Por Raul Meneleu
Na visita que fizemos em comitiva Cariri Cangaço encontramos o local totalmente abandonado e com a cruz original deteriorada como pode ser vista nesse documentário. Segundo os autores do livro As Cruzes do Cangaço, Senhores Cristiano Ferraz e Marcos de Carmelita, os restos mortais nunca foram exumados.
No livro, encontramos registrados os que foram mortos no fogo da Favela. Os seguintes soldados que perderam suas vidas nesse combate foram: "Antônio Freire Panta e Gaudêncio Pereira da Silva, ambos do 2° Batalhão, Francisco Pereira, João Gregório Neto, Agripe Lopes dos Santos e Cícero Petronilo da Silva, do 3° Batalhão, sendo ainda feridos, desse mesmo grupamento, Francisco Barbosa do Nascimento, José Machado de Barros, Cypriano Leite da Silva, José Berrardes e Waldemar Barbosa da Silva, todos pertencentes às volantes sediadas em Villa Bela. Manoel Neto retornou rapidamente para a cidade de Floresta e foi à procura do Comandante da Volante sediada naquele município, o Capitão Antônio Muniz de Farias, comunicando todo o acontecido e trazendo ao conhecimento do superior a estadia de Lampião naquela propriedade. Os militares conduziram os feridos para serem tratados em Floresta e deixaram os corpos dos mortos nas mãos dos terríveis facínoras. Os criminosos fizeram toda espécie de crueldade com os defuntos. Sangraram, degolaram, esfacelaram crânios, furaram os olhos com cápsulas das balas e depois colocaram espalhados para todos os lados. Após o combate, Manoel Novaes foi buscar um burro e entregou a um agregado da fazenda, que viajou a cidade de Floresta para comunicar o acontecido ao Tenente Antônio Novaes, e a exigência de um conto e quinhentos mil réis de Lampião, sendo entregue o referido valor ao portador. Antes de sair da Favela, satisfeito com a soma recebida, Lampião falou aos moradores que se acaso a Volante perguntasse sobre a direção que ele tinha seguido, era para mostrar o caminho da fazenda Água Branca do Major Tiburtino. Manoel Novaes e alguns agregados abriram uma cova e enterraram num só lugar cinco soldados e em outros três locais distintos, mais um militar, o guia e um cangaceiro. Muniz de Farias reuniu um grupo de soldados e, junto a Manoel Neto, vieram ao local do combate, no outro dia, quando os bandoleiros já haviam se retirado. O Capitão Muniz indagou em tom áspero os familiares do Tenente Antônio Novaes e os moradores: - Cadê os bandidos? Pra onde é que os cangaceiros foram?
Antônio Muniz estava muito nervoso e falava quase gritando, no entanto "não incendiou nenhuma cerca e muito menos as casas da Favela", como alguns escritores registraram em seus livros. As pessoas presentes indicaram ao comandante Farias o rumo de Lampião, seguindo para a fazenda Água Branca. Corisco, após presenciar as barbáries cometidas pelos companheiros contra os militares mortos, ficou impressionado ante tamanha carnificina e saiu do bando no mês de dezembro desse mesmo ano de 1926. Corisco comunicou a Lampião que iria tentar a sorte, buscando trabalho em terras baianas, tendo integrado o bando sinistro por cerca de quatro meses. Retornou, contudo, no ano de 1928, quando Lampião atravessou para a Bahia, tendo sido e fogo da Favela em Floresta, a escola macabra que lhe ensinou como tratar os inimigos. Do outro lado do Rio São Francisco ele transformou-se num verdadeiro demônio, e ficou conhecido também por: "Diabo Loiro". Matava, sangrava, decapitava, além de ter raptado com apenas 13 anos e estuprado, a menina Sérgia Ribeiro da Silva. a Sussuarana, e transformá-la na cangaceira "Dadá", sua eterna companheira e fiel escudeira. "
Base do texto: AS CRUZES DO CANGAÇO
Foto dos dois atores em trajes de cangaceiro: Cristiano Ferraz
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