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sexta-feira, 24 de julho de 2020

CEARÁ, O REFÚGIO SEGURO DE LAMPIAO



De todos os Estados nos quais esteve, o Ceará foi, de longe, o que menos sofreu com a violência imposta por Lampião. Ele dizia textualmente que preservava o território. O motivo principal era o padre Cícero. Além disso, tinha boas relações com políticos e a policia local não costumava importuná-lo. Possuía também importantes aliados. Diante dessa equação, praticamente não há registros de episódios de violência relevantes provocados por Virgulino no Estado.

Lampião visitou frequentemente o Estado quando procurava descanso ou a perseguição crescia em outros lugares. Em outubro de 1925, por exemplo, o bando foi visto em Mauriti, onde fizeram compras na feira e pagaram tudo que consumiram. Como as passagens eram pacíficas, é provável que tenha visitado o Ceará em muitas ocasiões sem que se tenha tido noticias, eram os episódios de violência que faziam com que circulassem as noticias de sua presença.

No ano seguinte, pouco antes do ataque a Mossoró, em maio de 1927, Lampião esteve de novo no Ceará. Foi em Aurora e, conforme noticiaram os jornais, teve encontro e tomou café com o chefe de policia. No mês seguinte, já ao deixar Limoeiro do Norte, Lampião tomava a direção de Aurora quando foi alvo de inesperada hostilidade de policiais cearenses. aparentemente, tomavam as dores do ataque à Mossoró, sobretudo pelo ataque ter ocorrido tão perto e em cidade tão ligada ao Estado. Os cangaceiros ficaram acuados e quase sem comida, mais conseguiram escapar, em episódio que rendeu duas criticas aos policiais cearenses e sérios questionamentos por parte das tropas de outros Estados.

Mesmo sem a repressão ter sido bem-sucedida, a inusual hostilidade em território cearense parece ter sido determinante para uma guinada na trajetória de Lampião, e dos sertões. Em agosto de 1928, numa canoa, Lampião cruzou o rio São Francisco. A região ao sul do rio se tornaria a base de suas operações dali em diante. O cangaço na Bahia conheceria nova era. E Lampião passou a ter como refúgio preferencial outro Estado, Sergipe, onde um dos seus protetores seria o médico e capitão do exército Eronildes de Carvalho, em meados de 1930, Eronildes tornou-se governador do Estado.

Paradoxalmente, Lampião veio a morrer justo em Sergipe, mais não pela polícia sergipana:

(Fonte, "o povoolline"", em 27-07-2018).


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