Por José Mendes Pereira
Benjamim
Abraão Botto (Zahlé, Líbano.
Nasceu no ano
de 1890 e foi assassinado no dia 10 de maio de 1938, na cidade de Serra
Talhada, no Estado de Pernambuco, 2 meses e 18 dias antes da morte do seu
líder o Lampião.
Foi um
fotógrafo sírio-libanês-brasileiro que se dedicou a fazer registro
iconográfico do cangaço, principalmente do seu mais admirado líder, Virgulino Ferreira da Silva, conhecido no mundo do crime
por Lampião.
Com medo de
ser convocado pelo Império Otomano para lutar durante a primeira guerra mundial, Benjamim Abraão Botto tomou uma decisão no ano de 1915,
migrando-se para o Brasil, só assim ele se livraria da convocação
obrigatória para lutar em favor do seu país.
No Brasil,
Benjamim dedicou-se ao comércio com tecidos e miudezas, além de produtos
típicos nordestinos, iniciando pela capital Recife.
Posteriormente, atraído pela grande frequência de romeiros, foi
negociar em Juazeiro do Norte, levando consigo, dois burros nomeados de
"Assanhado e Buril" e um cavalo que ele o chamava de "Sultão".
Benjamim Abraão
Botto acertou de cheio por ter ido comercializar em Juazeiro do Norte no
Estado do Ceará, pois lá chegou a ser secretário do maior religioso do
nordeste, o Padre Cícero.
Em 1926, o
mais temido dos cangaceiros do Nordeste, o Lampião, fez uma visita a Juazeiro
(segundo relatos, havia sido convidado pelo Padre Cícero), a fim de
receber a bênção do célebre vigário, e a patente de capitão, para auxiliar na
perseguição da Coluna Prestes. A nomeação fora feita a mando do padre,
pelo funcionário federal Pedro de Albuquerque Uchoa. Esta ordem de
patentear Lampião a capitão, havia sido autorizada pelo deputado Floro
Bartolomeu, um dos grandes políticos na época, com ordem do próprio presidente
da república, Artur
Bernardes e que mesmo com todo poderio, a ordem da patente de Lampião não foi
considerada em alguns Estados do Nordeste. Decepcionado, Lampião jamais se
envolveu com a coluna Prestes.
Após a morte
de Padre Cícero Romão Batista Abraão solicitou do "Rei do Cangaço" permissão
para acompanhar o bando na caatinga e realizar as imagens que o
imortalizaram.
E para que
isso ocorresse com sucesso, Benjamim Abraão recebeu ajuda do cearense
Ademar Bezerra de Albuquerque, dono da ABAFILM, que, além de emprestar os
equipamentos, ensinou o fotógrafo seu uso. Por ao menos duas ocasiões esteve
junto ao bando de Lampião, realizando seu mister. Mas na ditadura Vargas
Abraão teve seus trabalhos apreendidos, que nele viu um antagonista do regime.
Guardada pela família de libaneses Elihimas, em Pernambuco, a película foi
analisada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), um órgão de
censura.
Benjamim
Abraão morreu esfaqueado, recebendo quarenta e duas facadas sem piedade,
e o crime jamais foi esclarecido, donde se especula ter sido
mais uma das mortes arquitetadas pelo sistema, como outras mortes
aconteceram no período da ditadura.
Blog do Dr.
Lima
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