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quarta-feira, 29 de abril de 2020

AS PILHÉRIAS DE SILVIO ROMERO


Por Zozimo Lima

Vocês que gostam de ler histórias engraçadas, vou contar uma que li, do escritor e acadêmico Medeiros e Albuquerque.

Só não conto história ou anedota, dando, assim, prova de que cheguei à idade de Matusalém, aos ignorantes, de vícios condenáveis pela moral, homossexuais e invertidos como muitos daqui, de Aracaju, que marcam encontro, para troca de amores, na estação velha da Leste Brasileiro.

Mas vamos narrar episódios do professor Silvio Romero, na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. É melhor ouvi-las e lê-las do que gastar tempo, de olhos pregados nas sandices de certo rabiscador desocupado e copiador cínico do que escreveram mestres do direito. E copiador péssimo e mal escrito. Felizmente ninguém lê para evitar neurastenia e vários distúrbios cerebrais.

Mas contava Silvio Romero, que era rigoroso e brincalhão, que, certo dia, em aula, perguntava a um aluno metido a sabichão, muito burro e pernóstico. — “O que é o Direito?”.

O rapazola, muito entusiasmado e boçalíssimo como o nosso desventurado rabiscador de erradíssimas crônicas jurídicas, empertigou-se, passou a mão pela cabeleira lustrosa a brilhantina fabricada na ilha de Itamaracá e respondeu: — “Mestre, o Direito é um círculo dentro do qual todos nós obramos”. E sentou-se, maravilhado com a sua descrição.

Silvio Romero soltou gostosa gargalhada e deu-lhe essa lição: — “Meu rapaz, eu lhe perguntei o que era Direito e não o que era uma latrina”.

Estrugiram as gargalhadas e o aluno, escabreado, pediu licença e deu o fora.

Certa vez chegaram às mãos de Silvio uma carta de certo bacharel, da mesma estirpe do atual. O mestre de direito leu a papelada e deu essa opinião lida aos colegas da congregação: — “Esse bacharel empregaria melhor o tempo se fosse pastor no engenho onde nasci, no município de Lagarto, minha terra”.

A série é muito grande e eu irei publicando aos poucos para delícia dos meus leitores, que cada dia mais aumenta, para curar o fígado com as suas gostosas gargalhadas.

Esperem que o tal bacharel acabe de rabiscar as suas ansiedades com o título de jurisprudência. Não sou bacharel, mas entendo um pouco de direito.

Não instalo escritório porque o número de asnáticos concorrentes é espantoso.

"Gazeta de Sergipe" – 19/10/72


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