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quarta-feira, 12 de junho de 2019

PROCURANDO GAMELA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.123

Foi a danada da gamela que me veio à cabeça para certa ornamentação.  Mas aí a gente esbarra e pergunta aos mais novos e aos mais velhos: você sabe o que é gamela? Será que ainda existe? Onde encontrar? Dizem que sim, gamela ainda existe e pode ser encontrada na feira livre de Santana e de todo o sertão. Mas, será que o leitor conhece a gamela original. Gamela, vasilha de madeira de vários tamanhos, em forma de alguidar ou quadrilonga para dar de comer aos porcos, para banhos, lavagens e outros fins, diz o velho dicionário. A gamela também pode ser de barro, mas estamos no referindo a de madeira. É feita artesanalmente da gameleira, árvore da família das moráceas, do gênero Ficus muito usada para confecção de objetos domésticos.

GAMELA. (FOTO: MOZART MELO).

A gamela é leve igual ao mulungu, amarelada e bastante versátil. Antes do advento do plástico, era muito usada para lavar os pés ou para conduzir comida aos porcos. Para outras várias tarefas domésticas era indispensável, notadamente na cozinha. A rapidez com que surgiram inúmeros objetos industrializados, fez com que a gamela quase desaparecesse, como a bucha de lavar pratos, encontradas nas cercas de arame farpado. Ê comadre, para não passar vergonha é melhor indagar.  E por falar em gamela, gameleira, versos de estrofes do saudoso cantador Jacinto Silva:

“O gameleira
Se tu fulorou
Manda teu perfume
Para o nosso amor...”.

Resolvi o caso da ornamentação de outra maneira e nem procurei a gamela no aglomerado do lugar. Pergunta-se também ainda se fabrica chapéu, abano e esteira de palha? E colher de pau, pilão de tempero, grelha de arame? Assim, para o homem moderno e a mulher atual, pesquisar nas feiras do sertão não deixa de ser uma aventura de arqueologia. Em havendo procura haverá artesãos para todos os gostos, porque a criatividade é coisa da natureza. Muitos objetos interessantes estão espalhados pelas feiras de Pão de Açúcar, São José da Tapera, Palestina, Santana do Ipanema e outras do sertão de Alagoas.
É prazeroso, pesquisar nas feiras livres.
                         

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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