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domingo, 30 de dezembro de 2018

MISTÉRIOS DE ANGICO - QUEM ERA O CANGACEIRO “NÃO CONHECIDO” – PARTE 2.

Por Luiz Ruben (*)

Ainda nos documentos citados no artigo anterior, na continuação das minhas pesquisas para meu mais recente livro “O Fim do Cangaço: As Entregas, encontrei mais um documento que talvez esclareça o nome de guerra do cangaceiro "Luiz de Thereza" desta vez no Jornal Gazeta de Alagoas em 1º de novembro de 1938, numa entrevista com o cangaceiro "Cobra Verde".

Segue a transcrição de parte do jornal com a entrevista de Cobra Verde e em anexo o fac-símile do citado jornal, uma foto do cangaceiro Cobra Verde e algumas observações sobre o fato.

Transcrição parcial do Jornal Gazeta de Alagoas, 1 de novembro de 1938.


Fala-nos Cobra Verde

Como se sabe três dos sete bandidos capturados em Poço Redondo, os denominados, Vila Nova, Santa Cruz e Cobra Verde achavam-se com Lampião no valhacouto de Angico, quando as forças comandadas pelo 1º tenente, hoje capitão João Bezerra os atacou.


Cobra Verde saía muito cedo pra comprar leite numa vacaria cita em Cajueiro, distante meia légua de Angico. De volta, ouviu os tiros e desconfiou do que acontecia. Então se aproximou cauteloso, subindo a uma elevação, de onde viu, ao longe, o combate. Não quis mais saber de nada e abalou no mundo.


Os bandidos que se encontravam em Angico. 

Foi Cobra Verde que nos forneceu a relação completa dos celerados que se achavam em Angico, no momento da refrega, ao todo 42 homens e 7 mulheres. Lá estavam Lampeão e os seus sequazes habituais, que nunca dele se afastavam, Quinta-Feira, Elétrico, Laranjeira, Candeeiro, Alecrim, Vila Nova, Quixabeira, Chá Preto e um Menino, sobrinho de Lampeão, de 16 anos.

Estavam também os seguintes grupos:

- O de Luiz Pedro constituído por Moeda, Vinte e Cinco, Cobra Verde, Amoroso, Cruzeiro e Azulão;

- O de José Sereno, formado por Cajazeira, Marinheiro, Pernambucano e Ponto Fino;

- O de Balão por Bom Deveras, Mergulhão, Macela e Besouro;

- O de Criança por Santa Cruz, Colchete, Cuidado;

- O de Jurity, por Penedo, Borboleta e Mangueira;

- O de Diferente por Velvel e Beija-Flor;

E mais: Zabelê, Lavandeira, Pitombeira e Delicado, que costumavam andar sós. As mulheres eram Maria Bonita, amante de Lampeão, Enedina, de Cajazeira, Maria, de Jurity, Bastiana de Moita Braba, Sila, de José Sereno, Dulce, de Criança e Dina, de Delicado.
Observações:

O único cangaceiro relacionado por Cobra Verde que nos parece novidade é o Velvel, (escrito dessa forma no jornal). Este cangaceiro nunca foi mencionado em outras fontes, por isso, me parece plausível que o Luiz de Thereza, divulgado na matéria do Jornal de Alagoas do dia 9 de novembro de 1938 com a manchete: Quem era o bandido que não foi identificado no sucesso de Angico, compartilhado por mim a todos os pesquisadores, possa ser esse cangaceiro aqui relacionado por Cobra Verde.

Alerto que a lista dos grupos feita por Cobra Verde pode gerar algumas divergências aos pesquisadores mais atentos.

Cobra Verde diferente de outros cangaceiros sobreviventes a Angico e que vieram a declarar décadas depois, com divergências, os cangaceiros participantes do evento, não conseguiram fazer uma listagem numerosa. Cobra verde, entretanto, dá essa declaração onde relaciona um maior número de cangaceiros, apenas três meses depois dos fatos de Angico, que culmina com a morte de Lampeão.

Maurício Ettinger identificou o “Não Conhecido” (assim denominado na lista de identificação das cabeças dos cangaceiros na foto da escadaria de Piranhas), como sendo Luiz de Thereza.

Será o Velvel o nome de guerra de Luiz de Thereza? Fica aí uma pista, para ser ou não confirmada!

Espero que ao compartilhar essas “descobertas” esteja contribuindo para o fim de mais um mistério na história do cangaço.

Saudações cangaceiras
Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista, Turismólogo, Pesquisador de Cangaço e Ferrovias.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Cobra%20Verde

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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