De todos os Estados nos quais
esteve, o Ceará foi, de longe, o que menos sofreu com a violência imposta por Lampião.
Ele dizia textualmente que preservava o território. O motivo principal era o
padre Cícero. Além disso, tinha boas relações com políticos e a policia local
não costumava importuná-lo. Possuía também importantes aliados. Diante dessa
equação, praticamente não há registros de episódios de violência relevantes
provocados por Virgulino no Estado.
Lampião visitou frequentemente o
Estado quando procurava descanso ou a perseguição crescia em outros lugares. Em
outubro de 1925, por exemplo, o bando foi visto em Mauriti, onde fizeram
compras na feira e pagaram tudo que consumiram. Como as passagens eram
pacíficas, é provável que tenha visitado o Ceará em muitas ocasiões sem que se
tenha tido noticias, eram os episódios de violência que faziam com que
circulassem as noticias de sua presença.
No ano seguinte, pouco antes do
ataque a Mossoró, em maio de 1927, Lampião esteve de novo no Ceará. Foi em Aurora
e, conforme noticiaram os jornais, teve encontro e tomou café com o chefe de
policia. No mês seguinte, já ao deixar Limoeiro do Norte, Lampião tomava a
direção de Aurora quando foi alvo de inesperada hostilidade de policiais cearenses.
aparentemente, tomavam as dores do ataque à Mossoró, sobretudo pelo ataque ter
ocorrido tão perto e em cidade tão ligada ao Estado. Os cangaceiros ficaram
acuados e quase sem comida, mais conseguiram escapar, em episódio que rendeu
duas criticas aos policiais cearenses e sérios questionamentos por parte das
tropas de outros Estados.
Mesmo sem a repressão ter sido
bem-sucedida, a inusual hostilidade em território cearense parece ter sido
determinante para uma guinada na trajetória de Lampião, e dos sertões. Em
agosto de 1928, numa canoa, Lampião cruzou o rio São Francisco. A região ao sul
do rio se tornaria a base de suas operações dali em diante. O cangaço na Bahia
conheceria nova era. E Lampião passou a ter como refúgio preferencial outro Estado,
Sergipe, onde um dos seus protetores seria o médico e capitão do exército
Eronildes de Carvalho, em meados de 1930, Eronildes tornou-se governador do Estado.
Paradoxalmente, Lampião veio a
morrer justo em Sergipe, mais não pela polícia sergipana:
(Fonte, "o povoolline"",
em 27-07-2018).
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