representação do feminino. Houve momentos de indecisão entre 'ser mulher é algo bom; ser mulher não é bom. No tempo dos imperadores romanos Men e Atis se fundiram numa só divindade. Atis usa o píleo, assim como Men, Mitra e os Dadófaros. Como filho e amante de sua mãe, ele traz o problema do incesto (cf. fl. 189 - Símbolos da transformação, de C.G.Jung). 

As fotos abaixo são do cangaceiro, sua avó Jacosa (parteira) e da casa onde nasceu o Lampião.

"A expressão infanticídio, do latim infanticidium sempre teve no decorrer da história, o significado de morte de criança, especialmente no recém-nascido. Antigamente referia-se a matança indiscriminada de crianças nos primeiros anos de vida, mas para o Direito brasileiro moderno, este crime somente se configura se a mulher, quando cometeu o crime, estava sob a influência do estado puerperal, i.e., logo após o parto ou mesmo depois de alguns dias.


No Império Romano e também em algumas tribos bárbaras a prática do infanticídio era aceita para regular a oferta de comida à população. Eliminando-se crianças, diminuía-se a população e gerava um pseudo controle administrativo por parte dos governantes.

Na atualidade, a China é um país onde há elevado índice de infanticídio feminino. Neste país é prática comum cometer aborto quando o bebê é uma menina, o que gerou um desequilíbrio entre os sexos na população do país." 

Da fonte:Wikipédia.

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